25-10-2006

 

Estêvão Rodrigues de Castro

(1559 - 1638)

Stephanus Rodericus Castrensis Lusitanus

 

Estêvão Rodrigues de Castro, cristão novo, nasceu em Lisboa em finais de 1559 e faleceu em Florença em 30 de Junho de 1738. Segundo se sabe, nunca regressou a práticas judaizantes, mantendo-se católico toda a vida. Foi estudar para Coimbra em data não conhecida, mas sabe-se que obteve o grau de Bacharel em Artes em 3 de Março de 1584 e de Licenciado na mesma “Faculdade” em 18 de Maio de 1585 e que se licenciou em Medicina em 26 de Outubro de 1588.

Regressou a Lisboa para exercer Medicina, o que terá feito durante cerca de vinte anos. Não era, porém, pessoa para se considerar realizado apenas com a medicina e a cura dos seus doentes. Já então cultivava e poesia e deverá ser dessa época o poema De Simulato Rege Sebastiano e muitos outros poemas em latim, português e espanhol que depois foram publicados por seu filho Francisco. Casou com Genoveva Figueira e teve quatro filhos. Francisco (que sobreviveu aos pais), António, médico em Florença, falecido em 13 de Maio de 1633, contagiado quando curava os atingidos pela peste, Maria e Martinho.

Em 1608, decide partir para o estrangeiro. O seu biógrafo Giacinto Manuppella atribui a decisão a perseguições dos confrades judeus, mas sem grandes argumentos. Os tempos eram terríveis para os cristãos novos e bastava a denúncia de um qualquer inimigo para ir parar à Inquisição.

Durante uns meses largos, Estêvão Rodrigues de Castro esteve em França em Blaye-sur-Gironde. Mas não se deu bem por lá, ou porque faltassem doentes por tratar, ou porque o ambiente não era propício a criar nome e prestígio. Partiu então para Itália, para Florença, onde estabeleceu residência e para a Universidade de Pisa onde já ensinavam muitos cristãos novos portugueses, como Rodrigo da Fonseca e seu sobrinho Gabriel da Fonseca. Como refere Fabroni na Historia academiae Pisanae, a vida correu-lhe excepcionalmente bem. Teve a sorte de ter doentes ilustres, a quem curou. Foi o caso de Geri Spini, advogado e Senador, afectado de doença grave, e de um sacerdote, de nome, Scalandrone. Mas o êxito mais retumbante foram os curativos que prodigou ao Grão Duque da Toscana, Cosme II de Medicis que, em acção de graças pelas melhoras conseguidas, foi em 1616 em peregrinação à Santa Casa da Nossa Senhora do Loreto. Pouco depois do regresso do Grão Duque, Castro foi nomeado Arquiatro da Corte. A sua reputação estava feita. Como diz Fabroni,  “Felicissimus enim fuisse dicitur ad divinandas morborum causas, et ad remedia praescribenda”, isto é, “Diz-se que era cheio de sorte em adivinhar as causas das doenças e a prescrever remédios”.

Depois de tais êxitos na profissão de médico, não admira que fosse nomeado Professor de Medicina Teórica na Universidade de Pisa com a elevadíssima remuneração de 700 Escudos (como Lente de Prima) a partir do ano lectivo 1617/18.

Desde logo, começaram as invejas dos seus confrades.

Em 1620, pediu aumento e o título de supraordinário. O Reitor Mons. Girolamo Sommaia deu parecer negativo, mas o Grão Duque concedeu-lhe um aumento de 70 Escudos (que correspondia a um salário de Professor dos mais baixinhos). A partir do ano lectivo 1636/37, foi de facto nomeado Professor supraordinário, com dispensa da obrigação de participar nos debates públicos da praxe, sendo autorizado a leccionar sobre o que lhe apetecesse. Deve ter sido nessa altura que o seu salário foi aumentado para 1 000 Escudos.

Entretanto, em 1623, seu filho Francisco tomou a iniciativa de publicar as suas poesias num livrinho a que chamou “Rimas”. Seu filho António faleceu,  como se referiu, deixando cinco filhos, mas a viúva voltou a casar, com grande desgosto do sogro. O seu genro foi à falência, infligindo também severas perdas ao património do sogro.

Estêvão Rodrigues de Castro ensinou praticamente até morrer, com 78 anos de idade. É possível que a idade o tornasse mais rezingão, pois na verdade teve disputas muito violentas com outros professores, colegas de profissão. O primeiro conflito foi com o Dr. Giulio Gustavini e teve como causa o facto de ambos quererem ter o privilégio de leccionar no salão nobre da Universidade. A questão subiu aos Tribunais de Florença , que se recusaram a decidir sobre o assunto, pois consideraram que isso seria desprestigioso para a Justiça.

Mais séria foi a luta com o Dr. Fortunio Liceti, um filósofo-médico-astrónomo amigo de Galileu. A escaramuça começou (ou pelo menos revelou-se publicamente) quando Liceti publicou uma crítica azeda ao livro de Estêvão Rodrigues de Castro, De asitia (Florença, 1630), com o título De feriis altricis animae nemeseticae disputationes: : in quibus Encyclopediae , medicinae , philosophiae , celsiorisque sapientiae praesidio propulsantur ab olim culto mirabili mortalium jejunio, vulgatae recens oppugnationes Asitiostis de Castro, (Pádua, 1631), online aqui. E. Rodrigues de Castro ripostou no preâmbulo do primeiro volume do tratado De alimento (1635). Liceti volta à carga no ano seguinte muito apressado, por receio que Castro morresse antes de lhe desfechar a sua catilinária. Fê-lo com um livro anónimo, muito grosseiro e impertinente: Verveceidos Libri duo: in quibus Athos perfoditur et Smilace cotonatur ab Alumnis Adrastiae. Colectore Conrado Van Roel Belga: Ad Stephanum Rodericum Castrensem Lusitanum Philosophum, ac Mewdicum famosum, gloriosorum dignissimum Antecessorem. Rhamnusiae Litabimus Omnes. Oldenburgi, Apud sucessores Iohannis Gutenbergii, 1636.

Ainda lhe conseguiu responder com um opúsculo Apologia iudicialis qua cuiusdam Fortunij infortunium Liceti licentia lata sententia cohibetur. Authore Rhamnusio Satyromastige Severino. Cum annotationibus circunspecti viri Erotimi Didascalici ludi magistri Vuildoxiensis. Oldenburgi, apud successores Ioannis Gutenbergij, 1536 (alterado à mão para 1636), in-4, pp. (8), 95. Note-se o pseudónimo “Rhamnusius Satyromastiges Severinus”.

O nível destas polémicas não é elevado, da parte de todos os contendores. Mas os italianos limitam-se ao muito ao insulto pessoal a Estêvão Rodrigues de Castro e à sua família, acentuando ainda um anti-semitismo muito básico.

Como exemplo, um soneto, a pags. 64 do livro Verveceidos:

  

Un Portughes sevoso y derretido,

Mais que de ciencia, de soberbia inchado,

Vine de España pobre, y tan cuitado

Que parecia un jugador corrido.

 

Com quatro silogismos que ha aprendido

Va escupiendo a la grave, y entonado.

Se precia que ha sabido y comentado

Lo que (por Dios) el mismo no ha entendido.

 

A Hippocrates comenta de alimento,

Y mientra dice varias necedades

Confunde la doctrina y el comento.

 

Ninguno diga mal del corpulento,

Aunque pueda decir con mil verdades

CASTRO, CASTRON, te falta entendimiento.

 

Uma amostra do prestígio de Estêvão Rodrigues de Castro ou Stephanus Rodericus Castrensis Lusitanus, dá-nos Jacopo Gaddi, no seu livro  De scriptoribus,  Tomus primus, Non ecclesiasticis graecis, latinis, italicis primorum gradum in quinque theatris scilicet philosophico, poetico, historico, oratorio, critico, Florentiae : typ. Amatoris Maffae, 1648, ao inserir a fols. VII da Introdução, uma carta recebida do Professor 35 anos antes, ver aqui.

Não é uniforme a apreciação que fazem dele como poeta; andará na sombra de Camões, sem lhe chegar aos calcanhares. Assim o diz Marcelino Menendez y Pelayo na Historia de los heterodoxos españoles, aqui:

Realmente, su estilo tiene mucho de camoniano, pero sin el quid divinum del maestro.”

Grande poeta, ou apenas bom poeta, foi pessoa de valor, orgulhoso de ser português, e que no sua cátedra e nos seus livros honrou a terra onde nasceu.

Faleceu a 30 de Junho de 1638 e teve funeral católico, sendo sepultado na Igreja de Todos os Santos, em Florença.

Um dos seus poemas mais celebrados foi escrito em espanhol, é uma canção de 122 versos, com o título De la inmortalidad del alma, que está inserida no meio do poema Fábula de Arion, com 634 versos. Manuel Faria e Sousa dá-lhe um rasgado louvor, Menendez Pelayo mostra-se reservado.

 

LIVROS PUBLICADOS

 

[BN] RIMAS, de Estevão Rodrigues de Castro. Dadas à luz por Francisco de Castro seu filho, dirigidas ao Ill.mo Senhor Capitão Pedro Capponi do Habito de S. Esteuão. Em Florença, por Zanobio Pinhoni, Mercador de Livros, 1623.

 

[BN] De Simulato Rege Sebastiano Poemation, olim iuvenile aetate conflatum a Stephano Roderico Castrensi Lusitano, Medico ac Philosopho claríssimo: in Pisana Academia Lect. Supraordinario & Sereniss. Magni Ducis Etruriae Medico: Modo in lucem edito a Francisco de Castro, eius Filio. Florentiae Typis Nouis Amatoris Massae, & Soc. 1638.

 

[BN] Obras ineditas de Aires Telles de Menezes e de Estevão Rodrigues de Castro, e de outros anonymos dos mais esclarecidos da litteratura portugueza, dadas à luz fielmente trasladadas dos seus antigos originaes / compil. Antonio Lourenço Caminha. - Lisboa : Off. Filippe José da França e Liz, 1792. - v. ; 20 cm – Págs. 145 a 221

Online: http://purl.pt/5636

  

Castigationes exegeticae, quibus variorum dogmatum veritas elucidatur, auctore Stephano Roderico Castrensi,... post auctoris obitum in lucem editae (per Franciscum Castrensem) Florentiae : typis novis A. Massae et L. de Landis, 1640, In-fol., II-96 p.

  

[Há na Faculdade de Medicina - Lisboa] Commentarius in Hippocratis col libellum de alimento, in quo multiplici didascalia variae controversiae in utramque partem disputantur, et argumentorum funibus authorumque securibus satyro cornua ligantur et confriguntur... opus in quatuor sectiones divisum, quarum priores duae in hoc volumine continentur, authore Stephano Roderico Castrensi,...Florentiae : excussum in typographia Sermartelliana, 1635, In-fol., XVI-326 p.

  

Stephani Roderici Castrensis,... posthuma de causa continente Florentiae : typis A. Massae et L. de Landis, disceptatio (Francisco Castrense edente) 1641, in 8.º, 90 pp.

 

Stephani Roderici Castrensis,... posthuma de epilepsia disceptatio (Francisco de Castro edente), Florentiae : typis A. Massae et L. de Landis, 1640 In-8 ̊ , II-107 p.

  

Stephani Roderici Castrensis,... posthuma de spiritibus disceptatio. Accessit ejusdem authoris controversiola de maris salsedine (Francisco Castrense edente) Florentiae : typ. A. Massae et L. de Landis, 1641  In-8 ̊ , 88 p.

  

[BN] Stephani Roderici Castrensis,... Syntaxis praedictionum medicarum... Accessit triplex ejusdem authoris elucubratio I. de chirurgicis administrationibus ; II. de potu refrigerato ; III. de animalibus microcosmi. (Edente Francisco Castrense.), Lugduni : sumptibus P. Borde, L. Arnaud et C. Rigaud, 1661 , In-4 ̊ , pièces liminaires, 452 p. et l'index

 

Stephani Roderici Castrensis,... Tractatus de sero lactis, Florentiae : ex typographia Sermartelliana, 1631 , In-8.º, 76 pp.

 

De Meteoris microcosmi libri quatuor... Florentiae, 1621

  

Eumenius, sive de Vero amico dialogus... authore Stephano Roderico Castrensi,.Florentiae : typis Z. Pignonii, 1626, In-12, 81 p.

Online: http://fermi.imss.fi.it/rd/bd?lng=en

 

Responsio  

Incluído em Liber de Sanguines... de Susio, J. B.Romae, 1628. In-12

  

[BN] Pythagoras Stephani Roderici Castrensis,... (Franciscus Castrensis in lucem edidit.)  Lugduni : sumpt. P. Borde, L. Arnaud et C. Rigaud, 1651, In-12, 203 p.

  

Epigramma

Incluído em Sacra concionum centuria quadripartita, tres in quadragesimas, et unicum in adventum... centum distinctis diebus, lingua vernacula proclamata publice a reverendo patre F. Octaviano Spathario,... nunc primum ab eodem latinitate donata. Venetiis : apud B. Baretium, 1611 In-4 ̊ , pièces limin., 326 ff.

  

Stephani Roderici Castrensis,... de Asitia tractatus. Editio altera  Taurini : apud J. Sinibaldum, 1647,  In-8 ̊ , 84 p.

Online: http://fermi.imss.fi.it/rd/bd?lng=en

  

Stephani Roderici Castrensis,... de Meteoris microcosmi libri quatuor, in hac 2a editione ab innumeris mendis expurgata... labore et industria Valerii Nervi,. Venetiis : apud E. Deuchinum, 1624,  In-fol., XVI-332 p.

Online: http://fermi.imss.fi.it/rd/bd?lng=en

 

[BN] Stephani Roderici Castrensis,... Philomelia, libellus quem suus autor ethices studiosis non injucundum fore sperat, Florentiae : apud P. Cecconcellium, 1628, In-8 ̊ , VIII-131 p., portr.

Online: http://fermi.imss.fi.it/rd/bd?lng=en

  

Stephani Roderici Castrensis,... quae ex quibus, opusculum in quatuor libros divisum, medicinae studiosis valde utile et recondita doctrina refertum.  Florentiae : apud P. Cecconcellium, 1627, In-12, XVIII-360 p.

  

Stephani Roderici Castrensis,... quae ex quibus, opusculum in quatuor libros divisum, medicinae studiosis valde utile et recondita doctrina refertum. Lugduni : apud J. Caffin, 1645,  In-12, XIV-280 p. 

 

Stephani Roderici Castrensis,... Tractatus de complexu morborum, studio et diligentia Valerii Nervii,. Florentiae : apud Z. Pignonium, 1624, In-8 ̊ , 252 p.

 

Stephani Roderici Castrensis,... Tractatus duo, quorum primus agit de complexu morborum, alter vero de sero lactis... denuo in lucem emissi et a mendis repurgati. (Valerio Nervio edente.), Noribergae : typis Dümlerianis, 1646, 2 partes en 1 vol. in-12

  

Stephanus Roderici Castrensis,... de Meteoris microcosmi libri quatuor., Florentiae : apud Junctas, 1621, In-fol., X-246 p.

  

Tractatus de complexu morborum., Florentiae, 1624, In-8.º  

 

Variae Exercitationes medicae... paucae sed valde doctae privatae lectiones Stephani Roderici Castrensis,... His accesserunt in hac 2a editione Expositiones in aliquos Hippocratis aegrotos admodum practicabiles... (Francisco Castrense edente.),  Venetiis : apud F. Brogiollum, 1656, 2 partes em 1 vol. In-8.º.

 

Stephani Roderici Castrensis Lusitani ... Tractatus de natura muliebri, seu, disputationes ac lectiones pisanae, nunc primum in lucem editus - Francofurti: Sand, Hermann von <1662-1689?>, 1668

  

Posthuma Stephani Roderici Castrensis Lusitani varietas a Francisco eius filio in lucem edita - Florentiae - 1639

  

Expositiones in aliquos Hippocratis aegrotos, admodum practicabiles. Auctore Stephano Roderico Castrense Lusitano .. - Florentiae - 1656

  

Disceptationes medicae D. Stephani Roderici Castrensis Lusitani. Medici, & philosophi subtilissimi ... et in Pisano Gymnasio medicinam supraordinario loco docentis - Florentiae - 1642

  

Stephani Roderici Castrensis Lusitani ... Syntaxis praedictionum medicarum, opus varietate, et vtilitate doctrinae praestantisssimum ... Accessit triplex eiusdem  - Lugduni: Borde, Philippe & Arnaud, Laurent & Rigaud, Claude, 1661

  

Stephani Roderici Castrensis Lusitanim medici & philosophi subtilissimi...posthuma De plenitudine disceptatio - Firenze - 1641

  

Stephani Roderici Castrensis Lusitani...Controversia seu praelectio pisana de notis virginitatis - Firenze - 1644

  

Pythagoras Stephani Roderici Castrensis Lusitani. Olim serenissimi magni ducis Hetruriae sanitatis consiliarij. Et in Pisano gymnasio, medicinam supraordinario loco  - Borde, PhilippeArnaud, LaurentRigaud, Claude

  

Chyrurgico medicus seu de chyrurgicis administrationibus priuatae lectiones. Doctoris Stephani Roderici Castrensis Lusitani. ... Accessit eiusdem autoris, pulchra,  - Florentiae - 1650

  

Stephani Roderici Castrensis Lusitani, Quae ex quibus. Opusculum vere aureum, ac praecipua prognoseos mysteria reserans - Lugduni: Caffin, Jean, 1645

  

[BN]  = Existente na Biblioteca Nacional, em Lisboa.

 

Esta bibliografia não deverá estar completa. Consultar Barbosa Machado e a monografia de Giacinto Manuppella.

 

 

TEXTOS CONSULTADOS

 

 

Bibliotheca lusitana historica, critica, e cronologica : na qual se comprehende a noticia dos authores portuguezes, e das obras, que compuserão desde o tempo da promulgação da Ley da Graça até ao tempo presente, por Diogo Barbosa Machado (1682-1772), 4 vols., 1741. Transcrito aqui.

 

Innocencio Francisco da Silva, Diccionario bibliographico portuguez e estudos applicaveis a Portugal e ao Brasil

 

Nicolau António, Bibliotheca Hispana noua : sive Hispanorum scriptorum qui ab anno MD ad MDCLXXXIV floruere notitia / auctore D. Nicolao Antonio ; tomus secundus, Madrid, Apud Joachimi de Ibarra., 1788. Online aqui (págs. 298 do software).

 

Angelo Fabroni (1732-1803), Historia academiae Pisanae, Excudebat Cajetanus Mugnainius, 1791. Online aqui.

 

A. Tavares de Sousa, Curso de História da Medicina: das origens aos fins do século XVI, 2,ª ed. Lisboa, F. Calouste Gulbenkian, 1996, 187 págs. ISBN 972-31-0097-5

 

Estêvão Rodrigues de Castro, Obras poéticas em português, castelhano, latim, italiano, texto editor e inéditos coligidos, fixados, prefaciados e anotados por Jacinto Manuppella, Coimbra, Imprensa da Universidade, 650 págs.

Online: http://books.google.pt

 

Giuliana Volpi Rosselli, I portoghesi nell’Ateneo Pisano in epoca medicea (1543-1737) in

Toscana e Portogallo  miscellanea storica nel 650o aniversario dello Studio Generale di Pisa, Studi del Departimento di scienze della politica dell'universita di Pisa, ETS, Pisa, 1994, 376 págs.

 

Encyclopédie méthodique, médecine, par une société de médecins. Paris, Panckoucke

Online: http://web2.bium.univ-paris5.fr/livanc/?cote=07410xM04&p=465&do=page  (págs. 462)

 

Dictionnaire des sciences médicales. Biographie médicale. Paris, Panckoucke
Online:
http://web2.bium.univ-paris5.fr/livanc/?cote=47667x03&p=188&do=page (págs. 182-183)

 

João Maria Nabais,  ESTEVÃO RODRIGUES DE CASTRO (1559-1638) ESSE DESCONHECIDO, em Cadernos de Cultura n.º 14, Novembro de 2000,, Págs. 50

Online:  http://www.historiadamedicina.ubi.pt/cadernos_medicina/vol14.pdf

 

D. Marcelino Menendez y Pelayo (1856 – 1912) – Historia de los Heterodoxos Españoles - Edición digital basada en la de Madrid, La Editorial Católica, 1978.

Online: http://cervantesvirtual.com/servlet/SirveObras/12815841228995502421513/p0000020.htm

 

Harry Friendenwald, Jewish luminaries in medical history and catalogue of works searing on the subject of the jews and medicine, Baltimore, 1946, The Johns Hopkins Press, VIII, 199 págs.

 

José António Moniz, Detractores de Estêvão Rodrigues de Castro, em Archivos de História da Medicina Portuguesa, Primeira Série Vol. V, págs. 112-117, Porto, 1895.

 

Maria Teresa Geraldes Freire, Estêvão Rodrigues de Castro e o valor da amizade, in Humanitas, 1998, vol. 50 – II, págs. 753-761.

 

Maria Teresa Geraldes Freire, O poema “De Simulato Rege Sebastiano”, de Estêvão Rodrigues de Castro, in Biblos, n.º 68, Coimbra, 1992, págs. 27-47.

 

Giacinto Manuppela, entrada “Castro, Estêvão Rodrigues de”, em Verbo enciclopédia luso-brasileira de cultura

 

Giacinto Manuppella, Una lettera inedita del dottor Estêvão Rodrigues de Castro, sep. Arq. Centro Cultural Português, n.º 3, Paris, F. Calouste Gulbenkian, 1971, págs. 652-671.

 

The cancionero Manuel de Faria: a critical edition with introduction and notes by Edward Glaser, Münster Westfalen: Aschendorffsche, imp. 1968, 283 págs.

 

Rui Manuel Afonso Mateus, A recepção de Camões no barroco português: o caso de Estêvão Rodrigues de Castro, Coimbra, 2003, Tese de Mestrado na Faculdade de Letras.

 

Joaquim José Alexandre Serra, Rimas de Estêvão Rodrigues de Castro / Joaquim José Alexandre Serra. - Lisboa : [s.n.], 1946. - V, 76 f. ; 27 cm. - 2 ex. -  Tese de licenciatura em Filologia Românica apresentada à Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa, 1946

 

Liceti, Fortunio  (1577-1657), Verveceidos libri duo: in quibus Athos perfoditur, & Smilace coronatur ab Alumnis Adrastiæ. Collectore Conrado Van Roel Belga. Ad Stephanum Rodericum Castrensem Lusitanum philosophum, ac medicum famosum.. Oldenburgi, apud successores Iohannis Gutenbergij, 1636,  70 p.,

 

 

 

 

 

 

ESTEVAM RODRIGUES DE CASTRO  Naceo na Cidade de Lisboa no anno de 1559 sendo hum dos mais celebres filhos que produzio esta famosa Cidade. A natureza o ornou de engenho agudo, comprehensão admiravel, e juizo penetrante para alcançar a noticia das sciencias amenas, e severas, nas quaes sahio tão consumado que ninguem no seu tempo se atreveo a disputar-lhe a primazia. Soube com pureza a lingua Latina; teve natural cadencia para a Poesia vulgar, e na Oratoria foy tão insigne que arrebatava a attenção dos ouvintes mais pela viveza das acçoens, do que ainda pela elegancia das palavras. Practicou com igual especulação, que novidade as experiencias Physicas, e interpretou com summa profundidade os aforismos da Medicina como Lente Primario em a Universidade de Pisa. Todos estes dotes scientificos não sómente lhe adquirirão a estimação do grão Duque de Florença que o elegeo por seu Physico mór, mas os applausos, e elogios dos mais celebres escritores, como forão Zacuto de Med. Princip. Hist. lib. 3. hist. 9. Quaest. 18. Intitulando-o Medicinae Phaenix, e hist. 25. eruditissimus e lib. 5 . hist. 1. author inter classicos celeberrimus,e Lib. 2. hist. 102. I Vir excellenti ingenio, & doctrina, medicus, & Philosophus celeberrimus.Eman. dos Reys de duob magn. Art. med. auxil.cap. 3. art. 2. pag. 99.   doctissimus.Joan. Soar. de Brit. Theat. Lusit. Litter.lit. S. n. 35. clarismus Poeta, &  medicus egregius.Nicol. Ant. Bib. Hisp.Tom. 2. pag. 235. col. 2. eam quippe artem (falla da   Medicina) insigni rerum antiquarum eruditione sic exornavit, ut omnia ejus opera non minus doceant, quám jucunde animos legentium pascant.Faria Fuent. de Aganip.Part. 3. no Prolog. n. 13. las Rimas de Estevan Rodriguez aunque pocas, muy buenase no Comment. às Rim. de Camoens.Tom. 3. pag. 1. Estevan Rodriguez tiene una cancion ala immortalidad del alma, que no deve nada alas mejores. Georg. Math. Konig. Bib.  Vet. &  nov. pag.697. col.1. Morery Diccion. Historiq.Verb. Castro Rodrig. D.Franc. Manoel na Carta dos MM. Portug. Abrah. Mercklin. in  Lind. renov.No livro in Viror. Litter. imagin.impresso Romae  1641  está o seu Retrato com estes versos.  

 

Pinguia quadratá quae prospicis ora tabella

Non pene tam pingui mente fuisse putes.

Nam medici facies Castrensis sic erat aevi

Quem merito nostri dixeris Hypocratem.

 

Outro retrato seu sahio na obra, que elle compoz intitulada  Philomena, e na parte inferior tem gravado este dystico.

 

 Exprimit authoris vultu pictura, sed author

 Ipse sui vires exprimit ingenij.

 

 

Morreo na Cidade de Pisa em o anno de  1637, quando contava 74. annos de idade deixando para eterno brazão do seu nome as obras seguintes. 

 

De Meteoris Microcosmi libri IV.    Florentiae apud Juntas    1621 .   fol. : Sahio mais correcto por industria de Valerio Nervio ibi   1624 .   fol.   

 

Rimas   Florença, por Zanobio Pinhoni .  1632 .   12.  Consta de Sonetos, Odes, Eglogas, Portuguezas, e Castelhanas. Sahio à luz esta obra por deligencia de Francisco de Castro filho do Author. 

 

De complexu morborum. Florentia   apud Zenobium Pignonium    1624 .  8.   e Norimberga   per Hironymum Dumlerum    1646 .   12.   

 

Eumenius, seu de Vero amico.       Florentia .  1626 .   12.   

 

Opusculum de Mutatione aliorum morborum in alios in quattuor libros divisum Medicinae studiosis valde utile, & recondita doctrina refertum.    Florentiae  apud Petrum Cecconcellium .  1627 .   12.   & Francof.   apud. Joan. David. Zanerum    1646 .   12.  & ibi   1667 . A este tratado chama áureo Zacuto Lusitano.  

 

Philomela.        Florentia   apud Petrum Cecconcellium    1628 .  4.  Consta de Dialogos cheyos de muyta erudição, e poesia sendo o principal argumento a Amizade.   

Asitia, hoc est de causa cur multi non manducent, vel in tota vita, vel multis diebus.    Florentia   apud Zenobium Pignonium    1630 .  8.   &  Taurini   apud Joannem Sinibaldum .  1647 .  8.   

 

De Sero Lactis tractatus.    Florentiae   apud Sarmatellium    1631 .  8.   &  

Norimbergae   apud Hyeremiam Dumlerum    1646 .   12.   

 

Il curioso nel quale in dialogo si discorre del mal della peste.     Pisa,  por Francesco Tanagli    1631 .  4.   

 

Commentarius in Hypocratis Coi libellum de Alimento in quo multiplici didascalia variae controversiae inter utramque partem disputantur, & argumentorum funibus, auctorumque securibus Satyro cornua ligantur, constringuntur, opus in quattuor partes divisum.    Florentiae   apud Sermatellium .  1635 .   fol.   

 

De Simulato Rege Sebastiano Poemation juvenili aetate conflatum.    Florentiae   apud Amatorem Massam    1638 .  4.  Esta obra publicou seu filho Francisco de Castro, onde no Prologo a o leitor affirma ter extrahido este Poema de huma copia já em partes consumida, e por esta causa sahia imperfeito havendo dedicado seu Pay a tal obra ao Cardial Alberto em cujo poder se conservava perfeito. O P. Ant. dos Reys no Enthusiasm. Poet.5 n.23. louva ao Author desta obra com estas vozes:  

 

Hunc prope considit Stephanus Rodericius, ora

Qui merito risit simulantem pulchra Sebasti

Ut ne ridiculi fieret Rex fabula Vulgi

Inclytus ille sui quem Regni in sede locarat

Omnipotens.

 

Posthuma varietas.    Florentiae . apud Amatorem Massam, et Laurentium de Laudis .  1639 .  4.  Consta de Cartas latinas a diversas pessoas; Oraçoens recitadas na Universidade de Pisa ao conferir os gráos dos Doutoramentos; varios Epigrammas, e muitos Sonetos em Portuguez, e Italiano. Sahio esta obra por deligencia de seu filho Francisco de Castro.  

 

Castigationes exegeticae, quibus Variorum dogmatum veritas elucidatur.    Florentiae  apud eosdem Typ.  1640 .   fol.   

 

De Epilepsa disceptatio posthuma.    Florentiae  apud eosdem Typog.  1640 .  4.    

 

De Pleuritide disceptatio.    Florentiae  ex eadem Typ.  1641 .  8.   

 

Ratio consultationis an post variolas purgatione corpus egeat.  ibi  1642 .  4.   

 

Medicae Consultationes.  Ibi apud eundem Typog.  1644 .  4.  

 

Syntaxis praedictionum medicarum cui accessit Triplex elucubratio. Prima de Chirurgicis dministrationibus. 2. de Potu refrigerato. 3. de Animalibus Microcosmi.    Venetiis,   apud Francisc. Bragiolum .  1656 .  8.   &  Lugduni apud Philip. Borde & socios    1661 .  4.   

  

Pythagoras    Lugduni  sumptibus Philip. Borde, Arnaud, et Rigaud .  1651 .   12. Y Consta dos costumes, doutrina, e preceitos deste Filosofo, e no fim traz hum tratado de  Re cibaria.

 

Variae Exercitationes medica, & expostiones in aliquos aegrotos Hypocratis.    Venetiis    1653 .  8.   

 

Tractatus de natura muliebri, seu disputationes, & lectiones Pisanae.    Hanoviae    1664 . 4.   & Francof.   apud Hermanum à Sunde    1668 .  4.   

  

Na Relação do Recebimento das reliquias para a Casa de S. Roque  , que sahio em Lisboa   por Antonio Ribeiro    1588 .  8. ¨ a fol. 94. v.º. està huma Poesia Latina e a fol. 95. v.º. outra Portugueza com o nome de Antonio de Atayde que levarão o premio, e são do Estevão Rodriguez de Castro.