12-08-2008
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Petrii Sanciis Supremi Senatus a Secretis, Rege Sebastiano, Carmina de Poetis Lusitanis ad Ignatium Moralem (*)
Epistola ad Ignatium de Morales (**)
Tymbræo cari et Musis hoc tempore vates Contempti spretique iacent: fata improba lauros Attrivere sacras Cirrhamque et Apollinis ædem. Non in honore Deæ, non sunt in honore Poetæ; Carmina vilescunt. Video doleoque maligna Te nunc sorte premi, qui (si mala sæcla tulissent) Dignus eras meliore foco, meliore culina, Atque toga meliore tegi, Moralis, in ore Cuius Musa sedet, doctoque in pectore Phœbus. At nunc quod misero vilis tibi gobio cœnam 10 Præbet, nec mensis fervet scriblita secundis, Mollia nec servi sternunt tibi lina Canopi, Nec Canusina tuo componit stragula lecto Verna satur, diri hoc est inclementia fati, Et crimen, fortuna, tuum, quæ lege pudenda Deprimis atra bonos, atque alba extollis inertes.
Quid tibis, Moralis, sublimia carmina prosunt? Carmina cinctutis merito laudanda Cethegis! Quid dulces elegi? Quid salsa epigrammata? Qui vel Archilochi numeri, nullo jam sanguine tincti? 20 Num tibi quis misis terso pro carmine libram Argenti? Num vina dedit? Num munus aristæ? Aut tunicam pexam, crepidas, tritosve cothurnos? Chœrilus ut quondam Pellæo carmina Regi Non bene tornata offerret, tamen ille Philippos Incomptus multo et munera larga recepit; Et tu, qui multo meliora poemata pangis, Sæpe fame obscæna palle et frigore sæpe Horres, cum Boreas gelida bacchatur ab Arcto.
Ergo miser plectrum Smyrnæ Thressamque Neantho 30 Trade chelyn, fidibus qui duro police ruptis, Non numeris, non arte valens demulceat aures Quas tua non potuit perdocta et blanda Thalia.
Hoc mirum, læti cum nostri bella capessant Horrida Lysiadæ, et vitam pro laude profundant Intrepidi, frangi nequeant, vincique recusent, Castalidum doctos quid non venerentur alumnos Qui soli æternant heroum fortia gesta? Numquid magna parens solum produxit Achillem Magnanimum, fortem, invictum? Fortasse ducentos 40 Aut etiam plures meliores edidit illo, Sed quia laurigeri carverunt munere Vatis, Perpetuo in tenebris miseri jacuere sepulti. Nec genitus liquidas Phrygii Simoëntis ad undas Qui, Troia eversa, confectum ætate parentem Eripuit flammis, solus pietate paterna Extitit insignis. Multas habuisse putato Orbem matronas æterno nomine dignas, Queis, nec mille procos quæ sola elusit hiantes, Arria præstiterit Pæti, nec Portia Bruti. 50 Et multos, magnosque viros qui fortibus ausis Et qui consilio valuere; at defuit illis, Qui famam ipsorum celebraret carmine, Vates. Hoc bene Mæcenas Vatum præsesque paterque Sensit, qui semper fovit coluitque Poetas. Quod propter legitur, colitur, laudatur, amatur, Et vivit docto numerosi carmine Flacci. Sensit et Augustus, moderator maximus orbis, Qui melius duxit leges Romanaque iura Frangi, quam sævis permittere carmina flammis 60 Virgilii, et summa vigilatos arte labores. Illo læta tibi nasci si fata dedissent Tempore felici, cum magna per atria Clio Pulchraque Terpsichore nomenque docusque gerebant, Non fatuas betas, non vilia durila ventri Latranti ingereres, non igni rapula tosta, Qualia Dentatus posito cenabat aratro.
At tu ne credas te solum tristia fata Fortunamque pati adversam; communia passim Hæc mala sunt nostris hac tempestate Poetis. 70 Nam postquam lucro intenti de fronte pudorem Expulimus, curæque fuit servire palato Et vacuo capiti vacuos imponere pyrgos, Aque utres femori tumidos aptare voluptas, Palladis et Phœbi pulchras contempsimus artes, Atque ideo absurdum prorsusque putamus ineptum Laudari, postquam laudanda abiecimus ipsi. Carmen amat Vatesque colit qui carmine dignus; Sed, quamquam Musæ hic merito fraudentur honore, Nulla tamen tellus genuitque aluitque Poetas Temporibus nostris plures neque candidiores. 81
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Os poetas, caros ao Timbreu e ás Musas, jazem neste tempo desprezados e humilhados. Um destino injusto espezinhou os louros sagrados, Cirra e o templo de Apolo. Não são estimadas as deusas, não são estimados os poetas.
Eu vejo, e com isso sofro, que és perseguido pela má sorte, tu que, se estes maus tempos o permitissem, eras digno de melhor casa, melhor cozinha, e de ser coberto com melhor manto, ó Morais, em cujos lábios reside a Musa, e no douto peito Febo. Mas agora que, mísero de ti, tens por ceia um reles cadoz e não ferve, para teu segundo prato, uma torta, que os teus criados não estendem macios linhos de Canopo e um escravo favorito, de estômago cheio, não faz a tua cama com cobertores de Canúsio – tudo isto é inclemência do destino e culpa tua, ó fortuna! Que com vergonhosa lei abates, negra, os bons, e exaltas, branca, os inúteis.
De que te valem, ó Morais, sublimes cantos? Cantos que merecem os louvores dos priscos Cetegos! De quê, os doces versos elegíacos? De quê, os picantes epigramas? Ou de quê, os ritmos de Arquíloco, destingidos agora de sangue? Por ventura, alguém te enviou uma libra de prata, em troca dum poema escorreito? Te deu vinhos? Presentes de trigo? Ou uma túnica felpuda, sandálias, ou umas botas gastas? Quérilo como outrora oferecesse ao Rei natural de Pela, cantos mal torneados, apesar de mal amanhado, recebeu muitos filipos e largos presentes.
E tu que produzes muito melhores poemas, muitas vezes andas pálido de vergonhosa fome, muitas vezes andas eriçado de frio, quando Bóreas desenfreado sopra do lado da gélida Ursa.
Portanto, desgraçado, entrega o plectro de Esmirna e a trácia lira a Neanto, para que, rompendo com o duro polegar as cordas, seja ele, que não percebe de ritmos nem de arte, a encantar ouvidos que não pôde encantar a tua doutíssima e harmoniosa Talia.
É estranho! Os nossos Lusíadas que enpreendem animosamente guerras terríveis e expõem intrepidamente a vida por amor da glória, se não deixam quebrar, recusam a derrota, porque não hão-de venerar os doutos alunos das Castálides, os únicos capazes de eternizar os fortes feitos dos heróis?
Por ventura, a grande mãe Natureza produziu um só Aquiles, magnânimo, forte, invicto? Talvez ela tenha parido duzentos ou mais, ainda melhores do que ele. Mas porque ficaram privados do dom de um vate coroado de louros, jazem os desgraçados, sepultos nas trevas, para sempre.
Nem aquele que nasceu junto às águas claras do frígio Simoente, aquele que, quando Tróia foi derrubada, arrancou às chamas o pai consumido de anos, foi o único a sobressair pela devoção filial.
Acredita que houve no mundo muitas matronas, dignas de eterno nome, a quem não vencem nem aquela que sozinha iludiu mil pretendentes boquiabertos, nem a Árria de Peto, nem a Pórcia de Bruto. E que houve muitos e grandes varões que valeram por proezas de coragem e pelo conselho. Mas faltou-lhes um poeta que deles celebrasse a fama em canto.
Foi isto que bem entendeu Mecenas, presidente e pai dos Vates, que sempre favoreceu e acarinhou os poetas. Por isso, é lido, estimado, louvado, amado e vive no canto douto do harmonioso Flaco.
Isso mesmo compreendeu Augusto, o maior governador do universo que considerou preferível desrespeitar as leis e o direito romanos a confiar às chamas os cantos de Virgílio e as suas obras, fruto de vigílias e duma arte suprema.
Se fados generosos te tivessem concedido nascer nesse tempo feliz, quando pelos átrios palacianos Clio e a formosa Terpsícore ditavam a glória e a honra, não atirarias ao teu ventre ladrador insípidas acelgas, reles hortaliças rijas, não os rábanos tostados ao fogo, como os que Dentato ceava, quando deixava o arado.
Mas não creias que és o único a suportar tristes fados e uma fortuna adversa. Estes males são comuns e gerais aos nossos poetas nos tempos que correm. Depois que, com o olho no lucro, expulsámos a vergonha da cara, para só nos preocuparmos com lisonjear o palato e pôr na vazia cabeça torres vazias, e nosso gosto é prender à barriga da perna odres inchados, desprezámos de Palas e Febo as belas artes. E por isso reputamos absurdo e completamente idiota receber louvores, depois que nós próprios rejeitámos os motivos de louvor. Ama a poesia e estima os poetas quem é digno de um poema.
Todavia, se bem que as Musas neste país se vejam privadas das merecidas honras, nenhuma terra gerou e criou, em nossos dias, Poetas nem mais numerosos nem mais autênticos. |
(1) Cayada de gente tibi venit Hermicus ille Hermicus Ausonia cunctis notissimus urbe, Qui cecinit Sylvas, pecudesque, et numina ruris, Quem sæpe inflantem calamos, et dulce sonantem Tectus arundinibus summis audivit ab undis Mincius ipse pater; fluctus, et ponere raucum Jussit murmur aquæ labentis, ut altius aure Attenta molles numeros, et verba notaret. Credebatque senex Musam, Manesque Maronis 90 Populeas inter frondes, in vallibus illis Errare, et Sylvas, sedesque revisere amatas.
Tu non inferior venerandus Tessira (2) canis, Tessira, quem juvenem vix Lusitania quondam In Latias misit nostris de finibus oras: Carmine qui celsæ dum pingis mœnia Romae, Ingentes septem colles cingentia gyro, Tybrimque, et flavas Tyberino in gurgite Nymphas. Adsequeris blandum verbis, numerisque Tibullum. Sydera sed postquam mayora ad fata vocarunt 100 Te iam Cæsareo perdoctum jure Trebatum Vincere qui posses, aut certe æquare superbum Optatam repetis patriam, charosque Penates: Admissum posthac ad sacra palatia Regis Ut des supplicibus populi responsa libellis, Et Regis natum instituas, Regemque futurum. Non te pœnituit doctam celebrare Vacillam Carminibus pulchrasque iterum exercere Camænas.
At te Rege sate Heros Emmanuele potenti Qui Tyrium Syrma ornasti, sacrumque Galerum 110 Ipse canat Phœbus: nos te, et tua funera quondam Flevimus Alphonse (3), et gemitu, lacrymisque profusis Ad tumulum mœsta ter voce vocavimus Umbram, Magne, tuam, extremumque vale ter diximus. Eheu Quantum præsidii docti amisere Poetæ Morte tua! quantum decoris Parnassia Laurus! Nam tibi semper erant cordi, doctissime Princeps Vates: muneribus Vates, vultuque fovebas: Temporis, et siquid tibi forte vacavit ab almi Præsulis officio, quod verbo, rebus obibas 120 Donasti id totum Musis, placidæque poësi.
Subsequitur patruum, dejecta fronte, Duartes (4) Magnanimi Patris patriæ clarissima proles Divi Joannis, multum celata parenti, Non celanda tamen; nam virtus sancta refulsit In iuvene a puero, dedit et notissima signa Orbi, quantus erat maiori ætate futurus, Ni longas in luce moras fera Parca negasset. Funde iterum lachrimas, iterumque ad sidera questus, Optime Moralis, quales in funere alumni 130 Sparsisti magni, et cœlum clamoribus imple. Obtulit ille tibi tenero de pectore primos Fructus, ut quondam Musæus grata magistro Carmina prima suo, cithara qui fretus amatam Flagitat Eurydicem Stygii inter tecta tyranni, Et monstra increpitis mulcet latrantia nervis.
Silvius (5) illustri Regum quoque sanguine cretus, Cujus, et antiquos ortus sibi concupit Alba, Hac nostra natus, nostra hac nutritus in urbe, Et Vidas, et Sinceros excelluit acri 140 Ingenio, missus Latias Legatus ad oras Sidonio hic ostro fulgens, rubroque Galero Inter Pausilypi lauros, myrthetaque sacra Sæpe intermixtus Nymphis, placidisque Napæis Carmina personuit Musis, et Apolline digna.
Nec sonat illepide pravam, qui damnat Arius (6) Stultitiam, quam quidam olim laudavit inepte.
Ille Lycambeis, qui crimina mordet iambis. Et victura diu chartis epigrammata mandat Laurens (7), quo gaudet Lacobrica dives alumno. 150 Conatur nomen docti obscurare Catulli.
Cœlius (8) insurgit qui carmina schemate multo Miscens verborum tentat candore referre Illum, qui duri per tot discrimina Martis Traxit in Emathiam Soceri, Generique furores.
Ad numeros facilem non te Goveane, (9) tacebo. Qui sic interdum laxis deccuris habenis. Præcipue stolidi rides cum dogmata Rami Ut Tagus in pontum rapidos cum combibit amnes, Proruit, et campos late disseminat auro. 160
Nec tibi fraterno coniunctum sanguine Vatem Subticeam qui nomen habet, (10) quod Bilbilis alta Indidit arguto mordacis fellis alumno. Unguibus arrosis, Umbro iam Vate relicto Cynthia mirari et vellet fortassis amare.
Tu quoque carminibus nostris celebrabere, Pinte (11) Pinte, venenosi qui ni mala pocula succi, Nil lethale putans, avide, cupideque bibisses, Æquasses Volscum mordaci carmine Vatem : At tibi mutarunt sanam medicamina mentem, 170 Dextera zelotypæ tribuit quæ blanda puellæ, Ut quondam magno Cæsonia dira marito.
Nec te præteream tacitum doctissime Costa,(12) Atque tuum genium natum dissolvere iuris Cæsarei nodos, cui primas jure cathedras Munda dedit, Tormisque dedit, bene notus uterque Et fluvios inter Phœbo gratissimus amnis: Tu dum regales mensas, thalamosque Duardi Carpatiumque Senem, nantesque ad littora Phocas Ludentesque canis spumoso in gurgite Nymphas 180 Ornatu, et positu magnis te Vatibus addis.
Tevius (13) attollit speciosæ frontis honorem, Qui Senecam verbis, et multo pondere rerum Pene pari sequitur gressu, paribusque cothurnis.
Quis Beliage (14) tuum non defleat optime Præsul Interitum? cui præduras iniecit acerba Parca manus: ah quanta bonis jactura camænis!
Nonne vides Mellum (15) raro sed docta loquentem Qui sine lege loqui erubuit doctissimus, atque Antiqua virtute senex, Regisque Senator 190 Integer, et nullo praetio corruptus avaro? Hic lamentatur primi delicta Parentis Mortiferum rapuit vetita qui ex arbore pomum; Et nunc heu seri luimus mala furta nepotes. Describitque Virum, quem sic sapientia firmat Adversum insidias et technas dœmonis atri, Ut nihil in cœlum stulta sit voce locutus.
Et Landine (16) tuum, Præsul dignissime, nomen Cur taceam? lenesque modos et carmina sacra? Hoc si litterulam demas de nomine primam 200 Andinum dices re, et vero nomine Vatem.
O mihi Cardoze (17) a prima dilecte juventa, Quem rapuit Libitina nocens, et funere tristi Submersit caput, immaturaque morte peremit: Te sibi subtractum doluit Parnassia rupes; Nam tu formabas multos bonus arte poetas, Et juvenes multos ad sacra cacumina Montis Perduxti, qui longa tuum per secula nomen Extendent, per quos toto cantaberis orbe.
Tu quoque dum summis descendent montibus umbræ 210 In mare declivi current dum flumina cursu Docta per ora virum volitabis magne Resendi (18) . Te querulo extinctum gemitu, sparsisque capillis Thespiades, Nymphæque simul flevere Taganæ, Atque hederas digitis flava de fronte virentes Immixtas Sacrae lauro decerpsit Apollo, Fregit, et iratus citharas, et eburnea plectra: Heu quot thesauri fœcundo pectore in illo Rerum antiquarum miracula quanta latebant! Non plura edocuit Varro, Carmentave mater; 220 Verius aut cecinit Delphis oracula Phœbus.
Et te fleverunt Musæ venerande Cabedi, (19) Atque tui cives, funus Respublica multis Produxit lacrimis, et fæmineo ululatu, Consiliis orbata tuis, et legibus æquis. Qui quamvis jussu maiora ad munia nostri Cæsaris electus semper tamen omine dextro Addictus Musis, Musas, Carmen amasti, Et Pelusiacum, qui personat ore trisulco, Inferni raptoris equos, stygiosque Hymenæos, 230 Tartareasque domos tentabas vincere cantu.
Ecce tibi (ah Musis mala fata!) Cabedius (20) alter, Cui juveni charo Cæi lugubria Vatis Carmina tu juvenis quondam, lachrimasque dedisti, Eripitur nobis, raptus florentibus annis. Ah, miserande puer, rupisses si aspera fata, Ah te quantus honos, te nomina quanta manerent!
Tu quoque crudeles expertus, docte Georgi, (21) Lanificas Erebo genitas et nocte Sorores, (Terribile, et precibus non exorabile numen) 240 Quæ tibi fila gravi properarunt scindere cultro, Occumbis juvenis, sed non inglorious; omne Nam tempus longos vitæ brevioris in annos Produxti, quos ipse tuo cum carmine vives, Carmine, quo miseræ deflesti funera plebis, Et cladem, quam dira lues huic intulit urbi. Cum, cœli tractu vitiato, pestifer annus Heu! miseros vivos morbo vexavit iniquo.
Hactenus amissos deflevimus ordine Vates, Sed non (ut verum fateamur) diximus omnes ; 250 Quorum fama tamen vivit, nomenque vigebit. Nunc tibi percurram breviter quos novimus ipsi, Quos colimus, quibus et Latium gauderet alumnis.
Doctarum Vasconcellus, (22) pia cura Sororum, Primus adest, Dircæus olor, qui nubila transit, Et celeri sese tollit super astra volatu, Cum sensim niveas, audacesque explicat alas : Ille, precor, dextra felices computet annos, Cumææ numeret Vatis feliciter annos, Sed juvenes, qui regna suis juvenescere chartis 260 Efficit ingenti, atque pio regnata Sebasto. Hic licet impendat sacris bona tempora libris, Sanctaque Pontificum doceat quid dogmata narrent, Non tamen oblita Phœbi dulcedine plectri, Illum æquat sontes struxit qui carmine Thebas. Hunc olim Romæ lugentem funus acerbum Divi Joannis laudati Principis, et quem Ad Superos multum defletum misimus omnes, Auribus arrectis Proceres, sacrique Senatus Attoniti audivere Patres, Summusque Sacerdos 270 More Periclæo pro rostris verba tonantem ; Et tale ingenium formari posse negabant Vervecum in patria, et crasso sub sidere nasci.
Et nos te merito miramur candide Amaral (23) Munere prætoris, qui fulges Regis in aula; Et quamvis, nec voce reos, nec fronte minaci Terres, sed blando exerces tua munia vultu Te tamen, atque tuos fasces, et pectora flecti Nescia, nec prece, nec lacrimis timuere nocentes Ni docta Italicus solvisset Silius ora 280 Carmine tu poteras Cannas cecinisse cruentas Ardenti, et Paulum generoso sanguine terram Fœdantem,et torvo obtutu, quem Lentulus ultro Offerret quo terga fugæ commitere posset Quadrupedem contemnentem ne Pæna viderent Agmina magnanimum fugientem prælia Paulum.
Et Francus (24) poterat, Musarum natus ad artes In patriam Minyas dulcemque reducere Jolcon, Quos immaturo præventus funere Flacus Phasidis in ripa, Colchaque reliquit arena, 290 Ni maiora illum, melioraque gesta vocassent, Ingratos quamvis sumatque feratque labores.
Non procul hinc video Pindo duo flumina Sacro Nymphis, et Musis facili labentia cursu, Serranum, (25) Pyrrhumque (26) meum, quos in arte medendi Non superent docti Podalirius, atque Machaon: Ille canit numeros concinnos impare gressu, Quos tibi fortassis Getico de littore missos A magno credas gelidi Sulmonis alumno; His docet ille graves de corpore pellere morbos, 300 Et levius duram vetulis perferre senectam. Hic autem Vatis Venusini culta pererrans, Prata legit, varios et spargit nectare flores, Multaque epistoliis charis impertit amicis; Solatur mœstros, lætos hortatur ut omne Quod rectum non est, fugiant, et carpit amaro Interdum more atros, et tempora versu.
Ast illi Regus (27) Lesboum surripit audax Barbiton, et Lyrico modulatur carmina plectro, Heroas, Divosque canens, laudator honesti 310 Scrutator, quas dia parens natura creavit, Rerum occultarum; ut fecit Lucretius olim Ingenio miro, et mira Lucretius arte, Ante venenatos potus, et Thessala philtra, Atque ante insanos illæso pectore amores.
Illum autem, digito quem monstrat Martia Roma, Orbis Roma caput, quo prætereunte, fenestris De summis pueri clamant, juvenesque, senesque: Ille, ille est, certe ille est Lusitanus Achilles, (28) Lusitana suis tellus gestavit in ulnis, 320 Nutrivit, docuitque bonas novisse Camænas : Incolat et quamvis diversas transfuga terras, Non tamen oblitus patriæ, fera prælia cantat Quæ Rex Alphonsus, cui cœlo missa sereno Lusitanorum sunt clara Insignia, gessit.
Nec minus ille meus nostra laudatur in urbe Nonius, (29) et dignus qui toto laudibus orbe Cantetur multis ; qui multa volumina legum Civibus et patriæ librum congessit in unum. Hic, quamvis rebus magnis intentus, ad artes 330 Ingenuas Phœbi furtim dilabitur, atque Dum canit optatos Safii dulcesque hymenæos, Provocat Ausonium docta in certamina Gallum.
Pintus (30) adest alter, Pintus, cui carmina sæpe Plura dedit Pæan, quam præbent littora conchas, Quam fert Hybla thymum, quam Ladon volvit arenas: Et quamvis multos Regis perductus in aulam Ingenuos docuit juvenes, sudavit, et alsit, Attamen ille fame tabescit, penula semper Ex humeris detrita cadit, toga pandit hiatus, 340 Et vetus insidit veneranda in fronte galerus; (Ne temere hæc dicas te solum incommoda ferre) At bonus est, doctus, simplex, vir candidus, ut si Quisquam alius sancte nostro nunc degit in ævo.
Hunc sequitur Barrus (31) qui non sic laxat habenas, Nec celeri se fidit equo; nam sæpe fugacem Quadrupedem duris cogit parere lupatis, Ille licet terræ insultet, gressusque superbos Fervidos adglomeret, pedibusque repagula pulset.
Bellicus ille senex triplici qui corde tumescit 350 Prælia, qui cecinit Romani nominis, et qui Belli ferratos postes, portasque refregit Andradio (32) cedet nostro, sub pectore cujus Solum bina latent sed nullo infecta furore. Hic Latia jungat lingua si carmina nervis Ad numeros videas Latias properare Camænas; Si Lusitana tentet modulamina voce, Ad numeros videas Musas properare Taganas.
En tibi (ni fallor) generosa, et vera propago Præclari Melli, Henricus (33), qui damna rependit 360 Et sanat, quod fata mala inflixere Minervæ, Lethiferum vulnus lachrimoso in funere patris, Qui non truncus iners iacuit, nec inutile lignum; Nam patriæ ex illo virtutis filius heres Adsurgit, veluti frondescit in arbore ramus Aureus, et primo avulso non deficit alter, Quo se placari exoptat Proserpina dono. Hic tetricos gravitate senes, probitate parentem Exæquat, nulli est utroque in iure secundus; Et iuste meritoque paterna sedilia complet, 370 Atque inter proceres primi loca sancta Senatus Jure tenens recto causas examine librat, Innocuas fœdo servans a munere palmas, Et si aliquod tempus superest a rebus agendis, Non donat talo proiecto ex orbe fritilli, Sed Phœbo (patris exemplo) placidisque Camænis.
Nomina tantum edam: magnus Pinarius (34) ille, Vivida cui parvo virtus in corpore regnat: Osoriusque (35) ingens, aurum cui defluit ore: Almada (36) egregius; qui norit dixerit almum. 380 Hæc tetigisse fatis: totum sunt nota per orbem Cætera, nec tenuis poscunt præconia Musæ. Hi quamvis populum Divinæ dogmata legis Edoceant, serventque greges, ab ovilibus omnem Avertant diram pestem, insidiasque luporum; Sublimes Vatum tamen amplectuntur honores, Sacraque de sacris meditantur carmina rebus: Ut quondam plectro felici magnus Avitus: Et qui Paschales ornavit carmine mensas: Ut bonus Hispana fecit de gente Juvencus : 390 Ut docte, et fauste Divus Prudentius olim: Quique novale sacrum calamo sulcavit Arator, Cui fluit ex humeris Tyrio de murice læna, Tempora cui fulgent sacro insignita Galero. Hæc sat erant nobis: et quid maiora requiris Exempla ? Id quondam cœlesti numine Moyses Aflatus fecit, postquam perduxit amicum In littus Populum, qui, undis hinc inde resectis, Fluctibus in mediis siccas calcavit arenas, Hostiles fugiens turmas, sævumque tyrannum, 400 Qui sibi divisas pelagi quoque credidit undas : At postquam siccum callem intravere phalanges, Contino Pontus, qui, ut murus aheneus, ante Frænatas cohibebat aquas, currusque, rotasque. Arma, virosque simul, caput et Memphitidis aulæ, Niliacasque acies rapido vora æquore vortex : Tunc Dux Hebræus, sistrum pulsante Sorore, Cantavit victor numeris pia carmina cœlo. Quid loquar æterno cecinit quæ carmine David, Ille Deo plenus David, Rex inclytus armis, 410 Et cunctos Vates toto qui vertice supra est ? I nunc et sacros posthac contemne Poetas.
Non contemnendos surgis, nobisve tacendus, Optime Monteri (37) nulli probitate secundus, Nec dulci eloquio Phœbeos inter alumnos: Si sciret fortuna æqua perpendere lance Præmia danda bonis, sanctos sine crimine mores, Tu meliore loco, meliore in parte theatri Sedisses, qui, dementi ambitione remota, Divitias spernis, contentus vivere parvo. 420 Et licet a Musis abducant utraque iura, Quæ docte, et recte calles, quibus omnibus horis Invigilas ; tamen ad doctas, quas rite Sorores Et puer, et juvenis coluisti, sæpe recurris : Atque pedes sumis Persi, cum seria tractas ; Cum ludicra, modos, sed castos, Vatis Iberi.
Adde illum juvenem, cui nomen Præsulis almi Impositum, (38) veteri latuit qui tempore multo Cisterna, et vivus jacuit iam pene sepultus, Teque, tuumque timens, Ari scelerate, venenum. 430 Huic puero primam tribuit Conimbrica palmam, Inter et æquævos concedit laurea serta, Qui citharam pulsans Lesboo pectine Sapphus Non obscœna canit, sed Divis dulciter hymnos.
Adde et Petreium (39) Roderico patre creatum Egregium iuvenem, celebres qui divite vena Describit ludos urbis, festasque choreas, Ardentesque auro currus, gemmisque decoros Pegmataque, et longo deductas ordine pompas Quas celebrare solet prædives Olyssipo magnis 440 Sumptibus, æthereae recolens miracula Cœnæ, Postquam Ledæos iuvenes permensus Apollo Horrida conscendit ferventis brachia Cancri.
At tu quid celas, Lodoice (40) ingrate Camænis, Carmina, quæ Pæan dociles infundit in aures Sæpe tibi ? Nobis non sis, precor, invidus, et quæ Delius ipse dedit, patriæ impertire libenter, Ad maiora licet potioraque semper anheles. Hi tres, deliciis spretis, laribusque paternis, Cordati iuvenes multo meliora secuti 450 Nunc Solymos Vates, sanctæque volumina legis Exponunt de suggestu, monituque potenti Terrenas hominum rapiunt ad sidera mentes.
His sese quartum bonus addit Theutonus (41) alma Carmeli de gente, Patrum cætuque piorum Corpore qui terras habitans, sed mentibus æthram; Theutonus, et vita inculpata, moribus æquis: Quamvis non æquis oculis hunc innuba Pallas Aspiciat, quoniam spretis Permessidos undis Ad latices alios furtim se transtulit erro. 460
Dicendus majore tuba iam Tevius (42) alter Prodeat, innocuo voluit qui rure latere, Urbanos damnans strepitus, aulamque perosus; Ultro cui quondam iuveni sublime tribunal, Lictores, sellam, fasces dedit inclyta Sena. Hic cecinit blando pulchras heroidas omnes Carmine, Sena, tuas, populos in pace gubernans; Unde tulit justi Prætoris, et unde Poetæ Insignis nomen; talem hunc nimis invida nobis Celat, sed nimium sibi provida, Brachara furto. 470
Et procul hinc alius Miranda degit in urbe Tessira (43) cui virtus juveni maturior annis, Cui frontem cingunt immixta baccare lauro Musæ, ne tenero noceant mala murmura Vati: Propter quem linquunt Parnassum, et Thessala tempe, Peneumque patrem, nemorosa et florida rura: Et scopulos, Miranda, tuos, inamænaque tesqua Incolere exoptant, ut Vate fruantur amato. Sic quondam Phœbe capta Endymionis amore, Cœlesti delapsa plaga, sub nocte silenti 480 Oscula dilecti per Latmia saxa petebat.
Ecce autem rapto pro Costa, Costa (44) secundus Lætus adest, cupidus tristem sarcire ruinam, Quæ nos oppressit miserando funere primi. Præsuit hic olim, iuvenis cum floruit ætas, Gymnasiis, docuitque tuos, Conimbrica, cives Ingenuas artes, Getica procul inde repulsa Barbarie, quæ læta tuis regnabat in arvis.
Theutonus (45) alter adest, peperit quem casta, Georgi, Silvia chara tibi, digno conjuncta marito: 490 Te Transcudanos populos in pace regentem Natis, atque piæ uxori sævissima Parca Eripuit, cum Maiestas jam Regia vellet Præmia digna tuis meritis conferre, tibique Sedem inter Patres primi adsignare Senatus. Theutonus hoc genitore satus, non degener ipse, Sed patriis semper virtutibus æmulus, omni Conatu assequitur vestigia clara parentis: Et mites, quamvis sacro bene iure peritus, Attamen has coluit Musas, laurumque momordit: 500
Nec taceam Gerium, (46) ficto qui nomine simas Incustoditas linquens in monte capellas, Silvestrem viridi ramo suspendit avenam; Pastoresque vocat, Dryadasque, et Numina ruris, Infanti ut carmen recinant, qui missus ab æthra Siderea in terras, ut nostra piacula solvat, (Victima grata Patri) portas patefecit Olympi, Atque suo nostras detersit sanguine sordes. Mœrorem ferrent gravius de funere Cœli Aonides, ni Pimpleis de collibus alter 510 Cœlius (47) exoriens, veluti qui Phosphorus almam Evocat Auroram, lachrimas sicasset obortas, Atque illis iustas removeret ab ore querelas. Huic caput exornat variis de floribus Evan Serta intertexens hederis, lauroque fugaci: Huic tripodas Phœbus, totumque Helicona reclusit, Quosque ore afflasset docto, dedit ipse poetas.
Ecquid? Legisti dulcissima carmina Cosmi, (48) Selecta cingit Pæan cui tempora lauro, Et lemniscatas dat habere in fronte coronas? 520 De grege Apostolico Patrum, coetuque sacrato, Qui fidens verbi veri, æternique Magistri, Abiecit collo peram, manibusque bacillum, Et peragrat multas urbes, diversaque regna, Ut doceat gentes, quæ sit via recta salutis.
Innumeros poteram doctos, celebresque poetas Dicere, quos Ebora, et dulci Conimbrica lacte Nutrivit, famaque dedit clarescere; sed nunc Emmanuel, (49) Gaspar, (50) Lodoicus, (51), Cœlius, (52) atque Alvarus, (53) et Cosmus (54) tibi sint exemplar, ab illis 530 Disce alios, similique puta candore nitere.
Hæc forsan corrugata, Moralis (55) amice, Fronte legis, torvisque oculis, invitus et audis Clara recenseri tot, tantaque nomina Vatum : Num tibi se Musas soli exhibuisse putabas, Ut quondam sese iuveni indulsere videndas Servanti pecudes umbrosæ in vallibus Ascræ? Haud ita Thespiades, haud sic se gessit avare, Vatibus ut paucis Phœbus sua sacra revelet. Plurima adhuc superest magnorum turba virorum, Quæ memoranda venit, tantum mihi Musa canent 540 Si modo iam faveat, quantum illis favit Apollo. Hinc tamen incipiam. Nosti Vincentius almus Ædem qua colitur nostram delatus in urbem, E Promontorio Sacro, quod littore in æquor Excurrens pelago mucrone minatur acuto? Hic multi non obscuri, sed lumine clari Æthereo iuvenes postquam sacra carmina Divo Alternis cecinere choris, et thura dedere, Ingenia exercent hymnis, et carmine agonem 550 Divorum recolunt, et partas sanguine palmas. De multis referam tibi tres tantummodo, quos tu Inter Apollineos Vates fateare locandos.
Colmus (56) primus erit, sis tu, Lodoice, (57) secundus, Tertius a fructu, conciso nomine, dictus, Fructosus, (58) fructus qui et flores fundit odoros, Cum facile elegos, vel cæca ænigmata pingit.
Nec te Mendesi (59) fraudabo hoc munere, cuius Carpere livor edax non possit amabile carmen; Ille licet pulchram cupiat mordere Dionem 560 In dominasque aliquid blateret carbone notandum Vellet, si indoctus, tibi se præbere docendum Amphytrioniades, tantoque subesse magistro Non praeceptoris cithara contunderet ora Ora Lini insontis, nec quidquam tale merentis Dedecus heu magnum, quod nullum diluet ævum! At quamvis tardet Divini Numinis ira, Non tamen oblita est culpas punire nocentum; Namque ille infestus Divis, qui pulsus Athenis, Quod nullum coleret numen, nullosque putaret 570 Esse Deos, quondam servus, ne ligna coquendis Deficerent rapis, male coctaque cœna periret, Herculis effigiem, quæ antiqua stabat in ara, Corripiens, pectus, costas, atque ulmea crura Dissecuit ferro, et tepido subjecit aheno: Sic variat fortuna vices, nec pertulit ullum Ire scelus sine vindicta, nec crimen inultum.
Huc precor, huc oculos Moralis flecte; videsne Insignem iuvenem pulchris qui fulget in armis, Atque hedera cingit galeam, lauroque coronat? 580 Ille est Quadratus (60) generoso sanguine cretus Nonne vides faciem ingenuam, et grande instar in ipso? Hic quondam nostras puerili ætate Camænas Dilexit, quas nunc iuvenis veneratur, amatque, Exercetque libens nimium dilectus ab illis Et Phœbo carus: qui quamvis Martia bella Tractet, et armorum crepitu, clangore tubarum Gaudeat, atque alacri hinnitu lætetur equorum; Non tamen Aonidum fontes, lucosque reliquit, Exemploque suo nobis ostendit aperto, Nunquam Musarum cœtus, flavamque Minervam Enervare animos, aciemque retundere ferri. 592
Cætera desiderantur
No Ms. 6368
Deest finis.
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Teixeira que, ainda jovem, a Lusitânia um dia enviou de nossas terras para as praias do Lácio, tu que, quando pintas em verso as muralhas da ilustre Roma, que abraçam à volta as sete grandes colinas, e o Tibre, e as aloiradas ninfas das ondas do Tibre, igualas a sedução de Tibulo em palavras e ritmos. (94-99)
……enviado como embaixador para as praias do Lácio, resplandecendo aqui na púrpura de Sídon e na rubra mitra, entre os louros de Pausílipo e os sagrados campos de mirto, muitas vezes misturado com as ninfas e as calmas napeias, entoou cantos dignos das Musas e de Apolo. (141 – 145)
Não longe daqui, vejo a deslizar do Pindo, consagrado às Ninfas e Musas, dois rios em fácil corrente, Serrão e o meu amigo Pires, tais que, na arte de curar, os não podem superar os sábios Podalírio e Macáon; este canta, em metro desigual, versos de tal harmonia, que os podes julgar talvez enviados a ti das praias géticas pelo ilustre filho da gélida Sulmona; o primeiro ensina pela poesia a repelir do corpo as graves doenças e a suportar com mais alívio a dura idade dos velhos. (293-301)
Aquele, então, a quem com o dedo aponta a Roma de Marte, Roma, cabeça do universo, que, à sua passagem, aclamam do alto das janelas as crianças e os jovens e os anciãos: ele, é ele, sem dúvida é ele o Aquiles Lusitano; a terra lusitana o embalou em seus braços, o nutriu e o ensinou a conhecer as boas Camenas; e, embora habite, qual trânsfuga, terras estranhas, não esquecido, apesar disso, da pátria, canta os feros combates que o rei Afonso, a quem pelo céu sereno foram enviadas as gloriosas insígnias dos Lusitanos, travou. (316 – 325).
Longe daqui, um outro habita na cidade de Miranda. É ele Teixeira, jovem cujo valor amadureceu mais do que os anos, a quem as Musas cingem a fonte de louro misturado ao nardo, para que más murmurações não prejudiquem o moço poeta. Por quem deixam elas o Parnaso e o tessálio vale de Tempe, o divino Peneu e os campos floridos e de bosques frondosos, e preferem habitar os teus penedos, ó Miranda, e as tuas brenhas inóspitas, para poderem gozar da companhia do poeta seu amado. Assim outrora Febe, presa do amor de Endimião, abandonando as paragens celestes, ia procurar pelos rochedos de Latmos os beijos do seu eleito, no silêncio da noite. (471-481).
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(*) Título no Ms. 6368 e na Bibl. Portuguesa
(**) Título no Corpus.
NOTA: Os primeiros 81 versos seguem a versão estabelecida pelo Prof. Américo da Costa Ramalho. Tanto a versão latina como a tradução foram transcritos com a devida vénia de Latim renascentista em Portugal, 2.ª edição, Lisboa : Fundação Calouste Gulbenkian : JNICT, 1994, 242 pags.,ISBN 972-31-0620-5, pags. 221-225. A tradução dos versos 471-481, foi transcrita do artigo "A elegia do exilado de Miranda" também do Prof. Américo da Costa Ramalho em Para a história do Humanismo em Portugal, 2 vols. Lisboa, Gulbenkian e JNICT, 1994, ISBN 972-31-0621-3.
Os trechos da tradução a castanho são do Prof. Carlos Ascenso André em Mal de Ausência, Minerva, Coimbra, 1992, donde os transcrevi com a devida vénia.
A tradução dos versos (293-301) foi adaptada da que figura a pgs. 19 do livro Lopo Serrão e o seu poema da velhice, do Prof. Sebastião Tavares de Pinho, INIC, 1987.
A versão latina do resto do poema é a do Corpus Illustrium Poetarum Lusitanorum qui latine scripserunt, 1,º vol., 1745, do P.e António dos Reis. Em anotações, as diferenças das versões do Ms. 6368, da BNP e da Biblioteca Portuguesa, de João Franco Barreto, pags. 584 v. a 593 v.
As notas sobre a identidade dos poetas foram traduzidas das que figuram no Corpus à excepção de alguns acrescentos, indicados a castanho.
1.Hermígio Caiado, Jurisconsulto, Poeta muito talentoso, de Lisboa
O nome correcto é Henrique Caiado e também usou os nomes de Hermico e Hermínio.
2.Luis Teixeira, douto em Latim e Grego, de Lisboa, discípulo de Ângelo Policiano.
3.Infante D. Afonso, filho de D. Manuel I, Cardeal da Santa Igreja Romana com o título de S.ta Luzia, a seguir, de S. Brás e por fim dos Santos João e Paulo, Arcebispo de Lisboa.
4.Eduardo; filho de D. João, Arcebispo de Braga.
Também conhecido por Duarte.
5.Miguel da Silva, Bispo de Viseu, Cardeal da Santa Igreja Romana.
6.Aires Barbosa, de Aveiro, discípulo de Policiano de Florença em Itália, egrégio Professor de letras e ciências humanas na Universidade de Salamanca.
7.Lourenço de Cáceres, de Silves, Secretário do Infante D. Luis.
8.Jorge Coelho, Secretário de D. Henrique, o Cardeal-Rei.
9. António de Gouveia, de Beja, Jurisconsulto.
10. Marcial de Gouveia, irmão do anterior, Professor em Coimbra de Letras e Ciências Humanas.
11.Jorge Pinto, de Lisboa, Poeta cómico.
12.Emanuel da Costa, Jurisconsulto, por alcunha, o Subtil.
13.Diogo de Teyve, de Braga.
14.Melchior Beliago, do Porto, Bispo de Fez.
Conhecido também por Belchior.
15.João de Melo de Sousa, de Torres Novas, Senador Régio.
16.Pedro Alvares Landim, Prior de Aviz, Esmoler privado de D. Sebastião I.
17.Jerónimo Cardoso, de Lamego
18.André de Resende, de Évora, homem incomparável.
19.Miguel de Cabedo, de Setúbal, Senador Régio.
20.António de Cabedo, de Setúbal, Clérigo.
21.Jorge Rodrigues, de Lisboa.
22.Diogo Mendes de Vasconcelos, de Alter do Chão, Cónego de Évora.
23.Melchior do Amaral, de Lisboa, Jurisconsulto.
Conhecido também por Belchior.
24.Luis Franco (que outros chamam Francisco), de Lisboa.
25.Lopo Serrão, médico, de Évora.
26.Diogo Pires.
Este Pires não é Diogo Pires, mas sim Luis Pires, médico, de Évora.
27.Simão do Rego, de Lisboa.
28.Aquiles Estaço, para uns de Évora, para outros de Vidigueira, para outros de Lisboa, homem muito erudito, secretário de S. Pio V.
29.Eduardo Nunes, de Évora, Jurisconsulto.
Conhecido também por Duarte Nunes de Leão.
30.António Pinto, depois António Pinheiro, Mestre dos Meninos da Corte, conhecidos vulgarmente por Moços Fidalgos.
31.Diogo de Barros, de Lisboa.
32.Pedro de Andrade Caminha, da Corte do Infante D. Duarte.
33.Henrique de Sousa, filho de João de Melo de Sousa, de Coimbra, Senador do Palácio.
Barbosa Machado diz que foi Desembargador do Paço.
34.D. António Pinheiro, de Porto de Mós, Bispo de Leiria.
35.D. Jerónimo Osório, Bispo de Silves, que deve ser mencionado.
36.D. Emanuel de Almada, de Lisboa, Bispo de Angra.
37.Cristóvão Monteiro, de Lisboa
38.Atanásio ……, de Coimbra
39.Pedro Fernandes, de Lisboa
40.Luis Soares, de Lisboa.
41.Fr. Teotónio……….., Carmelitano, de Coimbra.
Barbosa Machado diz ser Teotónio da Gama.
42.Baltasar de Teyve, Doutor em ambos os Direitos.
43.Gregório Teixeira, segundo diz Barreto, de Miranda.
44.João da Costa, Jurisconsulto, do Algarve.
45.Teotónio da Silva, de Lisboa.
46.Gério Fernandes, ou Coelho.
47.Francisco Coelho, Jurisconsulto.
48.Cosme de Magalhães, da Sociedade de Jesus, de Braga.
49, 50, 51, 52, 53, 54. Dos poetas mencionados sob estes números, nada podemos dizer a não ser com muito risco, já que são por nós completamente ignorados.
Estes poetas não deveriam contar para o cômputo dos poetas mencionados no poema. P. Sanches indica aqui os nomes próprios de poetas que mencionou anteriormente.
55.Inácio de Morais, de Mogadouro.
56.D. Cosme de Freitas, de Coimbra, Cónego de Santa Cruz.
57.Luis Álvares Cabral.
58.Não me lembro de ler algo de Frutuoso.
59.Pedro Mendes, Mestre de Jogos, de Setúbal
Barbosa Machado diz que foi Professor de Letras humanas em Setúbal, sendo natural de Lisboa.
60.André de Quadros, de Santarém, Cavaleiro da Ordem de Cristo, ficou cativo na batalha de Alcácer Quibir. (Barbosa Machado)
VERSO:
1 – cari] chari, Corpus, Bibl. e Ms. 6368
12 - Canopi] Caponi, Ms. 6368
19- Qui vel] Quid vel, Corpus; Quidve, Ms. 6368, Quid ut, Bilbl.
24- quondam] quanvis, Ms. 6368
26 - Incomptus multo et munera larga recepit] Accepit multos et munera larga benigne, Ms.6368, Bibl.
34 . cum] quum, Ms. 6368
36 – Intrepidi] Intrepide, Ms. 6368
49 – Queis] Quas, Ms.6368, Bibl.
50 - Arria præstiterit Pæti] Arria nec Pæti superet, Ms.6368, Bibl.
54 – Depois do verso 54, Ms.6368, Bibl.contêm mais este verso
Mæcenas regum Lydorum sanguine cretus.
56 - Quod propter] Propter quod, Ms.6368, Bibl.
63 – cum] quum, Ms.6368, Bibl.
65 – durila] oluscula, Ms.6368
67 - cenabat] cœnabat, Ms.6368, Bibl.
94 – vix]de, Ms.6368, Bibl.
100 – Sydera] Sindera, Ms.6368; Sidera, Bibl.
120 – rebus obibas] et rebus obibas, Ms.6368, Bibl.
140 – excelluit] pertexuit, Bibl.;perterruit, Ms.6368.
148 – mordet] mordit, Bibl.
167 - ni mala] iam mala, Ms.6368.
167 – Depois do verso 167, o Ms.6368 e a Bibl. contêm mais este verso:
Quæ male amica, manus magica sibi miscuit arte,
168 – putans] parans, Ms.6368; iutans, Bibl.
169 – Æquasses] Æquares, Ms.6368, Bibl.
195 – sapientia] patientia, Ms.6368.
204 – peremit] peremitum, Ms.6368, Bibl.
222 – venerande] generose, Ms.6368.
248 - miseros vivos] misero cives, Ms.6368; misero vivo, Bibl.
264 – oblite] oblitus, Ms.6368, Bibl.
265 - struxit qui carmine] qui evoluit carmine, Ms.6368, Bibl.
302 - Ms.6368, Bibl. indicam neste verso nova estância.
305 – mœstros] mœstos, Ms.6368, Bibl.
324 e 325 - Quæ Rex Alphonsus, cui cœlo missa sereno
Lusitanorum sunt clara Insignia, gessit.]
No Ms.6368, são três versos:
Quæ rex Alphonsus divino numine gessit,
Inclytus Alphonsus cui cœlo missa sereno,
Lusitanorum sunt clara Insignia regum.
325 – Insignia, gessit] Insignia regum, Bibl.
327 - et dignus] ut dignus, Bibl.; at dignus, Ms.6368.
353 – Andradio] Andradæ, Ms.6368.
362 - lachrimoso in funere] lachrimoso funere, Ms.6368, Bibl.
403 – Contino] Continuo, Ms.6368, Bibl.
404 – cohibebat] cohibet, Ms.6368
404 - currusque, rotasque] pronumpit et undis, Ms.6368,
seguindo-se mais este verso :
Involvit Pharios equites, currus, rotasque
408 - cœlo.] seni. Ms.6368, Bibl.
430 – scelerate] scelerare, Ms.6368.
454 – alma] almo, Ms.6368, Bibl.
455 – gente] grege, Ms.6368, Bibl.
457 - moribus æquis:] et moribus æquis :, Ms.6368, Bibl.
474 - tenero noceant] noceant tenero, Ms.6368, Bibl.
509 - Ms.6368 indica neste verso nova estância.
514 – exornat] ornant, Ms.6368; exornant, Bibl.
517 – ipse] esse, Ms.6368
521 – Ms.6368 indica neste verso nova estância. Falta essa indicação no verso 526.
556 – Fructosus] Fructuosus, Ms.6368, Bibl.
589 – reliquit] relinquit, Ms.6368
590 – aperto] aperte, Ms.6368, Bibl.