2-2-2009
Jacob de Castro Sarmento
(1691 - 1762)
Jacob de Castro Sarmento, nasceu em Bragança em 1691, tendo sido na altura baptizado com o nome de Henrique. Era filho de Francisco de Castro Almeida e de Violante de Mesquita, cristãos novos. Seu pai tivera antes um primeiro casamento com Luisa Pimentel, que falecera, tendo dela tido um filho chamado João de Castro e Almeida. Henrique tinha um irmão inteiro mais velho, com o nome de Manuel de Castro Almeida. A família viveu em Bragança até aos 6 ou 7 anos de idade de Henrique, e mudou-se então para Alvito no Alentejo, depois para Ourique e, por volta de 1706, para Mértola. Henrique foi adolescente estudar para a Universidade de Évora, onde ficou Mestre em Artes em 1710. Foi então estudar Medicina para a Universidade de Coimbra, onde concluiu o curso em 1717. Entre os seus professores destaca-se João Pessoa da Fonseca, que foi amigo dele.
Praticou algum tempo em Beja, com o Dr. Pedro Dias Nunes, e também noutras terras do Alentejo e do Algarve, e depois em Lisboa. Mas por volta de 1721, decidiu partir para Inglaterra com a esposa Isabel Inácia. Como acontece relativamente a outros cristãos novos que se auto-exilaram, também em relação a ele, indicam uns autores que ele partiu para poder aprofundar os seus conhecimentos médicos, outros que para poder praticar em sossego a religião judaica. Para mim, é evidente que a razão não foi nem uma nem outra: foi para Londres, para não ser preso pela Inquisição. Segundo já alguém disse, ele foi mesmo denunciado como judaizante no processo n.º 11300 de Francisco de Sá e Mesquita. Não é verdade; aliás, se o fosse, teria sido preso. O seu nome aparece de facto mencionado naquele processo (fls. 1332), quando se procurava a pessoa a quem correspondia o nome falso de João Manuel de Andrade, utilizado por um denunciante na Inquisição de Évora em 9 de Outubro de 1720. Diz o relator do Visto em Mesa de 2 de Setembro de 1723, que alguns dos presos na sequência daquela denúncia se "queixavam" de Henrique de Castro Sarmento; mas a fls. 446, um Notário declara que aquele denunciante não era nem este médico nem o irmão do réu, António de Mesquita. No processo concluiu-se que o denunciante com nome falso em Évora era o próprio réu, Francisco de Sá e Mesquita, que foi relaxado como falsário.
9-5-2012 - Adenda - Encontrei agora uma denúncia contra Henrique de Castro Sarmento como judaizante no processo n.º 678, fls. 161, da Inq. de Lisboa, de Manuel de Sousa Pereira, residente em Beja, feita por ele em 14 de Julho de 1721, dando-lhe a culpa em 1720, em Beja em casa de João Alves Castro.
A família foi muito assediada pela Inquisição, como se constata dos processos de parentes seus existentes na Torre do Tombo (o primeiro número é a data; o segundo indica o processo):
Antes de 1700:
1662 – 2846 – Coimbra – seu tio direito, irmão de seu pai, Manuel de Almeida e Castro ou Manuel de Santiago, filho de João Vaz de Castro e de Pascoela de Santiago.
1662 – 6014- Coimbra – Sua avó paterna, Pascoela de Santiago, casada com João Vaz de Castro
1664 – 4406- Coimbra – Luisa Laines ou Luisa de Lains, Segunda tia, irmã de sua avó paterna Pascoela de Santiago, e casada com Manuel Dias. Luisa de Lains e Pascoela de Santiago eram filhas de António de Santiago e de Filipa de Lains.
1664 – 2031 – Coimbra, seu segundo tio afim, Manuel Dias ou Manuel Dias de Castro, casado com sua tia, a anterior Luisa Laines ou Luisa de Lains.
De 1701 a 1720:
1705 – 3050 – Lisboa – sua segunda prima e prima direita de seu pai, Mariana de Castro, casada com Eliseu Pimentel e filha de Manuel Dias e de Luisa de Lains.
1705 – 7301- Coimbra – Sua tia direita, irmã de seu pai, Mariana de Santiago, casada com Alexandre Pereira
1706 – 3019 – Évora – Seu pai, Francisco de Castro Almeida
1706 – 6692 – Évora – seu meio irmão, João de Castro e Almeida, por parte do pai
1707 – 339- Lisboa – seu primo direito, Manuel de Santiago, filho de sua tia paterna Mariana de Santiago e do marido, Alexandre Pereira, e casado com Luisa Maria
1711 – 1582- Coimbra - Seu primo direito João de Castro, filho de seu tio paterno António de Almeida e esposa Mariana de Almeida
Depois de 1720:
1726 - 11400- Lisboa – sua sobrinha, Violante de Almeida, filha de seu meio irmão João de Castro Almeida e esposa Leonor Maria ou Leonor de Mesquita
1726 – 1440- Lisboa - seu sobrinho, António de Almeida, filho de seu meio irmão João de Castro Almeida e esposa Leonor Maria ou Leonor de Mesquita
1726 – 6757 – Évora - seu sobrinho, Francisco de Almeida, filho de seu meio irmão, João de Castro Almeida e esposa Leonor Maria ou Leonor de Mesquita
11540 - Évora - seu sobrinho, Rafael de Castro Almeida, filho de seu meio irmão, João de Castro Almeida e esposa Leonor Maria ou Leonor de Mesquita - não chegou a ser preso; o processo contém apenas a transcrição de denúncias contra ele noutros processos.
1750 – 7877- Coimbra – seu segundo primo, João de Castro, filho de Manuel de Santiago e esposa Luisa Maria, e casado com Mariana Rosa
A máquina da Inquisição triturava pessoas e bens, exigindo aos acusados que denunciassem todos os familiares. Tanto mais injusto quanto, naquela altura, era impossível que houvesse qualquer instrução religiosa de práticas judaicas, completamente esquecidas [1]. Haveria quando muito, uma vaga saudade de tempos antigos e uma tradição de certos rituais como o jejum do Kipur, vestir uma camisa lavada na noite de sexta-feira e não trabalhar aos sábados, não comer carne de porco, omitir o nome de Jesus no final do "Pai Nosso" (quando se terminava com "Amen, Jesus, Maria e José"), etc. [2]
As denúncias eram muitas vezes falsas e não correspondiam à realidade, inventavam-se factos e crenças para contentar os inquisidores. Também, nem todas as denúncias eram maldosas, era impossível que os pais quisessem mal a seus filhos ou vice versa, eram apenas um expediente para se livrarem do cárcere. Havia mesmo denúncias perfeitamente inócuas, como, por exemplo, denunciar os já falecidos, ou os ausentes no estrangeiro [3]. Foi o caso da sobrinha de Henrique de Castro Sarmento, Violante de Almeida, que sob o título “Mais confissões” em 22 de Abril de 1728, figura a fols. 46 do seu processo como tendo declarado:
…e que era mais lembrada que haverá oito anos pouco mais ou menos, nesta Cidade de Lisboa e casa de seu tio Henrique de Castro, cristão novo, médico, casado com Isabel Inácia, filho de Francisco de Castro e Violante de Mesquita, natural da cidade de Bragança e morador nesta cidade de Lisboa, donde fugiu não sabe para onde, nem que fosse preso, nem apresentado, estando ambos sós, por ele mesmo perguntar a ela confitente, que na dita ocasião estava em sua casa, porque trabalhava naquele dia, que era um sábado, ela confitente lhe respondeu que o fazia por razão da dita Isabel Inácia, o dito Henrique de Castro lhe disse que, sem embargo que não trabalhasse ao sábado, e entre estas práticas se declararam como criam, e viviam na Lei de Moisés, para salvação de suas almas, e o dito seu tio Henrique de Castro lhe deu um livrinho em língua castelhana, que tinha os salmos de David, e era impresso, o qual como já tem dito se lhe rasgou e com ele não passou mais.
Era pois certo e sabido que, mais cedo ou mais tarde, também Castro Sarmento seria atormentado pela Inquisição, como um bom número dos seus parentes.
Embora tenha sido dito que sua mãe Violante de Mesquita faleceu na Inquisição, não há provas disso. Existe um processo de alguém com este nome na Inquisição de Coimbra (n.º 4662), mas é certamente outra pessoa: trata-se de moça solteira (em 1706), com cerca de 20 anos. No seu processo (3019-Évora), em 1706, seu pai Francisco de Castro Almeida declara ser viúvo pela segunda vez.
Chegado a Londres, circuncidou-se e mudou o nome para Jacob; ali teve o apoio do Rabi David Neto e do médico judeu ortodoxo Isaac de Sequeira Samuda (1681-1729) [4]. Sua mulher mudou o nome para Raquel, ou talvez Sara. Destes dois nomes, R. Barnett quis concluir que ele casou três vezes, mas não deve ter razão. Foi judeu praticante durante algum tempo e foi mesmo convidado a pregar na Sinagoga. Estes sermões foram depois publicados com o título
Exemplar de Penitencia dividido em tres Discursos Predicaveis para o dia Santo de Kipur. Dedicado ao Grande, e Omnipotente Deos de Israel. Ille dolet vere, qui sine teste dolet. Martial. Epigram. 31. Londres, anno da Creação do mundo 5484, que he de Christo, 1724.
Outra obra de carácter religioso que escreveu, foi uma adaptação poética do Livro de Ester, da Bíblia, cujo título é:
Extraordinaria providencia que el gran Dios de Israel usó con su escogido pueblo, en tiempo de su mayor aflicción, por medio de Mior Mordehay y Ester, contra los perversos intentos del tirano Amán. Compendiosamente deduzida de la Sagrada Escritura en el seguinte Romance. Londres, en el ano de la Creacion del mundo 5484, de Christo 1724. He o livro de Ester reduzido a metro Castelhano.
Diz Matt Goldish que esta obra se perdeu, não se conhecendo qualquer exemplar. R. Barnett adianta a suspeita de que não chegou a imprimir-se, o que pode muito bem ser verdade.
O seu amigo David Neto faleceu em 1728 e ele publicou então
Sermão funebre às deploraveis memorias do muy Reverendo, e doutissimo Haham Asalem Morenu A .R.. o Doutor David Neto insigne Theologo, eminente Pregador, e cabeça da Congregação de Sahar Hassamaym. Londres, 5488 da Creação do mundo, e de Christo, 1728. 8.
Entretanto, desde a sua chegada a Londres, Castro Sarmento foi aprofundando os seus conhecimentos de medicina. Publicou então
A dissertation on the method of inoculating the small-pox; with critical remarks on the several authors who have treated of this disease. By J. C. M.D / Jacob de Castro Sarmento -- London : Printed for T. Bickerton at the Crown in Pater-Noster-Row, 1721 – 48 pag.
de que saiu também a tradução para latim:
Dissertatio in novam, tutam, ac utilem methodum Inoculationis, seu transplantationis variolarum, Thefaliae, Constantinopli, & Venetiis primo inventam, nuncque hac Civitate authoritate Regiae Majestatis Britanicae comprobatam 28. Julii 1721. Cum Criticis notis in varios Authores de hoc morbo scribentes. Londini. 1721. 8.
Este livrinho teve bastante repercussão na Europa, sucedendo-se as edições e também traduções para outras línguas. Foi incluído, em versão latina, nas “Opera Medica” de Richard Morton (edição de 1733 e seguintes).
Em 1725, foi admitido no Real Colégio de Médicos, o que lhe permitiu praticar legalmente medicina em Inglaterra. Em 1726, publicou a primeira das suas obras relativas a águas com virtudes curativas:
Discurso Practico, ou Syderohydrologia das aguas mineraes Espadanas, ou Chalibeadas. Londres por J. Humfrey . 1726 . 8.
Tendo embora muitos amigos, em Londres, também lhe não faltaram inimigos. Em 1724, foi acusado de ter denunciado à Inquisição cristãos novos, em Beja, acusação que foi ainda repetida várias vezes durante a sua vida, apesar de os dirigentes da comunidade judaica terem procedido a uma espécie de julgamento, de que saiu absolvido.
Quando mais tarde, em 1729, estava para entrar para a Real Sociedade, não foi admitido devido a uma carta contra ele escrita por Meyer Schomberg, um judeu Ashkenazi, médico rival e seu inimigo. Um outro seu inimigo e acusador foi o médico judeu Daniel de Flores.
Em 1730, finalmente, foi admitido como sócio (Fellow) na Real Sociedade. Publicou bastantes artigos nas Philosophical Transactions of the Royal Society, embora quase todos com informações que lhe eram transmitidas ou de Portugal, ou do Brasil ou das colónias. Aparentemente, apenas é da sua autoria um texto sobre os diamantes do Brasil, transcrito aqui.
Segundo tudo indica, depois do falecimento do Rabi David Neto (1728) e também do seu colega Isaac de Sequeira Samuda (1729), arrefeceu bastante o fervor religioso judaico de Castro Sarmento. Depois da morte de Samuda, completou (com 50 estâncias oitavas, segundo Inocêncio F. Silva), o poema escrito pelo falecido, de 13 cantos e 1415 estâncias oitavas, intitulado:
“Viriadas do doctor Isaac de Sequeira Samuda, Medico Lusitano, e Socio da R. Sociedade de Londres. Obra postuma, digesta, corrigida e conclusa pelo Doctor Jacob de Castro Sarmento, Medico Lusitano do Real Collegio dos Medicos de Londres e sócio da Real Sociedade que a offerece ao maior protector das letras, o muito alto e poderoso senhor D. João O Quinto, Rei de Portugal. “ Inocêncio omite o adjectivo “corrigida”. Deverá existir um exemplar do poema nos Arquivos do Duque de Palmela (seguindo Inocêncio e também Barnett). Constata-se na Internet que existe outro na Biblioteca Thomas Fisher, da Universidade de Toronto (MSS 05074).
Por volta de 1730, começou a estabelecer contactos em Portugal, com vista a tornar-se aqui conhecido e apreciado. Começou a corresponder-se com a Real Academia de História de Lisboa. E, com o apoio de Sir Hans Sloane, Presidente da Real Sociedade, propôs à Universidade de Coimbra a criação de um Jardim Botânico, com sementes do Chelsea Physic Garden. Mas a sua proposta não teve sequência na sua vida, mas apenas quarenta e um anos depois (Barnett).
Segundo parece, D. João V foi aconselhado pelo 3.º Conde da Ericeira, D. Luis de Menezes, a pedir a opinião de Sarmento sobre a reforma do ensino médico. Muito satisfeito, ele propôs-se traduzir a obra de Francis Bacon e inclusivamente enviou para Lisboa um projecto de poucas páginas, para se escolher entre dois tamanhos do livro. O projecto não teve sequência (por interferência dos Jesuítas, segundo se diz). Mais tarde Sarmento queixou-se, alegando ter feito despesas que não lhe foram reembolsadas.
As ligações com Portugal intensificaram-se quando, em 1735, ficou médico da legação portuguesa em Londres, por decisão de Marco António de Azevedo Coutinho, enviado plenipotenciário, recém-chegado. Foi assim que conheceu depois em 1739 o novo enviado, Sebastião José de Carvalho e Mello, mais tarde Marquês de Pombal.
Em 1739, foi-lhe atribuído o Doutoramento pela Universidade de Aberdeen, sendo o primeiro médico judeu a receber tal título.
Entretanto, em 1735 publicara o 1.º volume da sua obra mais importante
Materia Medica Historico - Physico – Mechanica, Parte I, a que se ajuntam os principais remédios do prezente estado da Matéria Médica; como Sangria, Sanguessugas, Ventosas Sarjadas, Emeticos, Purgantes, Vesicatorios, Diureticos, Sudorificos, Ptyalismicos, Opiados, Quina Quina, e, em especial, as minhas AGOAS DE INGLATERRA, como também huma dissertaçam Latina sobre a inoculação das bexigas, composta por Jacob de Castro Sarmento, M.D. do Real Colegio dos Medicos de Londres e Sócio da Sociedade Real. Londres. 1735. 8.
Online: http://digitool01.sibul.ul.pt/ (edição de 1758)
Dedicada a Marco António de Azevedo Coutinho, ministro plenipotenciário português em Londres
No livro, Sarmento discute pela primeira vez a “Água de Inglaterra”, que durante um século iria dar muito que falar. Trata-se do primeiro remédio para as febres palúdicas à base da quina quina, a casca de uma planta da América do Sul denominada chinchona. Ao contrário do que o nome sugere, o produto era dissolvido em vinho, em que é mais solúvel. Apareceu primeiro em Roma, por volta de 1645, num grande surto de malária, onde era usado em pó, com o nome de o “pó dos Jesuitas”.
O primeiro a fabricar a “água de Inglaterra” a fim de a mandar para Portugal foi Fernando Mendes, de Trancoso, médico da Rainha D. Catarina. Mendes estudara na Universidade de Montpellier, onde se matriculara em 1666 e se doutorara em 22 de Dezembro de 1667. Em 1669 era médico da Corte em Londres e consta da lista de médicos de D. Catarina de 1678. De facto, a Rainha D. Catarina enviou o remédio a D. Pedro II em 1681. Embora casado com uma judia, Fernando Mendes não se apresentava como judeu e era mal visto por esta comunidade.
Também era médico da Corte inglesa por essa altura, Robert Talbor, que depois foi para França onde usou o nome de Robert Talbot, curou Louis XIV (tomou pela primeira vez o remédio em 1686) e se disputou com outro médico da Corte, Nicolas de Blegny. Este último publicou sobre o assunto o livro indicado na bibliografia.
Carmo Sarmento dizia que Fernando Mendes havia comunicado a fórmula a D. Pedro II, mas com o pedido de não a divulgar.
A fórmula foi depois publicada Pelo Padre Manuel de Azevedo no livro "Correcção de abusos introduzidos contra o verdadeiro methodo da medicina", na edição de 1690.
Fernando Mendes faleceu em 26 de Novembro de 1724. Embora os filhos deste, António e Diogo Mendes tivessem obtido privilégio real para continuarem a vender a “água de Inglaterra” em 1734, isso não obstou a que Jacob de Castro Sarmento conseguisse vender o produto por ele fabricado através de uma rede extensa de correspondentes em Portugal. Dos primeiros a ser curados em Portugal, com a “água” de Sarmento, destacam-se D Manuel José de Castro Noronha Ataíde e Sousa (1666-1742), 9.º Conde de Monsanto e 3.º Marquês de Cascais, o Cardeal D. Nuno da Cunha e Ataíde (1664 – 1750), Inquisidor-geral, e o Dr. Francisco Xavier Leitão (1667 – 1739), médico da câmara de D. João V.
Retomaremos depois a narração das andanças da “água de Inglaterra”, que duraram até que os farmacêuticos Pierre-Joseph Pelletier e Joseph-Bienaimé Caventou em 1820 isolaram a substância activa do sulfato de quinino da chinchona.
Nos seus estudos, Sarmento encontrou a obra de Newton, de quem ficou grande admirador. Sobre ele, escreveu e publicou
Theorica Verdadeira das Mares, Conforme à Philosophia do incomparavel cavalhero Isaac Newton;
Em que se mostram, pela mais evidente, e distinta forma, os principaes Phenomenos das Marés; e se explicam de maneira, que se fazem perceptiveis a qualquer capacidade commua, ainda que sem Principios Geometricos, e Astronomicos, de que tanto se necessita, para intelligencia do que o Illustre NEWTON descobrio, e nos deixou sobre este dificultosissimo Phenomeno da Natureza. Illustrado tudo com variedade de Figuras, acommodadas a os principaes Phenomenos das Marés. A que se ajunta, Como Introducçam no principio, huma breve Relaçam da vida, e descubrimentos deste Immortal, e Illustre Philosopho: E a o fim, em forma de Apendix, a Demonstraçam, de que a Lua se retem no seu Orbe pela Força da Gravidade, Londres: s.n. 1737
Dedicada a D. Manoel José de Castro Noronha Ataíde e Sousa, 9.º Conde de Monsanto, 3.º Marquês de Cascais
Está online em http://purl.pt/14453/
Não é um livro cientificamente original, mas é certamente um elogio entusiasta de Newton e da sua obra. E é claro que não é uma tradução, como alguns escreveram.
Por esta altura, Sarmento publicou também traduções para Português da obras médicas de Stephen Halles e Samuel Sharp:
Relação de alguns experimentos e observações feitas sobre as medicinas de mad. Stephens, para dissolver a pedra. Em que se traz o exame, e se mostra a sua faculdade dissolvente. Por Estêvão Halles, Doutor em Theologia, Reitor de Faringdon e Sócio da Sociedade Real. Ajunta-se um compendio historico de todos os factos desde a origem d’este descobrimento, até que, por fazê-lo público, recebeu a sua inventora do Parlamento de Inglaterra, o prémio de cinco mil libras, ou cincoenta mil cruzados. Traduzido, e illustrado tudo por Jacob de Castro Sarmento, Doutor em Medicina na Universidade de Aberden, do Collegio Real dos Medicos de Londres e Sócio da Sociedade Real, que acrescenta ao fim o estado, em que este descobrimento se acha, e as formas em que fica em uso, ao publicar esta Obra. Londres, 1742.
Este escrito foi dedicado a Sebastião José de Carvalho e Melo, Enviado Extraordinário de S.M. Portuguesa a El-Rei da Grã Bretanha.
Tratado das Operaçoens de Cirurgia com as figuras, e descripção dos instrumentos, de que nellas se faz uzo, e huma introdução sobre a natureza, e methodo de tratar as feridas, abcessos, e chagas; traduzido de Inglez de Monsieur Samuel Sharp Cirurgião do Hospital de Guy em Londres, e acrecentado pelo traductor com huma Materia Chirurgica, ou todas as composiçoens, e remedios da prezente Pratica de Cirurgioens de Inglaterra, e as couzas mais principaes, e precizas na Cirurgia. Londres. 1744. 8.
Na Biblioteca Nacional, existem ainda em manuscrito:
Cronologia Newtoniana Epitomizada – Chronica breve desde a primeira memória das couzas da Europa até à conquista da Pérsia por Alexandre Magno,
que, segundo julgo, é a tradução da “Short Chronicle”, de Newton: The Chronology of Ancient Kingdoms Amended, To which is Prefix'd, A Short Chronicle from the First Memory of Things in Europe, to the Conquest of Persia by Alexander the Great, online, aqui.
Nova descripçam do globo, ou exacta medida dos imperios, reynos, territorios estados principaes, etc., de todo o mundo [ Manuscrito] ; Traduzido e ampliado por Jacob de Castro Sarmento
Os seus inimigos, entretanto, não desistiam de o atacar. Em 1746, o médico Schomberg fez circular um panfleto em hebraico, acusando os sefarditas de Londres de serem “swearers of false oaths and Sabbath-breakers who ride in carriages, open their business letters and discuss their business affairs on the holy days, oppress the poor, are whorers and adulterers who fornicate with the daughters of the gentiles and commit various sins” (Barnett). Na realidade, deverá ter sido por essa altura que Sarmento tomou como amante uma não judia de nome Elizabeth, de quem teve dois filhos, Henry em 1748 e Charles em 1758. Sua esposa faleceu em 1755 e ele casou com a amante em 1758.
Nesta altura, já ele tinha abandonado praticamente toda a prática religiosa, pois comunicou à Sinagoga:
Gentlemen,
The different opinion and sentiments I have entertained long ago, entirely dissenting from those of the Synagogue, do not permit me any longer to keep the appearance of a member of your body; I now therefore take my leave of you, hereby renouncing expressly that communion in which I have been considered with yourselves. I do not however renounce the intercourse I may have with you in the general society of men of honour and probity, of which character I know many among you, and whom, as such, I shall always esteem.
A água de Inglaterra
Vimos já que, a partir da década de 1730, Jacob de Castro Sarmento montou uma autêntica organização comercial em Portugal para a venda da sua “água”, importada de Inglaterra. Tinha para isso uma rede de correspondentes espalhada pelo País. Não era, porém, o único a vender o produto, pois já a Gazeta de Lisboa dizia, em 1720, que a “água de Inglaterra” era vendida em Portugal há 40 anos. Mas a “água” de Sarmento impôs-se e ganhou fama de ser melhor que as outras.
Para o final da sua vida, deverá ter tido o desgosto de ver surgir um concorrente, donde menos esperaria: um seu sobrinho-neto, André Lopes de Castro. Nasceu este em 1734 ou 1735, filho de Diogo Lopes de Castro e, segundo tudo indica, de Violante de Almeida. Em 1750, a mãe dele escreveu para Londres ao tio, pedindo-lhe que lhe acolhesse o filho em Londres, e o educasse para a vida, dando-lhe uma profissão. Resignado, Sarmento recebeu-o em sua casa e pô-lo a estudar, mas ele fugiu ao fim de dois meses. A mãe suplicou ao tio que o recebesse de novo em Londres, o que aconteceu, mas pouco tempo lá esteve. Regressado a Portugal, gabava-se de ter obtido a fórmula da “água de Inglaterra” dizendo umas vezes que o tio lha tinha dado, outras que a roubara, outras ainda que lha dera sua tia Isabel Inácia.
O negócio não terá sido florescente enquanto o tio foi vivo, mas, pouco a pouco, foi crescendo, pois em 1774, foi autorizado legalmente a fabricar a “água de Inglaterra”.
Diz-nos o Prof. José Pedro Sousa Dias na sua monografia que, em 1784, tinha André Lopes de Castro uma rede de 33 correspondentes que daí a pouco se elevou a 48. O mesmo autor explica assim o êxito da “água” por ele vendida:
- Em 1759, dera-se a expulsão dos Jesuítas, desaparecendo assim um concorrente, o P.e Alexandre Botelho, que vendia a “água febrífuga”.
- Em 1762 morre seu tio Jacob de Castro Sarmento, a viúva não deve ter tido condições para gerir o negócio e os filhos eram ainda crianças de 14 e 4 anos.
- O Dr. João Mendes Sachetti Barbosa, que também fabricava a “água”, deixou de o fazer quando foi nomeado Físico-Mor do Reino, também em 1762.
- O medicamento chegava ao consumidor em melhores condições, já que não tinha de viajar tanto como o que vinha de Inglaterra.
André Lopes de Castro faleceu a 25 de Fevereiro de 1803, com 68 anos, de gota, de que sofria desde 1784, pelo menos. Continuou o negócio seu filho José Joaquim de Castro, que foi feito Cavaleiro da Ordem de Cristo em 1804, com dispensa das “provanças”.
As disputas sobre a "Água de Inglaterra” chegaram mesmo às Cortes Constitucionais de 1820-1822. Foi o caso que um António José de Sousa Pinto requereu às Cortes que se retirasse a José Joaquim de Castro o privilégio de, em exclusivo, chamar ao seu preparado de quina “água de Inglaterra”, já que a que o requerente fabricava era melhor e mais pura que a dele. Depois de variadas discussões que se prolongaram desde 7 de Abril de 1821 até 23 de Maio do mesmo ano, foi dada razão ao requerente, permitindo-se a todos os preparadores que dessem ao produto o nome de “Água de Inglaterra”, indicando-se a seguir o nome do fabricante. Ficou assim revogado o privilégio da família Castro, que vinha do Decreto Real de 2 de Outubro de 1811, como se vê deste texto:
AVISOS
Manoel Joaquim Pereira, Boticário da Villa da Cachoeira, tendo feito publicar no Supplemento da Gazeta n.º 85, que vendia Água de Inglaterra da composição de António José de Souza Pinto, foi obrigado assignar termo nesta Cidade a 18 do corrente para não continuar a venda da dita composição, nem de outro Auctor debaixo de semelhante titulo, por ser este concedido privativamente à que se manipula na Real Fábrica de José Joaquim de Castro, por Decreto de 2 de Outubro de 1811, e Provisão de 20 de Abril de 1812, assim como também se obrigou o dito Manoel Joaquim a tirar das garrafas o titulo de Água de Inglaterra, e pagou as custas.
(Idade d’Ouro do Brazil n.º 102, Terça-feira 22 de Dezembro de 1812, pag. 4)
Últimos anos
Na sua idade madura e últimos anos da sua vida, Sarmento dedicou-se sobretudo ao fabrico e exportação da sua água para Portugal, ao mesmo tempo que não parava de escrever. Prosseguiu o estudo da farmacopeia, em especial de águas com poderes curativos, nomeadamente as das Caldas da Rainha.
Por esta altura, Sarmento deu a sua contribuição para o estabelecimento de um hospital destinado à comunidade judia de escassos recursos, denominado Bet Holim. Era uma tarefa de prestígio e, por isso, lá veio mais uma vez o Dr. Schomberg apresentar denúncias contra ele, que foram julgadas sem fundamento.
Para o Hospital, ele e o colega Phelipe de la Cour (ou Abraham Gomes Ergas), escreveram uma lista de remédios, publicada em latim, com o título:
Pharmacopoeia contracta: in usum nosocomii ad pauperes e gente Lusitanica curandos nuper instituti. A J. de C. S. & P. de L. M.D. et ejusdem nosocomii medicis concinnata / Jacob de Castro Sarmento, Londini, 1749
Não tem dedicatória. Abre com uma saudação ao leitor, de 8 páginas, seguindo-se 89 páginas de texto. Tradução do título: "Farmacopeia redigida para uso do hospital recentemente instituído para os pobres de origem Portuguesa"
(Está online em http://books.google.pt)
Escreveu e publicou a seguir:
Appendix ao que se acha escrito na materia medica, do Doutor Jacob de Castro Sarmento, sobre a natureza, contentos, effeytos e uso pratico, em forma de bebida e banhos, das agoas das Caldas da Rainha - Por J. de Castro Sarmento, partecipado ao publico, em huma carta escrita a Dr. João Mendez Saquet Barboza, sócio da Sociedade Real de Londres, a que se ajunta o novo methodo de fazer uso da ágoa do mar na cura de muitas enfermidades crónicas, em especial, no achaque das glândulas. Londres, 1753
Publicou um livro sobre o uso e abuso (como ele mesmo diz) da “água de Inglaterra”:
Do uso, e abuso das minhas agoas de Inglaterra, ou directorio, e instrucçam, para se saber seguramente, quando se deve, ou não, usar dellas, assim nas enfermidades agudas; como em algumas chronicas; e em casos propriamente de cirurgia: Pello Inventor das mesmas Agoas, J. de Castro Sarmento (1756)
Impresso em Londres, em caza de Guilherme Strahan. No anno, 1756
Dedicado a D. Diogo de Mendonça Corte Real, Secretário de Estado da Marinha e dos Negócios Ultramarinos
(Está online em www.archive.org)
Finalmente, publicou o 2.º volume da “Matéria Médica”, sobre o reino vegetal e animal, juntando-lhe o conteúdo do primeiro volume sobre o reino mineral.
Materia medica physico-historico-mechanica. Reyno mineral ... os principaes remedios do prezente estado da materia medica ...: Parte I. Ediçam nova, corrigida e repurgada, a que se accrescentam por continuaçam desta obra, para fazê-la completa os Reynos vegetavel e animal. Parte II. Por Jacob de Castro Sarmento, Impresso em Londres em casa de Guilherme Strahan, 1758, 586 páginas
Dedicado a D. Pedro Henrique de Bragança, Souza, Tavares, Mascarenhas, e Sylva, Duque de Lafões, Marquês de Arronches, Conde de Miranda, etc.
Note-se com Luis Cardim, que não é dele a gramática anglo-lusitanica e lusitano-anglica (Londres, 1751 – 2.ª edição) que indica como autor J. Castro, Mestre e tradutor de ambas as línguas, cuja autoria lhe é atribuída por alguns.
Jacob de Castro Sarmento e a Religião
O apego às tradições judaicas em Sarmento é bem fraco, desmentindo os que afirmam que ele se exilou para poder praticar aquela Religião. Falecida sua esposa, casou com a sua amante gentia e baptizou os filhos que dela teve. Estes fizeram a sua vida em Inglaterra; Henry entrou na St Paul’s School e viria a ser general no exército da East India Company. Alguns afirmam que Sarmento se converteu à Religião Anglicana.
Sabemos que acreditava em Deus, mas pode acontecer que a sua religião se ficasse por esse Teismo, como sugere este trecho do Scholium da “Teórica verdadeira das marés”:
Nesta Theorica das Marés, para útil e admirável remate de todo o Discurso, se pode, e deve observar, por modo de scholio; que supposto que, depois do descobrimento da quella nobre machina do Telescopo, se tem achado, que Jupiter tem quatro Luas, e Saturno cinco, que se movem à roda de cada um da quelles Planetas, o não termos nós, ou a Terra mais do que uma Lua, e o termos essa, he um dos irresestiveis argumentos, que nos offerece esta Theorica, de que o presente estado das Cousas não foi produzido por accidente, ou acaso, mas sim formado, e disposto pelo alto conselho, e incompreensível desígnio de hum Agente Eterno, Intelligente e Puro, o Geómetra Todo poderoso, o qual construio, e formou todas as Cousas por uma certa e exacta mensura, de Número, Pezo e Medida.
Faleceu Jacob de Castro Sarmento em 1762, tendo sido sepultado no cemitério de St. Andrew, Holborn.
N.B. Os processos indicados a encarnado estão online na base de dados da Torre do Tombo.
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NOTAS:
[1] A Inquisição não pode ser estudada globalmente ou com estatísticas. Foi mudando conforme as épocas e, dentro de cada época, cada caso é um caso. Os interesses em jogo também não eram sempre os mesmos, embora a cobiça dos bens dos presos e condenados estivesse sempre presente.
[2] É interessante constatar que a crença, o fervor e as práticas judaicas e judaizantes são nitidamente exageradas pelos estudiosos de dois pólos opostos:
- pelos nacionalistas, para, de certo modo, justificarem a acção da Inquisição: se agiam como judeus, infringiam a lei e tinham de ser punidos (isto não é dito assim às claras, mas apenas sugerido).
- pelos prosélitos judaicos, que tentam transformar os condenados em mártires, como se sofressem e morressem pela sua fé: os mártires são uma classe que faz muito jeito a proselitistas de qualquer tipo.
[3] As denúncias eram o mecanismo utilizado para multiplicar o número de prisões: a partir de certa altura, todos os processos começam com a transcrição das denúncias feitas noutros processos contra o arguido. Depois este, se queria livrar-se com vida e, se possível, não ir ao tormento, tinha de denunciar (adivinhando) todos os que o haviam denunciado a ele e ainda muito mais gente, para ficar bem visto pelos Inquisidores.
Afiguram-se-me como correctas as classificações que fiz das denúncias:
- falsas e verdadeiras
- inocentes e maldosas, conforme a intenção de quem as fazia
– as inocentes podiam ser inócuas ou danosas, conforme os resultados.
[4] Isaac de Sequeira Samuda, nasceu em Lisboa em 1681, foi baptizado com o nome de Simão e usava em Portugal o nome de Simão Lopes Samuda. Era filho de Rodrigo Machado de Sequeira e de Violante Nunes Rosa. Os seus avós paternos foram André de Sequeira e Maria Soares de Melo; os maternos, Simão Lopes Samuda, médico, e Leonor da Silva. Estudou Medicina em Coimbra, onde se formou em 21 de Maio de 1702 (certamente por lapso, o texto do Dr. Agusto d'Esaguy refere 1720); regressou a Lisboa para exercer a profissão.
Entretanto, a Inquisição moveu à família uma autêntica perseguição, pois, tendo já preso seu pai, prendeu sucessivamente a 2.ª esposa do Avô, os oito filhos desta, a sua irmã, e quatro primos, para além de outros parentes mais afastados que também foram presos (O primeiro n.º indica a data da prisão, o 2.º o número do processo):
1654 - 637 - Lisboa - seu pai, Rodrigo de Sequeira, então com 20 anos
1667 - 1830 e 1830-1 - Lisboa – 2.ª esposa de seu avô materno, Isabel Henriques
1703 - 7733 – Lisboa – sua mãe, Violante Nunes Rosa
1703 - 8793 – Lisboa – Tia materna Catarina Henriques
1703 - 8247 – Lisboa – Tia materna - Guiomar Maria Henriques
1703 - 9760 – Lisboa - Tia materna Branca Lopes Henriques
1703 - 8337 – Lisboa – Tio materno João Esteves Henriques de Samuda
1703 - 7178 – Lisboa – Tio materno Manuel Samuda de Leão
1703 - 2792 – Lisboa – Tio materno Pedro Lopes Henriques Samuda
1703 - 25 - Lisboa – Tia materna Clara Henriques
1703 - 1390 – Lisboa – Tia materna Custódia Henriques
1703 - 998 - Lisboa - sua irmã, Maria de Melo Rosa, de 20 anos
1712 - 11493 - Lisboa - seu primo, Rafael de Sá e Mesquita, de 18 anos, filho de António de Mesquita e de Guiomar Maria Henriques
1712 - 8144 - Lisboa - sua prima, Isabel Henriques, de 17 anos, irmã do anterior
1712 - 8159 ~ Lisboa - sua prima Luisa Antónia de Mesquita, de 15 anos, irmã da anterior
1712 - 11486 - Lisboa - sua prima, Violante Nunes Rosa, de 13 anos, irmã da anterior
O caso mais dramático foi o da irmã, Maria de Melo Rosa, relaxada em carne (morta pelo fogo) no auto da fé de 30 de Junho de 1709, como "convicta, ficta, simulada, confitente diminuta, revogante e impenitente". Tinha 27 anos. Ver aqui.
Simão Lopes Samuda (Processo n.º 2784 – Lisboa) foi preso a 23 de Julho de 1703, com 22 anos portanto, e tomou a atitude que mais desagradava aos Inquisidores: não confessou ser judaizante, nem denunciou ninguém. Já estavam no processo cópias das denúncias feitas contra ele por:
- António de Mesquita (Pr. n.º 153 - Lisboa - imagem n.º 64) , médico, seu tio afim, casado com sua tia materna Guiomar Maria Henriques;
- José Nunes Chaves (Pr. n.º 138 – Lisboa - imagens n.ºs 415 e 416), mercador
- Jorge Mendes Nobre (Pr. n.º 8279 – Lisboa - imagens n.ºs 41 e 42), advogado
- Francisco de Sá e Mesquita (Pr. n.º 11300 - Lisboa), Médico.
Outra coisa que ele fez e era contraproducente na Inquisição, foi apresentar defesa escrita através do seu procurador (advogado). Aquele "tribunal" só admitia defesas em teoria, não na prática.
Depois de insistirem com ele para confessar, sem resultado, os Inquisidores mandaram-no ao tormento. No final do processo (Outubro de 1704), estão as declarações de abjuração e do segredo, mas sem a sua assinatura, com a indicação “por não poder assinar”. Depois, a conta de custas: 5 427 reis.
Ignoro o que fez e por onde andou até chegar a Londres por volta de 1720. Os primos em 1712 referem-se-lhe na Genealogia, dizendo "Simão Lopes Samuda, natural desta cidade, donde se ausentou para fora do Reino, não sabe para onde".
No Anexo [2], duas poesias dele, um elogio ao livro muito conhecido de um amigo, Daniel Lopes Laguna.
Foi admitido no Colégio Real de Médicos em 19 de Março de 1722. A sua actividade em Londres está bem documentada, tendo Edgar Samuel escrito um detalhado artigo sobre ele para o Oxford Dictionary of National Biography (2004).
Faleceu em Londres em 1729.
The Philosophical Transactions of the Royal Society of London (abridged)
From the year 1665 to the year 1800
Vol. 7 – 1724 – 1734
Concerning Diamonds found in Brazil, by Dr. De Castro Sarmento. N°421, p. 199.
Having an Opportunity of discoursing with a Gentleman recommended to me, that came from the Gold Mines in Brazil, belonging to the King of Portugal, and brought many Diamonds of considerable Value, lately found in those places, I thought proper to desire of him an Account of the fame, being the fittest Person to describe every minute Circumstance of it, as one that has lived, and dug Gold there for these fifteen years last past; and he having obliged me with the said Account, in the Portugueze Tongue, I think it will not be unacceptable to the Society, to offer the Translation of it, which is as follows:
On the Prince's town, capital of the county Do Serro do Frio, belonging to the government of the Gold Mines, there is a place called by the natives Cay the Merin, where they used to dig gold for many years, as also from a small river, called Do Milho Verde. The miners, that dug gold in those places, turned up the grounds and sands of the banks of the said River, in order to extract the gold from them, and by so doing found several diamonds, which then they did not prize as such ; for, some of the miners kept several stones for their figure and curiosity, which, though so valuable, by length of time they neglected and lost, and did so till the year 1728, when one of the miners coming to work there, and being better acquainted, deemed them to be diamonds, and made experiments on them; and finding them really such, began to seek for them in the same ground and sand, where the former miners had ignorantly left them; and the rest of the people followed his example.
After they had thoroughly examined those places, they began to search for them in the river itself, and they actually found diamonds there, but with more difficulty and trouble. In the former places they found them together among the earth and sand, as they lay; but in the river, as the sand is more dispersed, they lie farther asunder.
Experience and common reason teach the people there, that these diamonds came from another place by the current of the waters, and are not the natural product of the situation where they now are found. So they are using all possible diligence to find out the place where they grow. They have not hitherto discovered it; but their hopes are much encouraged by having near the said situation several mountains, where there is abundance of fine solid rock. crystals.
The diamonds that have been found, are commonly from 1 grain to 6 carats; some larger, and among these, one of 45 carats. Their colour, solidity, and their other properties, are the same with those of the oriental diamonds; only it was observed, that those that lay more superficially, and exposed to the air and sun, were more scurfy; and consequently lost more by polishing than the others.
Estes diamantes têm um considerável valor na Europa; perderam-se muitos e sem as precauções que o Rei de Portugal sabiamente tomou, no sentido de que se não trouxesse cada ano mais que uma certa quantidade, que costuma ser de 50 libras, os Diamantes, esta mercadoria tão bela, teriam visto baixar enormemente o seu preço. Os joalheiros mais hábeis dizem encontrar uma visível diferença entre os diamantes do Brasil e os do Oriente, pela pureza da água, pelo brilho, e pela dureza. O Rei de Portugal fundou uma Companhia para as suas Minas de Diamantes.
Nota: O último período, que não figura na versão abreviada, foi traduzido do italiano, do periódico Maggazino italiano
Do livro Espejo fiel de vidas: Que contiene los psalmos de David en verso: Obra devota, util y deleitable compuesta por Daniel Israel Lopez de Laguna dedicado al mui Benigno y Generoso Señor Mordejay Nunes Almeida. En Londres, con licencia de los Señores del Mahamad, y aprobación del Señor Haham. Año 5480 (1720) , in 4.º, 48 inn. 286.
Elogios dedicados ao Sr. Daniel Lopez Laguna por o Dr. I. de Sequeira Samuda
Com dilúvios de harmónica afluência,
Dispende sacra Musa sonorosa,
De metros graves cópia majestosa,
Mares de graça em mares de cadência.
Requinta-se a poética excelência
No canoro da música gostosa,
Discreta melodia, arte engenhosa
Sobe o louvor, se humilha a penitência.
Desta angélica Musa recebeste
Seráfica influencia soberana,
Emanação do espírito Celeste.
Com loquela divina em voz humana,
Tão genuínas traduções fizeste,
Que Hebraico fala a língua Castelhana.
OITAVAS DO MESMO
De frase Hebraica em frase Castelhana,
O melífluo Psaltério transformaste;
Mas na beleza da cadencia Hispana,
A gravidade Hebraica lhe deixaste,
O sacro estilo, a graça mais que humana,
Os idiomas mudando, não mudaste;
Que imóvel no sublime, obra Divina,
Tem língua natural na peregrina.
Como lago argentado centro undoso,
Claro arquivo de linfas transparentes
Qual teu nome, é teu livro proveitoso,
Lago, ou tesouro de mentais correntes,
Fontes, que são como fluxo caudaloso,
Por dez bocas, de graça dez correntes
Rios, que guardam na versão mais pura,
Das próprias fontes natural doçura.
Doçura traduzida, e não mudada,
Que o sal da graça original reserva,
Sal que tendo virtude redobrada,
Em duas línguas um sabor conserva,
Luz permanente, inda que transmigrada,
Dote, que útil, e doce junto observa
Sacrifício, e manjar tão bem composto,
Que a devação convida pelo gosto.
Como fulgente sol reverberado
Em cristal puro as plantas mais alenta,
Celeste influxo de anjos derivado,
Nesse ESPELHO reflexos acrescenta,
Que às almas dando espírito dobrado
Da penitência os frutos lhe aumenta,
Frutos, que em permanência sempiterna,
Serão de vida, e glória em vida eterna.
LINKS:
Instituto Camões - Filosofia Portuguesa
Prof. José Pedro Sousa Dias - Diapositivos com biografia
Vera Regina Beltrão Marques - Remédios Secretos
"Teórica Verdadeira das Marés" - Dedicatória e Prólogo ao leitor
TEXTOS CONSULTADOS
José Pedro F. Sousa Dias, A água de Inglaterra no Portugal das luzes [Texto policopiado] - contributo para o estudo do papel do segredo na terapêutica do século XVIII, Trabalho apresentado para a prestação de provas de aptidão pedagógica e capacidade científica na Fac. Farmácia da Univ. de Lisboa, 1986, 130 fls.
Augusto de Esaguy, Jacob de Castro Sarmento - notas relativas à sua vida e à sua obra, Lisboa, Ática, 1946, 119 pags.
Maximiano Lemos, Jacob de Castro Sarmento, Typ. da Encyclopedia Portugueza Illustrada, Porto, 1950, 30 pags.
Matt Goldish, Newtonian, Converso, and Deist: The Lives of Jacob (Henrique) de Castro Sarmento, in Science in Context 10, 4 (1997), pags. 651-675
Richard Barnett, 1978-80, "Dr. Jacob de Castro Sarmento and Sephardim in Medical Practice in Eighteenth-Century London", Trnsactions of the Jewish Historical Society of England, n.º 37, pags. 84-114.
António Júliode Andrade, Maria Fernanda Guimarães, Pref. de Carla de Castro Vieira, Rev. de Manuel de Sousa Mendes, Jacob de Castro Sarmento, Lisboa, Vega, 2010, ISBN 978-972-699-955-3
António Ribeiro dos Santos.–Memórias da Literatura Sagrada dos Judeus Portugueses no presente século – em Memórias de Literatura da Academia das Ciências , Vol. IV , 1793, Pag. 329 - 330
Online: http://books.google.pt
José Pedro Sousa Dias, Droguistas, boticários e segredistas : ciência e sociedade na produção de medicamentos na Lisboa de setecentos. - Lisboa: Fundação Calouste Gulbenkian: Fundação para a Ciência e a Tecnologia, 2007. - XXI, 375 p. ; 23 cm. - (Textos universitários de ciências sociais e humanas), ISBN 978-972-31-1215-3
Jacob de Castro Sarmento, Do uso, e abuso das agoas de Inglaterra, ou directorio, e instrucçam, para se saber se guramente, quando se deve, ou não, usar dellas, assim nas enfermidades agudas ; como em algumas chronicas ; e em casos propriamente de cirugia, Impresso em Londres, Em casa de Guilherme Strahan, 1751.
Online: www.archive.org
José Pedro F. Sousa Dias, Jacob de Castro Sarmento e a sua fuga para Londres em 1721, in Cadernos de Estudos Sefarditas, Ciclo de Conferências 2004, n.º 5, de 2005, pgs. 53-61.
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Oxford Dictionary of National Biography, Isaac de Sequeira Samuda, by Edgar Samuel, Sept. 2004, 820 words, index - 101071570
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Online: http://books.google.pt
Meyer Kayserling, Geschichte der Juden in Portugal, Leipzig, 1867
Online: http://books.google.pt
Maggazino italiano, vol. I, Livorno, 1752, pag. 99-100
Online: http://books.google.pt
Nicolas de Blegny, Le remède anglois pour la guérison des fièvres: avec les observations de Monsieur le premier médecin de sa majesté, sur la composition, les vertus etc.; l'usage de ce remède, Paris : Vve d'Antoine Padeloup, 1682. 152 p
Online : http://gallica.bnf.fr/ark:/12148/bpt6k57432d
Journal de la santé du roi Louis XIV de l'année 1647 à l'année 1711, écrit par Antoine Vallot (1594-1671, Antoine d'Aquin (1620?-1696) et Guy-Crescent Fagon (1638-1718), avec introd., notes par Joseph-Adrien Le Roi(1797-1873).
Éditeur: Auguste Durand (Paris), 1862
Online : http://gallica.bnf.fr/ark:/12148/bpt6k203302w
Joaquim de Carvalho, «Jacob de Castro Sarmento et l'introduction des conceptions de Newton en Portugal» in Actes, Conférences et Communications, III.ème Congrès International d'histoire des sciences, tenu au Portugal du 30 septembre au 6 octobre 1934 – , Lisboa, 1936
Online : http://purl.pt/425
Luis Cardim, Gramáticas Inglesas para Portugueses e Gramáticas Portuguesas para uso de Ingleses, até fins do Sec. XVIII, in Anais das Bibliotecas e Arquivos de Portugal, n.º 10 Abril-Junho de 1922, pags. 105-107
Online : http://purl.pt/258/3/
Compendio historico do estado da universidade de Coimbra no tempo da invasão dos denominados Jesuitas e dos estragos feitos nas sciencias e nos professores: no tempo da invasão dos denominados Jesuitas e dos estragos feitos nas sciencias e nos professores, e directores que a regiam pelas maquinações e publicações dos novos Estatutos, por eles fabricados.
Junta de Providencia Literaria, Universidade de Coimbra, Francisco de Lemos, João Pereira Ramos de Azeredo Coutinho,
Rei de Portugal (1750-1777 : D. José)
Edição na Regia Officina Typografica, 1772, 503 páginas – Pags. 359 a 362
Online: http://books.google.pt
Diário das Cortes Geraes e Extraordinarias da Nação Portuguesa 1, 1821-1822
http://www.fd.unl.pt/Anexos/Investigacao/2053.pdf pags. 513 e 521
Diário das Cortes Geraes e Extraordinarias da Nação Portuguesa 2, 1821-1822
http://www.fd.unl.pt/Anexos/Investigacao/2054.pdf , pags. 901-903, errata a pags. 857 e discussão final a pags. 985-987
Diogo Barbosa Machado, Bibliotheca Lusitana, histórica, crítica e cronológica, Lisboa Occidental, Offic. de Antonio Isidoro da Fonseca, 1741-1759. Transcrito aqui.
Grande enciclopédia Portuguesa e Brasileira
Innocencio Francisco da Silva, Diccionario bibliographico portuguez e estudos applicaveis a Portugal e ao Brasil
Dicionário da História de Portugal, dirigido por Joel Serrão, António Barreto e Maria Filomena Mónica, Porto, Liv. Figueirinhas, 1984-2000
JACOB DE CASTRO SARMENTO, aliás Henrique de Castro Sarmento, filho de Francisco de Castro Almeida, e de Violante de Mesquita nasceu em a Cidade de Bragança da Provincia de Trás os montes em o anno de 1691, e sendo educado na sua puericia em a Villa de Mertola passou à Universidade de Evora onde aplicado ao estudo da Filosofia Aristotélica, de que teve por Mestre ao Padre Diogo Martins se distinguiu com tal excesso entre os seus condiscípulos, que não somente fez a primeira pedra da ciência, mas recebeo o grao de Mestre em Artes no anno de 1710. Semelhante foy o progresso, que a sua viva comprehensão fez no estudo da Medecina, que cultivou em a Universidade de Coimbra, recebendo o grao de Bacharel nesta Faculdade no anno de1717.
Ambicioso de enriquecer o seu talento com thezouros scientificos deixando a patria passou a Londres no principio de Janeiro de 1721onde fez a sua residencia, e estudou novamente Philosofia Experimental, como tambem os Principios de Medecina Mechanica, e Chymica Filosofica, e Analytica, e frequentou o curso da Anatomia, de cuja aplicação resultou, que sustentando com grande aplauso do seu nome tres exames, de Anatomia, Economia Animal, Theorica, e Practica de Medecina foy admetido ao Collegio Real dos Medicos de Londres no anno de1725. Havendo o Doutor Fernando Mendes nosso Portuguez, e celebre professor de Medecina inventado a agua cuja virtude se extendia somente para remedio das febres intermitentes, inventou outra mais pura, e efectiva para varias queixas sendo o primeiro que mostrou sem segredo a natureza deste remédio, e o methodo do seu uzo, por cujo invento mereceo que no anno de1730 fosse nomeado Socio da Sociedade Real de Inglaterra, e que a Universidade de Aberden em o Reyno de Escocia o creasse em o anno de1739 Doutor do seu gremio com este honorifico Diploma.
Omnibus, & singulis hasce Doctoratus litteras visuris, lecturis, vel audituris, Nos Jacobus Gordon Saluberrimae Medecinae in AIma S. D. R. universitate Marischalanae Abredonensi Doctor, & Professor, actu Regens, & Decanus Salutem in eo, qui est omnium ver salus. Quum mos antiquus, et landabilis semper extiterit, ut qui multis sudoribus, indefesso labore, studioque assiduo litteris operam navaverint, insigni aliquo, & eximio honoris titulo tanquam peracti laboris monumento, &clarissimae virtutis praemio dignarentur, ut sequentium saeculorum progenies horum exemplo allecta ad persequendas arduas, & gloriosas eruditiones, ac virtutis vias stimulentur: cumque nobis satis superque compertum sit D. Jacob de Castro Sarmento Medecinae in Universitate Conimbricensi Portugal. Bachalaurum, Collegii Medicorum Londini, & Regiae Societatis Socium; non solum studiis Medicis maxima cum laude per complures annos incubuisse, & iisdem maximos progressus hactennus fecisse, sed etiam in omni Medecinae praxi magno Mortaliumcommodo versatum esse, & fuisse. Propterea Nos Jacobus Gordon Gymnasiarcha, caeterisque professoribus in praedicta Universitate consentientibus antedictum D. Jacob de Castro Sarmento Medecinae Doctorem creamus, declaramus & constituimus, illique tenore praepentium litterarum vim publici instrumenti habentium Medecinam exercendi hic, & ubique terrarum potestatem conferimus omnibusque, & Kingulis istius gradùs privilegiis, exemptionibus libertatibus, honoribus, & Indultis aliis quocumque nomine censeantur juxta firmam continentem vim, & tenorem statutorum, & Priviligiorum Academiis, & Universitatibus concessorum eum frui, ac feliciter gaudere jubemus. In quorum omnium fidem ac testimonium hasce Doctoratus litteras magni Universitatis sigilli appensione, nostrisque Chirographis communiri voluimus. Datum Abredoniae: Ex Universitate Marischal. Kal. Jul. M. DCCXXXIX.
As obras com que até o prezente tem illustrado a Republica literaria são as seguintes.
Dissertatio in novam, tutam, ac utilem methodum Inoculationis, seu transplantationis variolarum, Thefaliae, Constantinopli, & Venetiis primò inventam, nuncque hac Civitate authoritate Regiae Majestatis Britanicae comprobatam 28. Julii 1721. Cum Criticis notis in varios Authores de hoc morbo scribentes. Londini. 1721 . 8. Sahio reimpressa em aUniversidade de Leyden em Olanda: sem noticia do Author, e della se extrahio hum Epitome na Acta Eruditorum
Volume 54. Impressa esta Dissertação com hum appendix De sucessu variolarum in Magna Britania ab anno 1721. ad finem anni 1728. cuml comparatione inter discrimen variolarum naturali via invadentium, & illud à methodo inoculationis oriundum.Londini. 1731 . 8.
Exemplar de Penitencia dividido em tres Discursos Predicaveis para o dia Santo de Kipur. Dedicado ao Grande, e Omnipotente Deos de Israel. Ille dolet vere, qui sine Teste dolet. Martial. Epigram. 31. Londres anno da Creação do mundo 5484, que he de Christo 1724 .
Extraordinaria Providencia, que el gran Dios de Israel usó con su escogido pueblo en tiempo de su mayor aflicion por medio de Mordehay y Ester contra los protervos intentos del tyrano Aman. Compendiosamente deduzida de la Sagrada Escritura en el seguinte Romance. Londres en el ano de la Creacion del mundo 5484, de Christo 1724. He o livro de Ester reduzido a metro Castelhano.
Sermão funebre às deploraveis memorias do muy Reverendo, e doutissimo Haham Asalem Morenu A .R.. o Doutor David Neto insigne Theologo, eminente Pregador, e cabeça da Congregação de Sahar Hassamaym. Londres. 5488. da Creação do mundo, e de Christo. 1728. 8.
Specimen da primeira parte da Materia Medica Historico - Physico - Mechanica em que se trata dos Fossiles, a saber de todos os Metaes, saes, Pedras, Terras, enxofres, ou sulphures, e Semimetaes, e se mostrão as propriedades, e uzos humanos dos ditos corpos donde se achão, de que modo se alcanção, ou purificão; como se conhecem; se se adulterão; as virtudes, e operação de cada corpo simples sem artificio nas enfermidades do corpo humano, e debaixo de cada hum todos os remedios Oficionaes Galenicos, e Chymicos, que delle se preparão para sua composição, os que se lhe ajuntão, e a dose peculiar com que se receitão.Londres. 1731. 8.
Obras Philosoficas de Francisco Baconio Barão de Verulão Visconde de Santo Albano com Notas para explicação do que he escuro.
Londres. 1731. 4. 3. Tom.1 He tradução da lingua Ingleza em a Portugueza.
Historia Medica Fisico - Historico Mechanica do Reyno Mineral. Parte primeira. Londres. 1735. 8.
Discurso Practico, ou Syderohydrelogia das aguas mineraes Espadanas, ou Chalibeadas.Londres por J. Humfrey. 1726. 8.
Tratado da verdeira Theorica das Marès. Londres. 1737. 8.
Tratado das Operaçoens da Cirurgia com as figuras, e descripção dos instrumentos, de que nellas se faz uzo, e huma introdução sobre a natureza, e methodo de tratar as feridas, Abcessos, e chagas; traduzido de Inglez de Monsiur Samuel Skarp Cirurgião do Hospital de Guy em Londres, eacrecentado pelo traductor com huma Materia Chirurgica, ou todas as composiçoens, e remedios da prezente Pratica de Cirurgioens de Inglaterra, e as couzas mais principaes, e precizas na Cirurgia.Londres. 1744. 8.
Dedicou à Academia Real da Historia portugueza hum livro M. S. que tinha vertido em a lingua Portugueza cuja Dedicatoria remeteo ao Secretario da mesma Academia o Excellentissimo Marquez de Alegrete Manoel Tellez da Sylva com este titulo.
Excellentissimo Praesidi, Caeterisque Regiae Academiae Sociis apud Ulyssiponem nuperrime fundatae longe celeberrimis hoc opus elaboratum Lusitanice redditum humillime dicat, dedicatque Jacob de Castro Sarmento Medicus Regalis Collegii Londinensis Socius. Sahio impressa em o Tomo 10. da Colleção dos Docum. e Memor. da Academia Real da Hist. Portug. Lisboa por Jozeph Antonio da Sylva Impressor da Academia Real 1630. fol.