16-1-2007
Zacuto Lusitano
(1575 - 1642)
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Zacuto Lusitano, nasceu em Lisboa, em 1575, e, embora tenha vivido em Portugal a maior parte da sua vida (50 anos), é conhecido sobretudo pelo tempo em que viveu no estrangeiro (17 anos). Era descendente de uma família de judeus, e, tendo sido baptizado, era cristão-novo. Orgulhava-se dos seus ascendentes e, de facto, era trineto de Abraão Ben Samuel Zacuto (c. 1450- 1532), o astrónomo, autor do Almanaque Perpétuo e de outros livros. Diz também a tradição que Vasco da Gama se aconselhou com ele sobre os astros e as marés antes de partir para a Índia. Abraão Zacuto não escapou às perseguições anti-semitas, tendo de emigrar para Tunis e depois para a Turquia, onde morreu.
Através de depoimentos e denúncias no Tribunal da Inquisição, podemos concluir que o médico usou em Portugal o nome de Manuel Álvares de Távora.
Em Lisboa, estudou, como era habitual, latim, gramática e retórica, indo depois para Coimbra e a seguir para Salamanca estudar filosofia e medicina. Faleceu-lhe então seu pai e, por isso, mudou de faculdade para uma mais fácil e rápida, em Siguenza, a universidade onde se graduou o cura da aldeia natal de D. Quixote. A universidade era famosa por se incluir no dito: “Accipimus pecuniam et mittamus asinum in patriam suam”.
Doutorou-se com 21 anos em 1596 e foi para Coimbra praticar durante dois anos o exercício da Medicina, findos os quais teve de fazer o exame de habilitação perante o Físico-mor do reino. Foi então para Lisboa e lá presenciou e curou doentes na epidemia de peste de 1600 (Opera, 2.º vol. , pag. 871 do software).
Terá sido nessa altura que curou o Marquês de Ferreira, D. Francisco de Mello, que, depois da Restauração de 1640, ocupou o lugar de Conselheiro de Estado (Esta cura vem repetida duas vezes, no 1.º vol. a pags. 144 e no 2.º, a pags. 808 do software).
Em Lisboa tomou conhecimento das plantas medicinais que os médicos portugueses tinham trazido da Índia e do Brasil e de que fala nos seus livros, com relevo para o cachundé.
Em Lisboa também conviveu com outro célebre médico judeu, Manuel Bocarro Francês, que, regressado à prática judaica, adoptou o nome de Jacob Rosales. Conviveu também com um seu antigo mestre de Coimbra, Baltazar de Azevedo, agora Físico-mor do Reino (ver carta de 10-10-1634, a pags. 30 do software no 1.º vol.).
Diz ele na Praxis Historiarum, que, em Lisboa, as pessoas tinham vida curta, devido sobretudo ao clima e à frequência da tísica (Vol. I, págs. 1034 do software). Os médicos da época enviavam os tuberculosos para Palmela, onde o ar era mais seco e havia muitos pinheiros (2.º vol., pags. 427 do software).
Em 1625, receoso da Inquisição, Zacuto Lusitano foge para Espanha e depois para Amsterdão. Partiu com a mulher, 3 filhos e 2 filhas. Deixou em Lisboa a mãe viúva e 2 irmãos.
Fez-se circuncidar e adoptou o nome de Abraham Zacuto a que acrescia a referência à pátria de que apesar de tudo de orgulhava, com o adjectivo Lusitano. Diz ele:
Nam Hebræus sum, et peregrinus, qui deferens Lusitaniam, et dulcissimam patriam Olysipponem, crebrioribus ærumnarum, ætatisque longævæ procellis, huc illucque, Euripi modo agitatus, uberiores fructus edere non potui. (Vol. 1.º, pag. 1055)
Não foi fácil a sua vida. É impressionante o volume da sua obra escrita: as suas obras publicadas ao longo dos anos foram depois reunidas numa Opera Omnia de 2 volumes, com páginas a 2 colunas, o 1.º com 1086 páginas e o 2.º com 922, impressos em letra miúda. Deste modo, não podia ter muito tempo para praticar uma clínica rendosa. Aliás, nos seus livros, refere apenas duas viagens de recreio: uma a Leyde e outra a Utrecht.
Foi Zacuto Lusitano um homem muito inteligente, revelando-se nos seus livros bastante vaidoso. Ao mesmo tempo, era algo ingénuo, como se vê por ter dedicado (carta-dedicatória de 30 de Agosto de 1641) a Vicente Nogueira, então em Roma, o livro VII da De Medicorum principum historia, quando este já tinha sido condenado e preso pela Inquisição (1631-1633), como sodomita (hoje diríamos pedófilo) incorrigível, “a quem não escapavam pagens, nem moços de bordo, nem meninos de coro”, como escreveu o Dr. Pires de Lima na Gazeta dos Hospitaes do Porto (sendo, embora, um homem extremamente culto). A dedicatória desapareceu na edição seguinte.
A 21 de Janeiro de 1642, Zacuto Lusitano falecia em Amsterdão.
Opera
Em 1649, foram publicados em Lyon os dois volumes das obras reunidas de Zacuto Lusitano e é desses dois monumentais livros que vamos descrever a “geografia”.
Primeiro Volume:
Contém essencialmente a obra De medicorum principum historia libri sex. Começa com um Totius operis præfatio (pág. 8 do software), onde cita muitos médicos portugueses (pag. 11 e ss.). A seguir vem a bibliografia com o nome Operis auctores (pags. 20 a 26 do software) Depois as cartas encomiásticas dos amigos do autor (pags. 27 a 38). De pags. 39 a 42, alguns poemas laudatórios, entre os quais dois de Jacob (ou Tiago) Rosales e um de João Pinto Delgado.
A pags. 43, uma biografia do autor, pelo médico Luis de Lemos. Segue-se a lista dos autores citados e a pags. 54 o elenco das histórias de cada um dos capítulos (ou livros). A pags. 62, o índice das questões de cada livro e a pags. 70, o elenco das observações. A obra propriamente dita começa a pags. 71 do software:
Livro 1.º - 84 histórias – Dores de cabeça
Livro 2.º - 151 histórias – Doenças das partes vitais e naturais – aparelhos digestivo, respiratório, circulatório e urinário.
Livro 3.º - 48 histórias – Doenças dos órgãos genitais e dos membros inferiores
Livro 4.º - 55 histórias – Febres: espécies, diferenças, causas, sinais, prognóstico e tratamento.
Livro 5.º - 33 histórias - Venenos, doenças tóxicas e seus antídotos.
Livro 6.º - 19 histórias – Doenças diversas.
De notar que a 4.ª história do Livro 6.º (pags. 992 a 1017 do software), erradamente indicada como VI, contem o Spicilegium Anatomicum, um tratado abreviado de Anatomia, que foi devidamente comentado na separata do Prof. Luis de Pina, indicada na bibliografia.
O volume termina com uma exortação ao leitor na pag. 1055, seguindo-se um índice analítico.
Segundo Volume:
O 2.º volume contém basicamente duas obras: a Praxis historiarum que compreende 5 livros e a Praxis medica admiranda, que compreende 3.
Após a dedicatória, este volume insere um texto de Jacob (ou Tiago) Rosales (pags. 6 a 12) com o título Modus addiscendæ Medicinæ, uma homenagem mútua do autor do texto e do autor do livro.
Seguem-se as cartas encomiásticas (pags. 13 a 22) e os poemas (pags. 23 e 24). Depois a lista dos autores citados (pags. 25 e 26) e a divisão da Praxis Historiarum (pag. 27).
A pags. 28, uma sinopse do Introitus medici ad praxin, a pags. 29 e 30 um elenco das doenças mencionadas e depois o índice sistemáticos das questões (pags. 31 a 47) e ainda o índice das observações (pags. 48 a 51).
Vem então o Introitus medici ad praxin (pags. 52 a 123 do software), um pequeno tratado de deontologia médica, bastante menos desenvolvido que os de Rodrigo de Castro ou de Henrique Jorge Henriques.
Segue-se a Farmacopeia (pags. 124 a 186 do software), um tratado de Farmácia, baseado sobretudo nos trabalhos dos árabes.
Vem depois a Praxis historiarum (pags. 187 a 705), dividida nos 5 livros seguintes:
Livro 1.º - Doenças da cabeça
Livro 2.º - Doenças das vísceras, tórax e abdómen
Livro 3.º - Doenças das mulheres
Livro 4.º - Tratamento das febres
Livro 5.º - Cura dos sintomas das febres.
Segue-se uma oração (pag. 706) e um índice sistemático (pags. 707 a 752)
A seguir a Praxis medica admiranda, precedida de:
Pags. 756 e 757 – Prefácio do autor
Pags. 758 e 759 – Cartas encomiásticas de Estêvão Rodrigues de Castro e Gaspar dos Reis Franco
Pags. 760 e 761 – Poemas laudatórios
Pags. 762 a 764 – Lista dos autores citados
Pags. 765 e 766 – Elenco das doenças
Pag. 767- Advertência do autor
Pags. 768 a 913 – Praxis medica admiranda
Livro 1.º - Doenças da cabeça
Livro 2.º - Doenças das partes naturais, genitais e membros inferiores
Livro 3.º - Febres e outras doenças
Pag. 914 e 915– Exortação ao leitor
Pags. 916 a 921 – Índice das observações
Pag. 922 – Exortação aos enteados do autor.
Curiosidades
- Entre os frutos com qualidades curativas, Zacuto indica o coco da Molucas (1.º vol. pag. 848) e o maracujá do Brasil (também 1.º vol. pag. 848 e 2.º vol., pag. 868 do software).
- Do mesmo modo, exalta as virtudes do chocolate (2.º vol., pags. 809).
- Zacuto observou uma mulher que tinha a menstruação pelo dedo grande do pé esquerdo – 2.º vol. pag. 536 (software)
- O seu colega e amigo António Vander Linden mostrou-lhe uma pedra na vesícula com o peso de 32 onças (= 900 g.), que, sob a acção do fuzil, faiscava como se fosse de pederneira – vol. 2.º, pag. 825 (software).
- Como o meio terapêutico que mais recomenda é a sangria, Zacuto dá uma receita para fazer servir as saguessugas mais do que uma vez. Consiste em polvilhá-las com cinza de madeira, o que as faz vomitar o sangue e assim ficam aptas para sugar de novo – no volume 2.º, pag. 878 do software, Observação n.º LXIV.
- Zacuto elogia a famosa Anna Maria von Schürmann (1607 – 1678) no vol. I, pag 82 (software)
OBRA
Zacuti Lusitani,Medici et Philosophu Præstantissimi, Operum tomus primus, in quo ″De Medicorum principum historia″ libri sex ubi medicinales omnes historiae, de morbis internis quae passim apud principes medicos occurrunt, concinno ordine disponuntur, paraphrasi et commentariis illustrantur, necnon quaestionibus, dubiis et observationibus exquisitissimis exornantur. Editio postrema, a mendis purgatissima. Lugduni : sumptibus Joannis Antonii Huguetan, filii, et Marcii Antonii Ravaud, 1649, Cum privilegio Regis Christianissimi.
http://web2.bium.univ-paris5.fr/livanc/?cote=00342x01&do=chapitre
Zacuti Lusitani,Medici et Philosophu Præstantissimi, Operum tomus secundus, in quo ″Praxis historiarum″ ubi morborum omnium internorum curatio ad principum medicorum mentem explicatur, graviora dubia ventilantur ac resolvuntur, practicae denique observationes permultae suis locis insperguntur. Praemittitur ″Introitus medici ad praxin″, necnon ″Pharmacopoea elegantissima″. Accessit ″Praxis medica admiranda ab ipsomet autore non parum de novo locupleta: in qua Exempla rara, mirabilia, monstrosa, circa abditas morborum causas, signa, eventus atque curationes proponuntur.″ Lugduni : sumptibus Joannis Antonii Huguetan, filii, et Marcii Antonii Ravaud, 1649, Cum privilegio Regis Christianissimi.
http://web2.bium.univ-paris5.fr/livanc/?cote=00342x02&do=chapitre
TEXTOS CONSULTADOS
Bibliotheca lusitana historica, critica, e cronologica : na qual se comprehende a noticia dos authores portuguezes, e das obras, que compuserão desde o tempo da promulgação da Ley da Graça até ao tempo presente, por Diogo Barbosa Machado (1682-1772), 4 vols., 1741. Transcrito aqui.
Nicolau António, Bibliotheca Hispana noua : sive Hispanorum scriptorum qui ab anno MD ad MDCLXXXIV floruere notitia / auctore D. Nicolao Antonio ; tomus secundus, Madrid, Apud Joachimi de Ibarra., 1788. Online aqui (págs. 335 do software).
Eduardo Ricou, Zacuto Lusitano e João Curvo Semedo e duas figuras ilustres da medicina portuguesa do século XVII - 8 páginas n.º 127 – Jornal do Médico, de 23 de Setembro de 1989, pgs. 192-194
“ZACUTUS dit LUSITANUS ” (sic), in Biographie Médicale, par ordre chronologique d’après Daniel Leclerc, Éloy, etc. , revue et complétée par MM. Bayle et Thillaye, Tome premier, N.V. Boekhandel & Antiquariat, B.M. Israël, Amsterdam, 1967.
“ZACUTUS LUSITANUS (Abraham)”, in Dictionnaire Historique de la Médecine Ancienne et Moderne, par J.E. Dezeimeris, Tome Quatrième, Paris, Béchet Jeune et Labé, Libraires de la Faculté de Médecine, 1839.
Saul Jarcho, M.D., The Style of Zacutus Lusitanus and its Origins, in The Journal of the History of Medicine and Allied Sciences, Inc. Volume 44, 1989, ISSN 0022-5045, pages 291 to 295.
António José Saraiva, The Marrano Factory: the portuguese Inquisition and its New Christians 1536-1765, translated, revised and augmented by H.P. Salomon and I.S.D. Sassoon. - Leiden Boston Koln : Brill, 2001. - 402 p. : il. ; 24 cm. - ISBN 90-04-12080-7
Maximiano de Lemos (1860-1923), Zacuto Lusitano: a sua vida e a sua obra. Porto, Eduardo Tavares Martins, 1909, 398 pags.
Maximiano de Lemos (1860-1923), Zacuto Lusitano, a sua vida e a sua obra - apreciações da imprensa, Eduardo Tavares Martins, Porto, 1909, 23 pgs.
Des rapports de l'homme avec le démon: essai historique et philosophique, 1864, Gaume frères et J. Duprey
Traité du choléra-morbus considéré sous le rapport médical et administratif: ou, Recherches, 1832, Baillière, 407 pages.
J. Mendes dos Remédios, Os judeus portugueses em Amsterdam, Coimbra, F. França Amado, 1911, 218 págs.
“Zacuto, Abraão”, in Dicionário de História de Portugal - organ. Joel Justino Baptista Serrão, Lisboa, Iniciativas Editoriais. 1970.
“ZACUTUS LUSITANUS (Abraham Zacuth: 1575 – 1642)”, in Encyclopaedia Judaica, Keter Publishing House Ltd, Jerusalem, 1971
Maximiano de Lemos, História da Medicina em Portugal, pref. Maria Olívia Ruber de Menezes, Lisboa, D. Quixote e Ordem dos Médicos, 2.ª edição, 2 vols. 1991
Luís José de Pina Guimarães, Os portugueses Francisco Sanches e Zacuto Lusitano na história da anatomia , Porto, 1944, 48 pags. Sep. de Petrus Nonius, revista dirigida pelo Dr. Arlindo Camillo Monteiro, vol. V, Fasc. 3-4, Lisboa, 1942.
Michal Altbauer-Rudnik, Prescribing Love: Italian Jewish Physicians Writing on Lovesickness in the Sixteenth and Seventeenth Centuries
Online: http://www.ef.huji.ac.il/publications/Altbauer.pdf
Martim de Albuquerque, "Biblos" e "polis", bibliografia e ciência política em D. Vicente Nogueira (Lisboa, 1586-Roma, 1654), Nova Vega, Lisboa, 2004, 195 pág., ISBN 972-699-802-6
ZACUTO LUSITANO, famoso Filosofo, e celebre Medico naceo no anno de 1575 em a Cidade de Lisboa, a qual intitula lib. 4. Hist. 46. Quaest. 42. dulcissimam. Na primeira idade deu claros argumentos da agudeza do engenho, e felicidade da comprehensão para se instruir assim nas letras humanas, como nas faculdades de Filosofia, e Medicina, nas quaes fez tão agigantados progressos em as Universidades de Coimbra, e Salamanca, que antes de ter completos dezanove annos de idade recebeo a borla doutoral na faculdade da Medicina em a Universidade de Siguença. Voltando á patria exercitou a Medicina pelo largo espaço de trinta annos, devendolhe igual cuidado os pobres, e humildes, que os grandes, e poderosos, usando felizmente de hum methodo com que triunfava das enfermidades mais rebeldes, por cujos motivos mereceo geral estimação. Como era oculto professor dos ritos de Sinagoga receando que fosse punido pelo rectissimo Tribunal do Santo Officio, fugio clandestinamente para Amsterdão, onde se circumcidou no anno de 1625, quando contava 50 de idade. Nesta Cidade passou o restante da vida ocupado no exercicio da Medicina pratica, e na composição dos seus doutos livros até fallecer em o primeiro de Janeiro de 1642 com 67 annos de idade deixando do seu nome abominavel memoria pela apostasia, assim como o mereceo illustre pelas suas obras Medicas, das quaes são Panegyristas muitos, e celebres Escritores, como são Daniel Beckero Lente de Prima da Universidadef Regiomontana intitulando o Magnus Medicorum Princeps. Bento de Castro, Medicae scholae splendor, & gloria Othão Keurnio Mestre da Anatomia em a Universidade de Leiden.Medicorum nostri aevi celeberrimus. Balthazar de Azeredo, Lente de Prima da Universidade de Coimbra. Medicinae Phaenix. João Antonio Segismundo Lente de Prima da Universidade Cracovia. Fulgor saeculi nostri, & optimarum disciplinarum magnus, gravisque Magister. Christovão da Veiga. Medicae Artis Athlas fortissimus... inter peritissimos nostrae aetatis duces coriphaeos primipilus, sanitatis columna. Francisco Modragon Cathedratico de Vespera em Salamanca Phebeae facultatis micantissimus radius. Antonio Remington Physico mór delRey de Inglaterra colendissimum Medicorum decus, vir multijagae lectionis suae omnigenae. Manoel Richardo. .Summae Medicinae antistes, & fortissimus dux. João Isaac Pontano Historiador delRey de Dinamarca. Clarissimus, atque excellentissimus vir, Medicinae doctor celeberrimus. Venderlinden Manud. ad Med. Vir aprime doctus, & in bonorum Auctorum lectione versatissimus. Nicol. Ant. Bib. Hisp. Tom. 2. p. 256. col. 1. Medicce artis operas adeo strenue, ac feliciter spatio triginta annorum indigentibus exhibuit, ut eloquentiae simul, & judicii, multiplicisque, ac nusquam cessantis doctrinae laudem indefessa studiorum contentione perceperit. Bartol. Bib. Rabin. Tom. 2. p. 808. Umorbos, qui aliis videbantur incurabiles ipse mira felicitate, & facilitate curavit. O Doutor Vega Medico em Hamburgo lhe fez o seguinte epigramma
Miraris! mirare magis Zacutus acutus
Paucis in chartis dogmata rara refert.
Magna illi ingenii vis est, sapientia mira
Aeternum medica nomen in arte feret.
O seu Retrato se vè animado nas suas obras com esta inscripção.
En Zacutum Lusitaniae fulgidum sydus plagae, .
Principum chori medentum, saeculi miraculum.
Compoz
De Praxi medica admiranda libri tres in quibus exempla monstruosa, rara, nova, mirabilia circa abditas morborum causas, signa, eventus, atque curationes exhibita deligentissime propugnantur . Amstelodami apud Henricum Laurentium . 1634 . 8.
De Medicocum Principum historia libri sex in quibus medecinales omnes Medicorum Principum historiae utili, & compendioso ordine dispositae proponuntur paraphrasi, & commentariis ennarrantur, disputationibus, dubiis & Auctoris peculiaribus observationibus illustrantur; liber primus . Amstelodami apud Joannem Federicum Stam 1629 . 8.ibi apud Henricum Laurent . 1637 . 8.& Lugduni, apud Antonium Huguetan, & Marcum Antonium Revaud . 1649 . 8. 798
De Medicorum Principum historia liber secundus in quo medicinales omnes Medicorum Principum Historiae de vitalium, & naturalium partium affectibus proponuntur, narrantur; quaestionibus dubiis, & observationibus illustrantur. Opus varia, & utili doctrina refertum in eo Principum placita à Neotericorum calumniis vindicantur . Amsterlodami apud Henr. Laurent . 1636 . 8. .
De Medicorum Principum historia liber tertius, ibi de uteri, & genitalium, & inferiorum partium affectibus historiae describuntur, & compendiose explanantur . ibiapud eumdem Typog. 1637 . 8.
De Medicorum Principum historia liber quartus ubi de febrium essentia, diferentiis causis, signis prognosi & curatione historiae explanantur . ibiper eumdem Typog. 1637 . 8.
De Medicorum Principum historia lib. 5. in quo de venenis, morbis venenosis, & antidotis historiae graphice explanantur . ibi apud eumd. Typ. „1638 . 8.
De Medicorum Principum Historia lib. 6. in quo medicinales omnes Med. Princip. Historiae proponutur qui in superioribus libris certam sibi sedem non determinarunt . ibiapud eumdem Typog. 1638 . 8.
De Medicorum Principum historia lib. 7. in quo proponitur curatio omnium morborum internorum . ibiapud eumd. Typ. 1641 . 8. Addita est ,Pharmacopea, & ntroductio ad Praxim ejusdem .
De Medicorum Principum historia liber 8. in quo proponitur curatio morborum, qui partes naturales, & vitales in festant .Ibi apud eumdem Typog. 1641 . 8.
De Medicorum Principum historia lib. 9. in quo proponitur curatio muliebrium morborum . ibiapud eumd. Typog. 1624 . 8.
De Medicorum Principum historia, liber 10. in quo proponitur curatio morborum, qui vasa, & corpus opprimunt . ibiapud eumd. Typog. 1642 . 8. 5
Todas estas obras sahirão em dous volumes de folha.Lugduni apud Joannem
Antonium Huguetan, & Marcum Antonium Raveud 1649 . & ibiper eosdem Typog. 1657
Tinha prompto para imprimir:
De Chirurgicorum Principum historia .
De Regimine Principum .
De Juniorum Medicorum in Theoria, praxi erroribus .
De Medica doctrina selecta Hyppocratis, & Galeni Epitome .
Epistola ad Joannem Beverovicium calculos non gigni in substantia, sed in cavitatibus renumn. Fernelii hallucinatio. Diffcilis calculorum curatio remedia praestantissimaf Lugd. Batav . apud Elzevirios 1638 . 12. Sahio no Tract. de Calculis Joannis Beverovicii.