22-2-2001
TED HUGHES
(1930 - 1998)
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ANNIVERSARY
My mother in her feathers of flame
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Prometheus in His Crag
Pondered the vulture. Was this bird His unborn half-self, some hyena Afterbirth, some lump of his mother?
Or was it condemned human ballast – His dying and his death, torn daily From his immortality?
Or his blowtorch godhead Puncturing those horrendous holes In his human limits?
Was it his prophetic familiar? The Knowledge, pebble-eyed, Of the fates to be suffered in his image?
Was it the flapping, tattered hole – The nothing door Of his entry, draughting through him?
Or was it atomic law – Was Life his transgression? Was he the punished criminal aberration?
Was it the fire he had stolen? Nowhere to go and now his pet, And only him to feed on?
Or the supernatural spirit itself That he had stolen from, Now stealing from him the natural flesh?
Or was it the earth’s enlightenment – Was he an uninitiated infant Mutilated towards alignment?
Or was it anti-self – The him-shaped vacuum In unbeing, pulling to empty him?
Or was it, after all, the Helper Coming again to pick the crucial knot Of all his bonds…?
Image after image. Image after image. As the vulture Circled.
Circled.
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Prometeu no penhasco
Ponderou o abutre. Seria esta ave A metade do seu eu por nascer, alguma hiena Pós-natal, algum bocado da mãe?
Ou seria o seu lastro humano condenado? – O seu morrer e a sua morte, arrancados dia a dia À imortalidade dele?
O seu deus, qual maçarico Abrindo aqueles horrendos buracos Nos seus limites humanos?
Seria o seu profético demónio familiar? O Conhecimento, como óculo, Dos fados a ser suportado à sua imagem?
Seria o buraco em ruínas a bater – A porta nada Da sua entrada, fazendo corrente de ar através dele?
Ou seria lei atómica – Seria a Vida a sua transgressão? Seria ele a punida aberração criminosa?
Seria o fogo que roubara? Sem lugar para onde ir, e agora o seu animal de estimação Que só o tem a ele para se alimentar?
Ou o próprio espírito sobrenatural De onde, furtivo, saíra, Furtando-lhe ele agora a carne natural?
Ou seria a iluminação da terra – Seria ele uma criança por iniciar Que a mutilação faz conformar?
Ou seria o antieu – O vácuo em forma dele No não ser, puxando para o esvaziar?
Ou seria, afinal, O-Que-Auxilia, Voltando para bicar o nó crucial De todos os grilhões…?
Imagem após imagem. Imagem após imagem. E o abutre Voava em círculos.
Em círculos.
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Tradução de João Ferreira Duarte, em "LEITURAS poemas do inglês", Relógio de Água, 1993. ISBN 972-708-204-1 |
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