12-6-2006

 

 

LUISA SIGEA

 

(1522 – 1560)

 

 

 

 

Luísa Sigea de Velasco ou Aloysia Sigea Toletana foi muito célebre no seu tempo, mas andou bastante esquecida ao longo dos séculos, embora o seu nome fosse invocado, de quando em quando, nem sempre pelos melhores motivos. Os bibliógrafos não a consideraram literata, pois nem João Franco Barreto, nem Barbosa Machado, nem Inocêncio Francisco da Silva a mencionam.

No entanto, ela foi celebrada por escrito ainda em vida, nomeadamente por Johannes Vasaeus no seu Chronici rerum memorabilium Hispaniae tomus prior - 1555 (ver págs. 51 e 52 do software, aqui). Anos antes (1545?), André de Resende dedicara-lhe estes versos na Epístola à Infanta D. Maria, a “patroa” de Luísa Sigea.

 
 

 

 

 

...........................Quum uellit utramque

Calliope auriculam, satis et tu rusticus, inquit,

Et uates, patriae ignarus, patriique decoris.

Tolle oculos, tolle eia oculos, adgnosce tuorum

Progeniem Regum Mariam, quam maximus ille

Emmanuel genuit, frater quam maximus, orbis

Destinat imperio, ac rerum ad fastigia summa

Non sine diis aluit. viden' ut regina feratur

Inter Hyampaeas facie pulcherrima nymphas?

Porro autem comitum, quae iam maturior aevi,

Carminibus tibi nota tuis est Vasia, quuius

Ut sileam mores, inculpatemque iuuentam

Hactenus exactam, laus est ea magna, quod aulae

Dux bona uirginibus Latias praeluxit ad arteis.

Altera Sigæa est, uirgo admirabilis, unam

Quam natura parens ideo produxit ut esset

Femina quæ maribus uitam opprobare supinam

Posset, et ignauos magno adfecisse rubore.

Nam, quum septenæ vix dum trieteridis annos

Computet, indefessa dies noctesque Latinas

Volvere non cessat chartas, non cessat Achaeas,

Moseaque et Solymos rimatur sedula uates;

Quin per Achemenios scopulos, Arabumque salebras

Currit inoffense, linguarum quinque perita.

Quum nihil interea qui se profiterier audent

Esse sophos, pudeat saltem nescire Latine.

Haec cognosse satis: sed erunt tibi caetera curae.

Dixit, ..........................................................

 

(vv. 44-71)

Depois de me puxar levemente uma e outra orelha, disse-me Calíope:

- Vate, bem rústico és, da Pátria ignaro e de suas glórias.

Levanta os olhos, eia, ergue os olhos,

reconhece a descendente dos teus reis, Maria,

aquela que o mui poderoso D. Manuel gerou

e o seu magnânimo irmão destina para o Império do Universo,

tendo-a criado, não sem intervenção dos deuses,

para a mais alta dignidade.

Não vês como caminha, rainha de rosto formosíssimo,

entre as ninfas Hiampeias?

Porém, das suas damas, a que é mais velha,

Joana Vaz, já foi celebrada em teus versos.

Para não falar dos seus costumes

e da sua juventude, até agora vivida sem mácula,

merece grandes louvores, pois na corte brilhou,

como mestra insigne das donzelas, na gramática latina.

- A outra é Sigea, donzela admirável,

a quem a natureza poderosa de tal forma fez nascer,

que é uma mulher que pode aos homens exprobar

a sua vida indolente,

e fazer corar profundamente os ociosos.

Na verdade, não contando ainda vinte e um anos,

incansável, dia e noite, não cessa de folhear

as obras latinas, aqueias e moisaicas

e diligente, estuda a fundo os poetas de Jerusalém.

Além disso, avança, sem receio,

pelos escolhos aqueménios e asperezas árabes,

versada em cinco línguas, quando, entretanto,

aqueles que se atrevem a declarar-se sábios,

não se envergonham, ao menos, de ignorar o latim.

Basta teres sabido isto.

Quanto ao resto, porém, ficará ao teu encargo.

Assim disse. .......................................................

 

                            (a)

 

 

 

Mais tarde Nicolau António citaria Vasaeus e escreveria uma biografia mais detalhada na sua Bibliotheca Hispana Noua – 1783 (ver págs 76 e 77 do software aqui). Também o jesuíta Andreas Schottus lhe dedicou umas páginas na sua Hispaniae Bibliotheca, de 1608. Os autores que têm estudado a sua vida e obra nem sempre usaram de uma perspectiva correcta e, por vezes, não tiveram em conta as informações que já constavam de textos anteriores.

Luísa Sigea era de nacionalidade espanhola e nasceu na província de Toledo, provavelmente em Tarancón, terra de naturalidade de sua mãe, no ano de 1522 (Gabriel de P. Domingues defende 1524, com bons argumentos). Foi seu pai Diogo Sigeu, nascido em França ou de família originária deste país; sua mãe chamava-se Francisca de Velasco. Diogo Sigeu era um homem culto e foi ele sem dúvida que começou a ensinar latim e grego a seus filhos.

Luísa deveria ser a mais nova de quatro irmãos, dois rapazes, Diogo e António e outra menina, Ângela, que foi companheira de Luísa na corte de Lisboa.

Diogo Sigeu participou na revolta dos “comuneros” de Castela dirigida por Juán Lopez de Padilla (1480 – 1521) e desempenhou funções ao serviço da esposa deste, Maria Pacheco. Em 24 de Abril de 1521, Juan de Padilla é derrotado, julgado e executado. Durante algum tempo, Maria Pacheco dirige a revolta, mas em Fevereiro de 1522 foge para Portugal, seguindo o percurso de Castelo Branco à Guarda, Viseu, Porto e Braga, onde foi protegida pelo Arcebispo (ver aqui). Maria Pacheco faleceu em 1531 e Diogo Sigeu acompanhou-a até 1530, data em que passou para o serviço da Casa de Bragança.

Foi assim para Vila Viçosa ensinar línguas aos filhos de D. Jaime, Teodósio, o mais velho e mais outros três. Depois da morte de D. Jaime em 1532, D. Teodósio mantê-lo-ia ao seu serviço até 1549. É nessa altura (início da década de 1530), que Diogo Sigeu chama para Portugal sua mulher e seus quatro filhos. Diogo, o mais velho, estudava já na Universidade de Alcalá e prosseguiu em Coimbra estudos de filosofia e teologia, recebendo depois Ordens Sacras, sendo mais tarde Conselheiro da Universidade de Coimbra.  António foi durante vários anos secretário de Gaspar Barreiros, o autor da Chorografia de alguns lugares…

Mas Diogo Sigeu deu atenção sobretudo à educação de suas duas filhas Luísa e Ângela (também esta é referida por Nicolau António, aqui – págs. 125 e 126 do software). Luísa, sobretudo, mostrou uma enorme propensão para aprender línguas. Falava correntemente castelhano, francês e italiano e escrevia em latim, grego, hebraico, árabe e siríaco (caldeu).

Luísa Sigea nunca foi tímida a mostrar as suas habilidades. Em 1540 através de um amigo de seu pai (que o Prof. Américo C. Ramalho identifica correctamente como sendo o italiano Girolamo Britonio [Hyeronimus Britonius em latim], corrigindo assim P. Allut,  Luis de Matos e Odette Sauvage que falam de Jerónimo de Brito), enviou uma carta em latim ao Papa Paulo III, juntando o que mais tarde ela ‘chamou “quosdam ingenioli mei flosculos “ - algumas florinhas do seu jovem talento.

Mas a sua vida mudou no início de 1542, quando seu pai foi convidado ou talvez “obrigado” a enviar as suas duas filhas para o Palácio da Rainha D. Catarina, como “moças de câmara”. Pouco depois, Ângela e Luisa juntaram-se assim às cultas senhoras que serviam a Infanta D. Maria, meia-irmã do Rei, nomeadamente Paula Vicente, filha de Gil Vicente, o dramaturgo, e Joana Vaz. Ângela e Paula Vicente dedicavam-se mais à música, Joana Vaz e Luisa, às letras, eram as “damas latinas”.

Em 1545, Filipe II de Espanha ficou viúvo e pôs-se a hipótese de a Infanta  casar com seu tio. O projecto gorou-se e a “sempre-noiva” ficou assim mesmo, noiva. Luisa Sigea escreve então o poema Sintra dedicado à Infanta que, mais tarde, em 1566, seria publicado em Paris pelo antigo embaixador de França em Lisboa, Jean Nicot (que deu o nome à nicotina, por ter levado o tabaco de Lisboa para Paris).

Jorge Coelho e Gaspar Barreiros escreveram epigramas elogiosos ao poema. Está traduzido no livro do Conde de Sabugosa.

Em 1546, Luisa Sigea envia ao Papa Paulo III, uma carta em cinco línguas (latim, grego, hebraico, árabe e siríaco), acompanhada da transcrição do seu poema. Mais ou menos na mesma data, Joana Vaz escreveu também ao Papa uma carta nas primeiras três línguas. O Papa respondeu a uma e outra, a Luisa por carta de 6 de Janeiro de 1547 (também nas mesmas cinco línguas). .

Em Julho de 1547, mais atrevidamente, Luisa Sigea escreve ao Papa Paulo III, pedindo benesses para seus irmãos Diogo e António.

Em 1552 dedica de novo à Infanta D. Maria uma outra sua obra, agora em prosa, Duarum virginum colloquium de vita aulica et privata que ficou em manuscrito até 1905, data em que Manuel Serrano y Sanz o incluiu no seu livro Apuntes para una biblioteca de escritoras españolas desde el año 1401 al 1833. Republicado e traduzido para francês na tese da professora Odette Sauvage de 1967, ainda não foi traduzido por inteiro para português.

Em Setembro do mesmo ano de 1552, Luisa casa-se com Francisco de Cuevas, natural de uma família ilustre de Burgos, de quem terá uma única filha em 25 de Agosto de 1557, Juana de Cuevas Sigea (esta casou rica em 30 de Maio de 1580 com D. Rodrigo Ronquillo Briceño, de quem teve seis filhos).

Depois de casada, Luísa ficou ainda algum tempo na Corte, que abandonou de vez em 1555. Mas não se sentiu feliz em Burgos. Mais tarde, em 1558, Francisco de Cuevas  e Luisa Sigea entram em Valladolid ao serviço da Rainha da Hungria, D. Maria, ele como secretário, ela como “dama latina”. Durou pouco esta situação. Em 18 de Outubro de 1558, a Rainha da Hungria falece de repente. Em 1559 escreve a Filipe II, pedindo-lhe um emprego para seu marido. Não teve resposta.

No início de 1560, Luisa Sigea dirige-se a Toledo, onde Filipe II espera a chegada da nova Rainha de Espanha, Isabelle de Valois. Solicita ao Embaixador de França um empenho junto da nova Rainha. Isabelle de Valois recebeu-a mas nada decidiu. Desanimada, regressou a Bruges, onde veio a falecer em 13 de Outubro de 1560.

Estaria Luisa Sigea passando por dificuldades financeiras? A questão é discutível. As peripécias da sua vida revelam uma pessoa megalómena, provida de um ego monstruoso (como hoje diríamos) e eternamente insatisfeita. Deveria ser extremamente bonita e agradável no trato, vistos os “piropos” que recebe de inúmeros contactos masculinos da sua época. Por outro lado, os seus biógrafos, mesmo os da actualidade, têm sido particularmente infelizes. Odette Sauvage não conhecia ou não utilizou os dados de Ismael Garcia Ramila, de 1958, “Nuevas e interesantes noticias, basadas en fe documental, sobre la vida y descendencia familiar burgalesa de la famosa humanista, Luisa de Sigea, la “Minerva” de los renacentistas”, Boletín de la Institución Fernán González, XXXVIII, 144 (1958), pp. 309-321; XXXVIII, 145 (1959), pp. 465-492; XXXVIII, 147 (1959), pp. 565-593. E nem uma nem outro utilizaram uma tese de doutoramento sepultada em 1955 na Universidade Complutense de Madrid, da autoria de Sira Lucía Garrido y Marcos, intitulada Luisa Sigea Toledana, 658 fls. Cota T-7298, referida por Nievas Baranda Leturio, que indica dados (sobretudo financeiros) que não analisa, deixando a outros o trabalho de o fazer.

Como diz o Prof. Américo da Costa Ramalho, Luisa Sigea teria caído quase no esquecimento, se não fosse a malandrice de um francês, Nicholas Chorier, que em 1680, publicou uma obra pornográfica com o título Aloysiæ Sigeæ Toletanæ satyra sotadica de arcanis amoris et veneris: Aloysia hispanice scripsit: latinitate donauit J. Meursius, que pode ser vista aqui. A obra faz uma certa apologia da homosexualidade feminina, acentuando o agrado que nisso têm os homens. Foi depois traduzida para francês e para muitas outras línguas, com os mais variados títulos, sendo mais conhecida em França hoje por L’Académie des Dames ou Sept Entretiens Galants. Mas a obra ainda hoje é conhecida, sobretudo no mercado inglês, por The Dialogues of Luisa Sigea. Trata-se de uma grande injustiça feita a Luisa Sigea, que certamente , revoltada, já deu muitas voltas no túmulo, de indignada.

 Para a posteridade fica o epitáfio curto de André de Resende (que escreveu também uma elegia de 53 disticos "Ludovicæ Sigeæ Tumulus",a qual transcrevi aqui), tão incisivo que nem parece do sec. XVI:

 

 

 

 

Hic sita SIGAEA est: satis hoc: qui cetera nescit

Rusticus est: artes nec colit ille bonas.

 

Aqui jaz Sigea. Isto basta.

Quem ignora o resto, necessitando

explicação, é bárbaro,

avesso às artes.                        (a)

 
                             (a) Traduções de Gabriel de Paiva Domingues no livro citado.  

 

Poema Syntra com versão portuguesa, aqui                          

 

LINKS:

 

ALOISIÆ SYGÆÆ Toletana, Syntra, aliaque eiusdem ac nonnullorum præterea virorum ad eamdem epigrammata, PAULLI III epistola, et tumulo eiusdem ab ANDREA RESENDIO et CLAUDIO MONSELLO concinato, in Clarorum Hispanorum opuscula selecta et rariora tum latina, tum hispana, edição de F. Cerdà y Rico, Madrid, 1781, pp. 253-266.

Online: http://books.google.com

 

Andreas Schottus, Hispaniae Bibliotheca sev de Academiis ac Bibliothecis. Francofurti: Apud Claudium Marnium  haeredes Ioan. Aubrii. 1608.

Online: http://books.google.com     (Págs. 341-343)

 

Nieves Baranda Leturio, De investigación y bibliografía. Con unas notas documentales sobre Luisa Sigea, Revista electrónica LEMIR, n.º 10, 2006

http://parnaseo.uv.es/Lemir/Revista/Revista10/Baranda/BARANDA.htm

 

Raúl Amores Pérez,  Luisa Sigea de Velasco, Taranconera del Siglo XVI

http://www.tarancon.es/La Ciudad/historia/LSigea.htm

 

Susanne Thiemann,  Das Leben als Erzählung - Zur Problematik biographischen Schreibens am Beispiel der spanischen Humanistin Luisa Sigea (1522-1560)

http://www.querelles-net.de/forum/forum18/index.shtml

 

Poema “Sintra” – tradução para castelhano de D. Marcelino Menéndez y Pelayo - 1875

http://www.cervantesvirtual.com/servlet/SirveObras/13527218767130729976613/p0000003.htm

 

Boletim Cultural da F. Calouste Gulbenkian, HALP n.º 27 – Dezembro de 2003

http://www.leitura.gulbenkian.pt/boletim_cultural/detalhe.php?id_bol=130

 

Américo da Costa Ramalho, A propósito de Luísa Sigea (excerto) , págs. 15-17

Isabel Allegro de Magalhães, O diálogo de duas jovens mulheres (excerto), págs. 17 – 20

Luísa Sigea - Diálogo de duas Jovens sobre a Vida na Corte e a Vida Particular (excertos)  - Tradução de Maria do Rosário Laureano Santos, págs. 65-71.

 

 

TEXTOS CONSULTADOS

 

 

J. Pereira Gomes, Luísa Sigea, em Enciclopédia Verbo.

 

Louise Sigée, Dialogue de deux jeunes filles sue la vie de cour et la vie de retraite (1552), présenté, traduit et annoté par Odette Sauvage, PUF, Paris, 1970

 

Léon Bourdon et Odette Sauvage, Recherches sur Luísa Sigea, Lisboa, Institut Français au Portugal, 1970, págs. 33-176

 

Américo da Costa Ramalho, A propósito de Luísa Sigea, em Estudos sobre o século XVI, INCM, Lisboa, 1982, págs. 185-197

 

Valeria Tocco, Una umanista Spagnola in Portogallo: Luisa Sigea e il suo poema SINTRA, in Il confronto letterario n.º 17, Maggio 1992, págs. 99-117, Università di Pavia, Italia.

 

P. Allut, Aloysia Sigea et Nicolas Chorier, N. Scheuring, Lyon, 1862

Online: http://books.google.com

 

José Silvestre Ribeiro, Luiza Sigéa: breves apontamentos histórico-literários, Lisboa, Academia Real das Ciências de Lisboa, 1880

 

Manuel Serrano y Sanz, Apuntes para una biblioteca de escritoras españolas, desde el año 1401 al 1833, TIPOGRAFÍA DE LA «REVISTA DE ARCHIVOS, BIBLIOTECAS Y MUSEOS», Calle de Olid, 8, Madrid, 1905. 2.º vol. pags. 394-471.

Online: www.archive.org

 

Sol Miguel-Prendes, A Specific Case of the Docta Femina: Luisa Sigea and her Duarum virginum colloquium de vita aulica et privata, in Acta conventus Neo-Latini Abulensis : proceedings of the tenth International Congress of Neo-Latin studies : Avila 4-9 August 1997, general editor Rhoda Schnur, Tempe, ACMRS, 2000, pags. 449 - 458

 

Conde de Sabugosa, O Paço de Sintra, Câmara Municipal de Sintra, 1989-1990, edição facsimilada da da IN de 1903.

Online: www.archive.org

 

Carolina Michaëlis de Vasconcelos, A Infanta D. Maria de Portugal (1521-1577) e as suas damas, prefácio de Américo da C. Ramalho, Lisboa, ILBN, Lisboa 1994, edição facsimilada da edição do Porto de 1902.

 

Carla Alferes Pinto, A Infanta Dona Maria de Portugal (1521-1577): o mecenato de uma princesa renascentista, Lisboa, Fundação Oriente, 1998, ISBN 972-9440-90-5

 

A sempre  noiva: carta de André de Resende à infanta D. Maria, tradução de Gabriel de Paiva Domingues, Coimbra, 1976.

 

Nieves Baranda Leturio, UNED, Madrid, Escritoras sin fronteras entre Portugal y España en el Siglo de Oro (con unas notas sobre dos poemas femeninos del siglo XVI), in Peninsula: revista de estudos ibéricos, n.º 2/2005, págs. 219-236, Faculdade de Letras da Universidade do Porto.

 

André de Resende, Ludovicae Sigaeae tvmvlvs, Rio de Janeiro, 1981, edição facsimilada da ed. de Lisboa, 1561.  ISBN 85-7017-016-5

 

Girolamo Britonio, Ulysbonae regiae Lusitaniae urbis carmen, Roma, 1546.