20-12-2014
De novo, sobre a Inquisição em Leiria
A cidade de Leiria terá sido uma das localidades onde a Inquisição procedeu com mais barbaridade. Posso garantir que nos processos de cristãos novos de Leiria todas as denúncias e todas as confissões de judaísmo são falsas.
A população cristã nova estava perfeitamente inserida na vida da cidade, sem quaisquer distinções em relação aos cristãos velhos. Abundavam os casamentos mistos de homens e mulheres cristãos velhos com quem tinha alguma parte de cristão novo. Levantavam-se muitas dúvidas para conseguir saber se alguém era cristão novo ou cristão velho. Uma prova disso foram os processos por perjúrio, quando alguém acusado por judaísmo vinha defender os seus pergaminhos de cristão velho de fama imemorial e então era o denunciante pronunciado por falsário. No Auto da Fé de 20 de Maio de 1635, foram condenados por perjúrio em segundos processos:
Pr. n.º 4837 – Sebastião Rebelo (1.º processo: 6132) – 10 anos para as galés
Pr. n.º 5678 – André Ferreira (1.º processo: 877) – 5 anos para as galés
Pr. n.º 6490 – José Lopes Matão (1.º processo: 6723) – 10 anos para as galés
Pr. n.º 10568 – Manuel Ribeiro Losa (1.º processo: 1795) - 10 anos para as galés.
Pr. n.º 10564 – Manuel Pinto (1.º processo: 1800) – degredado para sempre para as galés mas depois foi expulso do Reino
A Inquisição condenava como falsários os que acusavam cristãos velhos de práticas judaicas, mas aceitava como válidas todas as denúncias de práticas de judaísmo contra cristãos novos. Apoiava-se no ódio racial que existia na população contra tudo o que fosse judeu. E, depois de presos, a única defesa possível era confessar o que não se tinha feito, uma crença que nunca houvera e denunciar o maior número possível de cristãos novos, de preferência entre os parentes próximos.
Os Inquisidores sabiam disso muito bem, mas ninguém queria ser acusado de destruir aquela poderosa instituição. No Assento da Mesa da Inquisição no pr. n.º 10564 contra Manuel Pinto, dois Inquisidores dão a entender que 8 pessoas foram injustamente relaxadas, isto é, condenadas à morte.
A Inquisição não poupava nenhum cristão novo, desde que houvesse denúncias contra ele. Ia logo direito para os Estaus. Infelizmente para eles, tinham alguns a ilusão de que se poderiam defender… se até lhe davam um letrado como procurador para isso! Acusados no libelo, apresentavam a contrariedade, que hoje chamaríamos contestação por negação, à qual os Inquisidores nunca davam a mínima importância, por mais válidas que fossem as testemunhas… Era como se essa defesa não existisse. Vinha depois a publicação da prova da justiça com todas as culpas e então vinham com as contraditas e coarctadas. Eram contraditas de testemunhas, a substância das culpas já não podia ser posta em causa. De vez em quando diziam que o Réu até tinha alguma razão, mas não o suficiente para lhe diminuir a pena!...
Estes três processos, de pessoas ligadas por laços familiares são um bom exemplo das barbaridades da Inquisição com os cristãos novos de Leiria.
Lourenço Alberto, o Velho
Tinha 77 anos quando foi preso, 80 quando foi relaxado. Era solteiro, mas tinha com ele uma filha natural, chamada Maria Lopes, de 45 anos, que tivera de uma cristã velha. Como profissão, fora criado da Marquesa de Vila Real e depois criado do Bispo D. Martim Afonso Mexia durante 17 anos. É completamente impossível que tivesse práticas judaicas, sendo criado de um Bispo. O facto de ter um salário regular, permitia-lhe ter dinheiro para investir e emprestar. Por isso, contactava com muita gente.
Era pessoa austera e provavelmente difícil no trato. Quando foi preso, já iam muito avançadas as prisões pela Inquisição em Leiria. A primeira denúncia foi a de seu sobrinho, com o mesmo nome que ele, pressionado pelos Inquisidores, como veremos a seguir. Possivelmente isso soube-se e logo deram nele mais dois conhecidos: havia já denúncias suficientes para ser preso. Depois da prisão, multiplicaram-se as denúncias. Nesse aspecto, não havia segredo nenhum, a população da prisão de gente da mesma terra era do conhecimento de todos eles.
Também o pobre velho teve a ilusão de que se conseguiria defender. Contestou por negação, arguiu inúmeras contraditas e coarctadas. Como sempre, não valeu de nada.
Antes de ser preso, ele reprovava em alta voz os cristãos novos que confessavam e denunciavam para escaparem à morte. Achava isso uma grande indignidade. Não quis fazer como eles e assim foi relaxado.
Lourenço Alberto, o Moço
Era sobrinho do anterior, filho do irmão dele, Gaspar Lopes, tinha 37 anos; era casado com a cristã nova Isabel de Aguiar, mas não tinham filhos.
Vê-se do processo que tinha uma denúncia contra si, mais de um ano antes da sua prisão. Quando apareceu a 2.ª denúncia, a Inquisição avançou e prendeu-o em 8 de Março de 1627. Quando isto se soube nos Estaus, começaram a chover as denúncias contra ele.
Sabia ele muito bem o que tinha de fazer: confessar e denunciar, e foi o que fez. Foi, porém, muito cuidadoso e começou por denunciar os que já tinham sido reconciliados. Isso, porém, tinha pouco interesse para os Inquisidores. Queriam denúncias que lhes permitissem prender mais gente. Então ele alargou as denúncias, para os cristãos novos que conhecia. Denunciou depois a mãe, Filipa Cardoso e a avó Isabel Cardoso; os processos destas não aparecem e também não há listas completas dos autos da fé nesta época, ficamos no escuro. Apesar das inúmeras confissões, em Fevereiro de 1628 ainda estava diminuto, não tinha referido todos os que o haviam denunciado. Apesar disso, em Maio de 1628, um Assento da Mesa aceita a reconciliação; mas, por qualquer motivo, não avança para o Auto da Fé. O processo fica parado mais de um ano.
Continuou a denunciar em abundância e foi então, em Março de 1628, que denunciou seu tio, que tinha o mesmo nome que ele.
Em 14 de Agosto de 1629, um outro Assento da Mesa é muito mais exigente: constata que ele está diminuto, faltando-lhe denunciar 13 pessoas e por isso mandam que vá ao tormento.
Acaba por não ir ao tormento, talvez porque continua a denunciar. A 22 de Agosto de 1629, um Assento da Mesa faz retomar o Assento de Maio de 1628, fazendo de contas que não existe o de 14 de Agosto de 1629. Será reconciliado no Auto da Fé de 2-9-1629.
Denunciando mais gente ainda, mereceu a benevolência da Inquisição que lhe tirou o hábito em 31 de Janeiro de 1631.
Clara Cardosa (ou Cardoso)
Era tia direita de Lourenço Alberto, o Moço, que era filho de uma irmã dela (Filipa Cardoso). Tinha 38 anos quando foi presa em 15 de Março de 1627 e estava solteira. Estava na Inquisição há 6 anos uma denúncia por judaísmo, de um seu segundo primo, Simão Gomes. Quando a esta se juntou uma outra de Fernão Soares, a Inquisição reagiu imediatamente: prendeu-a no espaço de uma semana.
Não era totalmente analfabeta, pelo menos assinava o seu nome. Não quis rebaixar-se a confessar. Entretanto, no primeiro meio ano em que esteve presa ninguém mais a denunciou. A partir daí, deve ter ficado conhecida nos cárceres e choveram mais 32 denúncias durante quatro anos.
Quatro meses após a sua prisão, o processo de Clara Cardoso parou. E, pasme-se, esteve parado quatro anos! Estas paragens serviam para se irem acumulando as denúncias e, sobretudo, para ver se a Ré se dispunha a confessar. Não foi o caso. Ficou a “apodrecer” no cárcere, uma barbaridade de todo o tamanho.
Também ela pensava, como outros muito mais sabidos que ela, que defender-se poderia servir para alguma coisa. À sua custa, viu que estava errada.
Um mês antes da data prevista para o Auto (21-3-1632), a Mesa e o Conselho condenaram-na como relaxada. Mas só a notificaram disso daí a 20 dias, 10 dias antes do auto. Deverá ter caído das nuvens e só então se resolveu a confessar. “Confessou” bastante mas, para azar dela, omitiu sua irmã, Filipa, além de muitas das pessoas que a tinham denunciado a ela. Estava, pois, diminuta.
Reuniu-se a Mesa no dia 20 e foi de novo relaxada. Os argumentos são de pôr os cabelos em pé. A diminuição poderia talvez sanar-se com uma ida ao tormento que permitiria purgar aquela falta – mas não há tempo para isso, porque o auto está à porta. Poderia ficar reservada, e depois talvez denunciar sua irmã, salvando a vida, mas já tem muito tempo de prisão (é preciso despachá-la); além disso está doente, quase mais morta que viva. Por essas razões, acabe-se com ela!
Isto é que eram uns defensores da fé? Acho que eram apenas uns reles criminosos. A Inquisição destinava-se à defesa da fé? Tenham dó.
Perante este horror, dois Deputados votaram no sentido de ela ficar reservada. Mas o Conselho Geral votou no sentido de ser relaxada no dia seguinte.
GENEALOGIA
LINHA PATERNA
Francisco Lourenço, cristão velho, casou com Branca Lopes, cristã nova e tiveram:
1-Lourenço Alberto (Pr. n.º 11808, RELAXADO), solteiro, que teve uma filha natural com Maria Rodrigues:
Maria Lopes (Pr. n.º 5602), com cerca de 45 anos, residente em Leiria
2- Maria Gil (Pr. n.º 2233), viúva de Pedro Fernandes, que tiveram 3 filhos e 3 filhas:
Cipriano Tavares, sacerdote, que indo à Índia 2.ª vez como capelão de uma nau, morreu no na viagem
Francisco Lourenço de quem ouviu dizer que há dois anos o mataram em Gilbraltar
Manuel Tavares de quem ouviu dizer que foi como meirinho de um fidalgo para fora da barra, de quem não sabe o nome, e ouviu também que falecera.
Maria Tavares (Pr. n.º 2167), viúva de Filipe Soares
Catarina Tavares, casada com Lourenço Figueira
Filipa, que era atrasada e já faleceu
3-Gaspar Lopes casado com Filipa Cardoso, que tiveram três filhos
Lourenço Alberto (Pr. n.º 7225), casado com Isabel de Aguiar (Pr. n.º 7234),
Agostinho Cardoso, que ensinava Latim em Leiria, e saiu do País há coisa de 6 anos e dizem que está em Roma
Francisco Cardoso, que foi para a Índia e dizem que morreu em Malaca.
OS CARDOSOS:
João Rodrigues casou com Filipa Nunes e tiveram:
1-Manuel Cardoso (Pr. n.º 5747), o Velho, que casou com Antónia de Chaves (Pr. n.º 8850) e não tiveram filhos
2-Isabel Cardoso, que casou com Henrique Fernandes e tiveram:
Filipa Cardoso que casou com Gaspar Lopes (ver acima)
Maria Cardoso (Pr. n.º 2228), casada com Manuel Cardoso (Pr. n.º 5745), o moço, e tiveram
António, 13, Maria, 9, Andresa, 6, Isabel, 4, Henrique, 2 e morreram-lhes ainda mais dois, crianças
Clara Cardosa (Pr. n.º 3055, RELAXADA), solteira, moradora em Leiria- nunca casou
Francisco Cardoso, que foi para a Índia e dizem que morreu em Malaca
Agostinho Cardoso, que foi para Roma haverá 3 ou 4 anos
3-Maria Gomes, solteira (Pr. n.º 8244 – faleceu no cárcere, absolvida)
4-Guiomar Rodrigues casada com Simão de França (Pr. n.º 6563), já defuntos e tiveram
P.e Luis de França (Pr. n.º 447), quartenário na sé de Leiria
Manuel Cardoso de França (Pr. n.º 4037)
5-Brites Nunes, casada com Fernão Gomes, já defuntos que tiveram:
Manuel Cardoso, (Pr. n.º 5745), que casou com sua prima Maria Cardoso (Pr. n.º 2228) e tiveram os filhos acima mencionados
Isabel Nunes e
Guiomar Nunes (Pr. n.º 3829, faleceu no cárcere - RELAXADA em estátua)
6-Joana Cardosa, já falecida que casou com Manuel de Oliveira (Pr. n.º 647) e tiveram:
Maria Cardoso de Oliveira, de 24 anos (Pr. n.º 2468)
Juliana de Oliveira (Pr. n.º 11820), de 22 anos
Isabel Cardosa (Pr. n.º 11844), de 20 anos, atrasada mental, foi libertada
Sebastiana de Oliveira, 19 anos ( Pr. n.º 2477)
Francisca Gomes (Pr. n.º 10262), de 16 ou 18 anos,
Cecília, que faleceu
Manuel, de 12 ou 13
João, de 11 anos
Pr. n.º 11808 - Lourenço Alberto, o Velho
img. 1 – Preso a 3 de Fevereiro de 1629
fls. 1 img. 9 – 23-1-1629 – Mandado de prisão
fls. 2 img. 11 – 3-2-1629 – Entrega do preso ao Alcaide António Nunes Pereira
CULPAS
fls. 3 img. 13 – 24-3-1628 – Denúncia de seu sobrinho Lourenço Alberto – Pr. n.º 7225
fls. 4 img. 15 – Depoimento de 7-12-1628 de Manuel Ribeiro Losa – Pr. n.º 1795
fls. 5 img. 17 – Dep. de 11-12-1628, de Cristóvão Rodrigues – Pr. n.º 7720
fls. 8 img. 23 – O Promotor de Justiça requer a prisão do Réu com base nas primeiras duas denúncias
fls. 8 v img. 24 – 22-5-1629 - O Notário António Monteiro certifica que o Decreto de prisão está datado de 25-1-1629 e se encontra a fls. 56 do caderno dos Decretos.
fls. 9 img. 25 – 8-2-1629 – Dep. de Isabel de Aguiar (Pr. n.º 7234), mulher de Lourenço Alberto, o moço.
fls. 11 img. 29 – 12-2-1629 – Dep. de Luis de Oliveira (Pr. n.º 474), filho de Francisco Dias da Cunha, o “meia”.
fls. 12 img. 31 – 3-3-1629 – Dep. de Maria Lopes (Pr. n.º 5602), sua filha natural.
fls. 13 img. 33 – 15-3-1629 – Dep. de Ascenso Rodrigues (Pr. n.º 6000)
fls. 14 img. 35 – 2-4-1629 – Dep. de sua irmã Maria Gil (Pr. n.º 2233)
fls. 15 img. 37 – 7-6-1629 – Dep. de Sebastião Rebelo (Pr. n.º 6132)
fls. 16 img. 39 - 30-6-1629 – Dep. de Gaspar Dias Pestana (Pr. n.º 3744)
fls. 18 img. 43 14-8-1629 – Dep. de Maria de Bairros ou Barros (Pr. n.º 5606)
fls. 19 img. 45 – 16-8-1629 – Dep. de Júlio Pinto (Pr. n.º 5141)
fls. 20 v img. 48 – 26-8-1629 – Dep. de Manuel Pinto (Pr. n.º 1800)
fls. 21 img. 49 – 31-8-1629 – Dep. de Maria Cardosa (Pr. n.º 2228)
fls. 22 v img 52 – 7-11-1629 – Dep. de Manuel de Mesquita (Pr. n.º 1203)
fls. 23 img. 53 – 31-8-1629 – Dep. de Manuel Cardoso, o moço (Pr. n.º 5745)
fls. 24 v img. 56 – 19-2-1630 – Dep. de Maria Tavares (Pr. n.º 2167), viúva de Filipe Soares
fls. 25 v img. 58 – 5-4-1630 – Dep. de Leonor de Andrade (Pr.n.º 10554), mulher de Manuel Lopes, carcereiro
fls. 27 img. 62 – 20-9-1630 – Dep. de José Lopes Matão (Pr. n.º 6490)
fls. 29 img. 65 – 28-6-1631 – Dep. de António Galvão (Proc. n.º 6921)
fls. 30 img. 67 – 29-12-1631 – Dep. de André Rodrigues, barbeiro (Pr. n.º 879)
fls. 31 img. 69 – 24-1-1632 – Declaração do tempo da comunicação na denúncia anterior
fls. 33 img. 73 – 24-11-1629 – Genealogia
Chama-se Lourenço Alberto, nascido em Lisboa, mas criado e morador em Leiria, tem 77 anos; é solteiro e não tem ofício, mas foi criado de D. Filipa, Marquesa de Vila Real e ultimamente do Bispo D. Martim Afonso Mexia. Foi filho de Francisco Lourenço, cristão velho e de Branca Lopes, cristã nova, não tem avós, nem tios nem tias. Tem só uma irmã que se chama Maria Gil, que tem três filhos e três filhas: Cipriano Tavares, sacerdote, que morreu quando ia por capelão de uma nau; Francisco Lourenço, estudante de que ouviu dizer que o mataram em Gibraltar; Manuel Tavares que embarcara por meirinho de uma nau, e ouviu dizer que morrera; Maria Tavares, viúva; Catarina Tavares casada com Lourenço Figueira; e uma mais pequena que era diminuída e nunca falou e morava em Lisboa.
Teve outros irmãos que morreram solteiros há anos fora de Leiria e um casado que se chama Gaspar Lopes, casado com Filipa Cardoso, sobrinha de Manuel Cardoso, o Velho, filho de uma sua irmã, que tiveram dois filhos, Lourenço Alberto, casado com Isabel de Aguiar e Agostinho Cardoso, que ensinava Latim em Leiria e partiu para fora do Reino há uns 6 anos e dizem que morrera. Teve seu irmão mais filhos e filhas que morreram solteiros há muito tempo.
Teve ele uma filha natural chamada Maria Lopes, que tem agora 45 anos, que teve na mocidade de uma Maria Rodrigues, cristã velha.
fls. 35 v img. 78 – 27-11-1629 – 2.ª sessão in genere
Respondeu negativamente a todas as perguntas sobre práticas judaicas.
fls. 38 img. 83 – 27-9-1630 – 3.ª sessão
Negou ter feito qualquer das coisas mencionadas nas denúncias contra ele.
fls. 41 img. 89 – 28-9-1630 – Continua a sessão in specie
Disse que todas as denúncias eram falsas.
fls. 46 img. 99 – 9-10-1630
Admoestação
fls. 47 img. 101 – Libelo. Ouvida a leitura, negou tudo, disse que se queria defender e que queria um procurador.
fls. 50 v img. 108 – 9-10-1630 – Juramento do procurador L.do Manuel da Cunha
fls. 51 img. 109 – Traslado do libelo devolvido pelo procurador
fls. 52 v img. 116 – O procurador entrega a defesa
fls. 55 img. 117 – Defesa – contestação por negação
1-O Réu é cristão e fazia obras de cristão. Ia à missa nos dias de preceito. Adquiria as Bulas.
2-Foi sempre devoto do SS.mo Sacramento e da Virgem Maria e rezava pelas almas do Purgatório.
3-Nunca guardou sábados. Comia de todas as carnes e peixes. Nunca teve, guardou ou comunicou a crença na Lei de Moisés. Indicou testemunhas.
fls. 56 img. 121 – 10-10-1630 – Comissão da Inquisição de Lisboa a João Galvão Botelho, Mestre Escola da Sé de Leiria e Comissário do Santo Ofício, para interrogar testemunhas.
fls. 60 img. 125 – 30-10-1630 – Audição de testemunhas
- Maria Martins, viúva de Miguel João, cristã velha, criada do Réu, de 50 anos – disse que o Réu é bom cristão, é devoto, frequenta a Igreja e os Sacramentos e não tem nenhuma prática dos judeus.
- P.e Gaspar dos Reis, cristão velho, de 45 anos – Disse que o tem por bom cristão e praticante da religião católica, mas não conhece os hábitos alimentares dele.
-Domingos Vaz Ribeiro, cristão velho, de 40 anos – Disse que o Réu é bom cristão, frequenta regularmente a Igreja e os Sacramentos e não tem nenhuma prática de judeus, comendo toda a espécie de carne e de peixe.
-Cónego Gonçalo Dias Rebelo, da Sé de Leiria, de 69 anos – Sobre o primeiro e segundo artigos, sabe que o Réu tinha bom comportamento de cristão, e frequentava a Igreja e os Sacramentos. Quando ao terceiro artigo da defesa, nada sabe.
fls. 67 img. 139 – 12-10-1630 – Requerimento do Promotor para publicação da prova da justiça. Admoestação antes da publicação. Publicação da prova da justiça - à data tinha 19 testemunhos contra ele. Ouvida a leitura, disse que era tudo falso e queria estar com o procurador para lhe formar contraditas.
fls. 74 v img. 154 – 7-1-1631 – O procurador devolveu i traslado da publicação das provas da justiça, juntando os artigos de contraditas.
fls. 75 img. 155 – Traslado da publicação das provas da justiça
fls. 81 v img. 168 – O procurador pede ao promotor que lhe indique os lugares onde são dadas as culpas ao Réu.
fls. 83 img. 171 – Arguição de contraditas
1-Seu sobrinho Lourenço Alberto é seu inimigo capital porque lhe não quis uma vez emprestar 12$000 réis.
2-De outra vez pô-lo fora de casa e repreendeu-o por ele se dar com cristãos novos que tinham sido reconciliados.
3, 4, 5 –Razões de queixa contra Isabel de Aguiar, mulher de seu sobrinho
8, 9, 10, 11 e 12 – Razões de queixa contra sua irmã Maria Gil
13- Soube ele que sua sobrinha Maria Tavares tinha amizade com um clérigo da Sé, chamado Francisco de Mesquita e repreendeu a ela e à mãe, sua irmã, de que ficaram suas inimigas.
14 e 15 – Luis de Andrade, carcereiro é seu inimigo capital
16, 17, 18 e 19 – Sebastião Rebelo é seu inimigo capital
20 e 21 – Luis Ferreira é seu inimigo capital
22 - Leonor Lopes, mulher de António Pires é sua inimiga capital
23 e 24 – Francisco Lopes, carniceiro, é seu inimigo
25 – Francisco da Cunha, filho de Henrique da Cunha é seu inimigo.
26 e 27 – André Ferreira é seu inimigo.
28 – Maria Simoa, viúva, é sua inimiga
29 – Francisco Dias, ferrador, o “Meia” de alcunha, irmão da anterior também é seu inimigo.
30 e 31 – Ascenso Rodrigues, capataz, é seu inimigo.
32 e 33 – Júlio Pinto é seu inimigo
34- Mécia da Mota é sua inimiga.
35, 36 e 37 – Gaspar Dias Pestana é seu inimigo.
38 – Todos os homens de nação de Leiria lhe tinham grande ódio.
39 – Ele Réu sempre foi tido por bom cristão e teve por 17 anos a confiança do Bispo D. Martim Afonso Mexia.
40 e 41 – Coarctada para provar que em Maio de 1623 não estava em Leiria
42 e 43 – Outra coarctada
44, 45 e 46 – Outra coarctada
47, 49 e 49 – Outra coarctada
50 e 51 – Outra coarctada
52, 53, 54, 55 e 56 – Outra coarctada
57 – Coarctada
58 – Coarctada
59 – Coarctada
60 – Coarctada
61 – As testemunhas são todas singulares
fls. 96 img. 197 – 4-9-1631- Requerimento do Promotor para publicar mais prova da justiça. Admoestação ao Réu. Publicação de mais prova – é o testemunho de António Galvão. Ouvida a leitura disse o Réu que era tudo falsidade e queria vir com contraditas.
fls. 98 img. 201 – 4-9-1631 – O procurador entrega as contraditas
fls. 99 img. 203 – Traslado da última contradita
fls. 99 v img. 204 – 4-9-1631 – O Promotor informa que a culpa é dada ao Réu em Leiria
fls. 100 img. 205 – 4-9-1631 – O Réu pelo seu Procurador oferece as contraditas já arguidas, bem como as coarctadas.
fls. 101 img. 206 – 5-9-1631 – Nomeação de testemunhas
fls. 107 v img. 220 – 30-10-1631 – Despacho de recebimento das contraditas
Foram recebidas as contraditas 1 a 21, 28 a 33 e 35 a 37 inclusive. As restantes não foram recebidas ex causa, isto é, respeitavam a pessoas que não o tinham denunciado.
fls. 109 img. 223 – Audição em Leiria das testemunhas às contraditas
Não refiro os testemunhos às contraditas pela nula ou diminuta importância que têm no processo. Diz-se no Assento da Mesa que o julgou que as testemunhas de acusação contra ele depuseram “todas de judaísmo e declaração em forma e o Réu não prejudicou com suas contraditas em tanto que não fique bastante prova para a pena ordinária”.
fls. 160 img. 325 – 21-1-1632 - Requerimento do Promotor para mais prova. Admoestação antes da Publicação. Publicação – é a denúncia de André Rodrigues, sapateiro. Ouvida a leitura, o Réu disse que era tudo falso, que tinha contraditas com que vir e queria estar com o procurador.
fls. 162 img. 329 – 21-1-1632 – Estância com o procurador
fls. 163 img. 331 – Traslado devolvido pelo procurador.
fls. 163 v img. 332 – 21-1-1632 – O promotor informa que a culpa lhe é dada na cidade de Leiria.
fls. 164 img. 333 – 21-1-1632 – Pelo seu procurador, o Réu argui coarctada, dizendo que à data em que lhe é dada a culpa, Janeiro de 1617, estava ele em Lamego com o Bispo D. Martim Afonso Mexia.
fls. 165 img. 335 – 23-1-1632 – Indica testemunhas à coarctada e contraditas.
fls. 167 img. 339 – 24-1-1632 – Assento da Mesa da Inquisição
Não são recebidas as 2.ªs contraditas, pois mesmo descartando o depoimento de André Rodrigues, o Réu tem mais de vinte testemunhos contra ele que dizem o mesmo (declarações em forma). O despacho deve ser notificado ao Réu, dizendo-lhe “que lhe não recebem as ditas segundas contraditas, porque as palavras pouco mais ou menos que teve em o tempo que quer coarctar, nas ditas contraditas e por outras considerações”.
fls. 167 v img. 340 – 24-1-1632 – Notificado do despacho na Mesa.
fls. 168 v img. 342 – Repetida por lapso a nota anterior
fls. 169 img. 345 – 24-1-1632 – Assento da Mesa da Inquisição
“(…) pareceu a todos os votos, sendo o Réu chamado, ouvido e admoestado que ele estava em termos de ser declarado por convicto no crime de heresia e apostasia, visto o número e qualidade das testemunhas da Justiça e deporem todas de judaísmo e declaração em forma e o Réu não prejudicou com suas contraditas em tanto que não fique bastante prova para a pena ordinária e como tal, herege e apóstata de nossa Santa Fé, pertinaz, negativo e indo ao auto da fé na forma costumada, seja entregue à justiça secular servatis servandis e que incorreu em sentença de excomunhão maior e confiscação de todos seus bens para o Fisco e Câmara Real e nas mais penas contra os semelhantes estabelecidas (…)”
fls. 171 img. 349 – 5-2-1632
“(…) é bem julgado pelos Inquisidores, Ordinário e Deputados, em determinarem que ele está em termos de ser declarado por convicto no crime de heresia e apostasia e como herege e apóstata de nossa Santa Fé, negativo e pertinaz, seja entregue à justiça secular servatis servandis e que incorreu em sentença de excomunhão maior e confiscação de todos seus bens para o Fisco e Câmara Real e nas pena sem direito contra os semelhantes estabelecidas, confirmam sua sentença por seus fundamentos e pelos mais dos autos e mandam que assim se cumpra e dê execução (…)
fls. 172 img. 351 – 8-3-1632 – Notificação ao Réu de que estava tido por convicto
fls. 172 v img. 352 – 19-3-1632 – Notificação ao Réu de que estava relaxado, ficando de mãos atadas
Ficou com ele para o assistir nos últimos momentos o Padre Miguel Metelo da Companhia de Jesus.
fls. 173 img. 353 – Sentença. Foi publicada no auto da fé de 21 de Março de 1632.
fls. 175 img. 357 – Conta de custas: 7$938 réis.
Processo n.º 7225 - Lourenço Alberto, o Moço
fls. 1 img. 1 – Processo de Lourenço Alberto, o Moço, que tem um quarto de cristão novo, natural de Leiria, morador nesta cidade, preso nos cárceres da Inquisição dela.
fls. 5 img. 9 – 27-2-1627 – Mandado de prisão
fls. 7 img. 13 – sem data.
O Promotor de justiça pede a prisão de Lourenço Alberto, casado com Isabel de Aguiar, sobrinho de outro do mesmo nome, morador em Leiria ou em Lisboa. Oferece os testemunhos de Manuel Lobo Pr. n.º 3427), de 6-11-1625 e de António de Moura (Pr. n.º 12268), de 21-1-1627. Diz-se depois que o decreto de prisão está no processo de Manuel de Anta (Pr. n.º 10550)
fls. 7 v img. 14 – 12-9-1629 – Certidão do Decreto de prisão.
fls. 8 img. 15 – 8-3-1627 – Auto de entrega no cárcere.
CULPAS
fls. 9 img. 17 – Depoimento de 6-11-1625, de Manuel Lobo, casado, morador em Leiria – Pr. n.º 3427 –
fls. 11 img. 21 – Dep. de 21-1-1627 –de António de Moura, casado, de 50 anos, de Leiria – Pr. n.º 12 268.
fls. 13 img. 25 – Dep. de 6-10-1627 – de Gaspar Dias Pestana, natural de Leiria – Pr. n.º 3744.
fls. 15 img. 29 – De. de 7-2-1629, de Luis de Oliveira, de Leiria – Pr. n.º 474
fls. 16 img. 31 – Dep. de 8-2-1629, de sua mulher Isabel de Aguiar – Pr. n.º 7234
fls. 18 img. 35 – Dep. de 26-2-1629, de Maria Lopes, de Leiria – Pr. n.º 7234
fls. 19 img. 37 – Dep. de 5-3-1629, de Manuel Domes, de Leiria – Pr. n.º 5743
fls. 20 img. 39 – Dep. 15-3-1629, do mesmo Manuel Gomes.
fls. 21 img. 41 – Dep. de 15-3-1629, de sua cunhada, Francisca das Neves – Pr. n.º 7710
fls. 22 img. 43 – Dep. de 26-3-1629, de Joana Lopes, de Leiria – Pr. n.º 7229
fls. 23 img. 45 – Dep. de 31-3-1629, de sua tia Maria Gil – Pr. n.º 2233
fls. 24 img. 47 – Dep. de 4-4-1629, de Diogo Barbosa, natural de Leiria e morador em Lisboa – Pr. n.º 8004
fls. 25 v img. 50 – Dep. de 2-5-1629, de Júlio Pinto, de Leiria – Pr. n.º 5141
fls. 21 img. 52- Dep. de 28-5-1629, de Ana Lopes, de Leiria. – Pr. n.º 8855
fls. 27 img. 53 – Dep. de 6-6-1629, de Sebastião Rebelo, de Leiria – Pr. n.º 6132.
fls. 28 v img. 56 – Dep. de 18-6-1629, de Estêvão de Andrade, de Leiria – Pr. n.º 5410
fls. 29 v img. 58 – Dep. de 19-6-1629, de Luis Ferreira, sapateiro, de Leiria – Pr. n.º 7224
fls. 30 v img. 60 – Dep. de 20-6-1629, de Francisco de Andrade, de Leiria – Pr. n.º 1263
fls. 31 v img. 62 – Dep. de 22-6-1629, de Sebastião Lopes Ribeiro, de Leiria – Pr. n.º 6130.
fls. 32 v img. 64 – Dep. de 25-6-1629, de Manuel Ribeiro Losa, de Leiria – Pr. n.º 1795
fls. 34 img. 67 – Dep. de 19-1-1629, de Cristóvão Rodrigues, de Leiria – Pr. n.º 7720
fls. 37 img. 73 – 5-7-1627 – GENEALOGIA
Chama-se Lourenço Alberto, tem um quarto de cristão novo, tem 37 anos, é natural de Leiria e morador em Lisboa, onde é escudeiro de D. Maria da Silva, viúva que ficou de Duarte Mendes, médico. É filho de Gaspar Lopes, cristão velho, já falecido e de Filipa Cardoso, em casa de quem estava quando foi preso. Não tem Avós. Tem um tio e uma tia paternos e duas tias maternas.
Por parte de seu pai tem um tio chamado também Lourenço Alberto (Pr. n.º 11808), que nunca casou e reside em Leiria, que tem uma filha natural a viver com ele, de nome Maria Lopes (Pr. n.º 5602); tem uma tia chamada Maria Gil (Pr. n.º 2233), viúva de Pedro Fernandes, que foi escrivão e tem um filho chamado Cipriano Tavares, que foi para a Índia; e outro chamado Francisco Lourenço, soldado, que anda nas Armadas de Castela; e Maria Tavares, residente em Lisboa, casada com um castelhano soldado de que não sabe o nome e morava a S.ta Catarina do Monte Sinai; e Catarina Tavares que mora com a dita Maria Tavares e com a mãe de ambas.
Suas tias por parte de sua mãe são Maria Cardoso (Pr. n.º 2228) , casada com Manuel Cardoso (Pr. n.º 5745), o moço, presos na Inquisição e têm meninos; e Clara Cardoso, solteira, moradora em Leiria.
Seus irmãos são Francisco Cardoso que foi para a Índia e dizem que morreu em Malaca; e Agostinho Cardoso que foi para Roma há 3 ou 4 anos, ambos solteiros.
É casado com Isabel de Aguiar e não têm filhos.
Soube as orações do catecismo.
fls. 40 img. 79 – 20-8-1627 – 2.ª sessão in genere
Disse que é bom cristão e respondeu negativamente a todas as perguntas sobre cerimónias judaicas.
fls. 42 img. 83 – 15-10-1627 – Confissão
Pediu Mesa para confessar. Denuncia sua avó Isabel Cardosa, e sua tia Maria Cardosa, quando ainda era solteira; e ainda sua tia Clara Cardosa.
fls. 46 img. 91 – 16-10-1627 – Confessa mais
Denuncia Beatriz ou Brites Antónia (Pr. n.º 3974), já reconciliada, Isabel Rodrigues, mulher de António Lopes, barbeiro, tido por cristão velho, Fernão Rodrigues (Pr. n.º 12495) e seus filhos, Francisco Rodrigues Galvão (Pr. n.º 3065), Antónia Galvão ou Galvoa (Pr n.º 11245), Isabel Galvoa (Pr. n.º 5524), todos já reconciliados e Francisca Galvoa (Pr. n.º 927, Relaxada), e Simão Gomes, barbeiro (Pr. n.º 7583), também já reconciliado.
fls. 47 v img. 94 – 20-10-1627 – Confessa mais
Denunciou sua tia Maria Cardosa e Guiomar Nunes (Pr. n.º 3829), também sua parente, que já estavam presas; Francisco Lopes (Malagueiro) (Pr. n.º 5648), Manuel Ferreira ou Manuel Lopes (Pr. n.º 1803, relaxado), João de Vergas (Pr. n.º 2535, Relaxado), todos irmãos, filhos de André Ferreira (Pr. n.º 751, Relaxado), que também já estavam presos; António de Moura (Pr. n.º 12268); Fernão Soares (Pr. n.º 5657); de novo, Francisco Rodrigues Galvão.
fls. 50 img. 99 – 21-10-1627 – Ratificação
fls. 51 img. 101 – 3-12-1627 – Crença
Disse ter crença na Lei de Moisés, há cerca de 15 anos.
fls. 52 img. 103 – 7-2-1628 – Sessão de diminuições e confessa mais
Dizem-lhe os Inquisidores que ele está diminuto (não referiu todos os que o acusaram a ele) e denuncia Tomé de Fontes (não aparece o processo), Francisco de Alvarenga (Pr. n.º 929); dizem-lhe que continua diminuto.
fls. 53 v img. 106 – 6-3-1628 – Mais confissão
Denuncia Manuel Lobo (Pr. n.º 3427) e de novo, Tomé de Fontes e Francisco de Alvarenga; Manuel de Fontes (Pr. n.º 3502) e Simão de Fontes (Pr. n.º 7582); Francisco Dias, o “Meia” de alcunha (Pr. n.º 1412); sua avó, Isabel Cardosa, sua tia Clara Cardosa, Guiomar Nunes, Maria de Faria (Pr. n.º 2227).
fls. 57 img. 113 – 22-3-1628 – Mais confissão
Denunciou Simão Lopes, o “Vinhete”, de alcunha (Pr. n.º 6068) e Isabel Henriques (Pr. n.º 10610), com Guiomar Nunes e Manuel Cardoso seu primo.
fls. 58 v img. 116 – 23-3-1628 –Mais confissão
Denuncia sua mãe Filipa Cardoso, viúva de Gaspar Lopes e seu irmão Agostinho Cardoso, o qual “é de vista muito curta”; sua mulher, Isabel de Aguiar.
fls. 61 img. 121 – 24-3-1628 – Mais confissão
Denuncia de novo sua mãe Filipa Cardoso e seu irmão Agostinho Cardoso; sua mulher e Fernão Soares; sua mulher e Inês Nunes (Pr. n.º 6739); repetiu a denúncia de sua avó Isabel Cardosa, tias Maria Cardosa e Clara Cardosa, Guiomar Nunes e Maria de Faria e juntou-lhes também Beatriz Pestana (Pr. n.º 3392); seu tio Lourenço Alberto, o Velho, solteiro, Maria Lopes, filha natural deste, Isabel de Aguiar, sua mulher e sua mãe, Filipa Cardoso e também Beatriz Pestana.
fls. 64 img. 127 – 12-5-1628 –
É-lhe pedido que identifique as pessoas com quem se declarou por judeu como disse na sessão de 24-3-1618. Repete os nomes que já tinha dito. Acrescenta Isabel Rodrigues.
fls. 68 img. 135 – 15-5-1628 - Assento da Mesa da Inquisição
Pareceu a todos os votos que o Réu fosse reconciliado “com cárcere e hábito penitencial visto dizer de si bastantemente e assentar na crença do seu judaísmo por que foi preso, e porém que visto confessar antes de ser acusado e dizer de pessoas suas conjuntas e de outras com quem não estava delato, posto que não dissesse de Gaspar Dias Pestana, sua testemunha, nem de Manuel Cardoso, solteiro, cúmplice, que lhe podiam esquecer, pareceu aos mais votos que o cárcere e hábito seja a arbítrio ordinário (…)”
O processo pára um ano.
fls. 69 img. 137 – 3-7-1629 – Mais confissão
Denunciou o Padre Luis de França (Pr. n.º 447) seu 2.º primo, que fora denunciado em primeiro lugar por sua mulher Isabel de Aguiar; Manuel Cardoso (de França) (Pr. n.º 4037), irmão do anterior, solteiro, de 32 anos, que já estava preso; Simão de França e mulher Guiomar Rodrigues, ambos já falecidos.
fls. 71 img. 141 – 18-7-1629 – Mais confissão
Denuncia as filhas de sua tia Joana Cardosa, que agora é defunta, ficando viúvo seu marido, Manuel de Oliveira (Pr. n.º 647), que na altura teriam de idade: Maria (Pr. n.º 2468)– 10 ou 12 anos; Juliana: 2 anos menos; Isabel (Pr. n.º 11844): 2 anos menos; Francisca: 2 anos menos; Sebastiana (Pr. n.º 2477): 2 anos menos. Denuncia a seguir o pai delas, Manuel de Oliveira. Denuncia depois Gaspar Dias Pestana (Pr. n.º 3744) e Luis Ferreira, sapateiro (Pr. n.º 3249-1).
fls. 73 v img. 146 – Logo a seguir, o Inquisidor informa-o que ele não satisfaz a informação da justiça, isto é, não se acusou de declaração de judaísmo com todos os que o tinham acusado na Inquisição.
fls. 75 img. 149 – Libelo. No final da leitura disse que não queria defesa e disse que se não tinha denunciado alguém que o tinha denunciado a ele, fora por não se lembrar. Foi por isso lançado da defesa com que poderia ter vindo.
fls. 77 img. 153 – O Promotor pediu para publicar a prova da justiça. Admoestação antes da publicação. Publicação da prova da justiça. São 20 testemunhos. Lida a prova da justiça. Pediram-lhe que identificasse os denunciantes. Respondeu que lhe dessem o traslado e ele tentaria fazê-lo. Não tinha contraditas com que vir, nem queria estar com procurador.
fls. 87 img. 173 – 14-8-1629 – Assento da Mesa da Inquisição
Pareceu a todos os votos que o Réu estava diminuto por não referir 13 pessoas que haviam testemunhado contra ele: Cristóvão Rodrigues, Francisca das Neves, sua cunhada, Joana Lopes, Maria Gil, sua tia, Diogo Barbosa, Júlio Pinto, Ana Lopes, Sebastião Rebelo, Estêvão de Andrade, Sebastião Lopes Ribeiro, Manuel Ribeiro Losa, Luis de Oliveira e não indicou também os cúmplices seguintes: Manuel Cardoso, o velho, sendo dado por 2 testemunhas; António Rodrigues tintureiro, dado por uma; Manuel Teixeira, por outra; e Pedro Gomes pandeirinho, por outro. Por isso, deve ir a tormento e pareceu à maior parte que nele tivesse um trato experto e um corrido e a todos que seja a arbítrio dos Inquisidores e juízo do médico e do cirurgião.
fls. 88 img. 175 – 22-8-1629 – Mais confissão
Denuncia sua tia Maria Gil, com suas filhas Catarina Tavares e Maria Tavares; Manuel Cardoso, o Velho; Joana Lopes, Antónia Rodrigues, sua irmã e a sobrinha de ambas, Clara Lopes; Manuel Ribeiro Losa, Manuel Pinto; Rodrigo de Bivar (Pr. n.º 4301); André Rodrigues, barbeiro (Pr. n.º 879); Estêvão de Andrade; Manuel Ferreira, sapateiro, viúvo (Pr. n.º 646); Cipião Tavares, clérigo de missa e seu irmão Manuel Tavares; Branca Lopes, sua avó, defunta, e Maria Lopes, filha natural de seu tio Lourenço Alberto, o velho; Manuel Gomes (Pr. n.º 3420), da Caranguejeira; e ainda Miguel Duarte, Francisca das Neves (irmã de sua mulher) (Pr. n.º 7710) e uma filha desta, de nome Isabel.
fls. 95 img. 189 – 22-8-1629 – Assento da Mesa da Inquisição
Vistos os termos da sua confissão, retoma-se o Assento de 15 de Maio para ser cumprido, ficando o Réu sujeito a cárcere perpétuo. Na prática, ficou sem efeito o Assento da Mesa de 14 de Agosto de 1629.
fls. 96 img. 191 – Sentença. – Foi publicada no Auto da Fé de 2 de Setembro de 1629 na Ribeira da Cidade de Lisboa.
fls. 98 img. 195 – sem data – Abjuração em forma
fls. 99 img. 197 – 3-9-1629 – Termo de segredo
fls. 100 img. 199 – Conta de custas: 3$802 réis
fls. 101 img. 201 – 8-9-1629 – António Carneiro certifica que o Réu está suficientemente instruídos nos mistérios da fé. Francisco Gamboa declara que o Réu comungou no cárcere da Penitência em 18-9-1629.
fls. 101 v img. 202 – 22-9-1629 – Termo de penitências
fls. 103 img- 205 – 24-9-1629 – Diz mais
Tinha pedido audiência na véspera do Auto da Fé de 2 de Setembro e agora o Inquisidor chamou-o para prestar declarações. Disse ele que quer dizer de algumas pessoas.
Denunciou António Rodrigues, filho de Grácia Gomes, defunta, Diogo Barbosa, João Rebelo (Pr. n.º 10540), filho de Francisca Rebela; Luis de Oliveira (Pr. n.º 474), ferrador, natural de Leiria e morador na Batalha; André Rodrigues e sua mulher Isabel Nunes (Pr. n.º 11830) e três filhos deles, Maria Botelha (Pr. n.º 2965), Beatriz Nunes (Pr. n.º 9580) e Manuel de Almeida (Pr. n.º 11522) e ainda Ana Gomes (Pr. n.º 10289), viúva de António Rodrigues; Ana Lopes (Pr. n.º 8855), casada com um cristão velho de que não sabe o nome.
fls. 107 img. 214 – no mesmo dia de tarde
Denunciou mais Maria (Pr. n.º 8824) e Lourença (Pr. n.º 10558), filhas de Branca Lopes (Pr. n.º 1420, relaxada); Manuel de Anta (Pr. n.º 10550, relaxado) e Maria de Anta (Pr. n.º 2469, relaxada); Madalena (Pr. n.º 9899), filha bastarda de Fernão Galvão; José Lopes Matão (Pr. n.º 6490 e 6723), com sua esposa Isabel de Aguiar; em casa de Joana Cardoso, sua tia agora falecida, Ana de Oliveira (Pr. n.º 8860), mulher de Gaspar Dias Pestana, e Filipa Lopes, irmã desta (Pr. n.º 7702), casada com Belchior Dias, Maria, Juliana e Isabel, filhas de Joana Cardoso, já referidas; Isabel Rodrigues, casada com António Lopes, barbeiro e Inês de Faria, filha deles; João de Alvarenga (Pr. n.º 18042).
fls. 113 img. 225 – 26-12-1630
Petição do Réu para lhe ser dada por finda a penitência pois não consegue arranjar trabalho.
fls. 113 v img. 226 – Assento da Mesa da Inquisição
Dão parecer favorável ao pedido, por ele ter começado cedo a confessar.
fls. 114 img. 227 – 31-1-1631 - O Inquisidor Geral despacha, acabando-lhe com a penitência e tirando-lhe o hábito penitencial.
fls. 115 img. 229- 10-7-1631 – Termo de como se lhe tirou o hábito. São-lhe dadas penitências alternativas.
Proc. n.º 3055 - Clara Cardosa
fls. 3 img. 1 – Presa a 15 de Março de 1627
fls. 5 img. 5 – 8-3-1627 – Mandado de prisão
fls. 6 img. 7 – 15-3-1627 – Pero Antunes, de Leiria, familiar do S.to Ofício entregou a Ré presa ao Alcaide dos cárceres, Heitor Teixeira
fls. 7 img. 9 – Roupa que levou a presa Clara Cardosa.
CULPAS
fls. 8 img. 11 – Depoimento de 16-7-1621, de seu primo Simão Gomes (Pr. n.º 7538), de Leiria, de 34 anos.
fls. 10 img. 15 – Dep. de 1-3-1627, de Fernão Soares (Pr. n.º 5657), de Leiria, de 55 anos.
fls. 12 img. 19 – 8-3-1627 – Assento da Mesa da Inquisição – Decreto de prisão
fls. 13 img. 25 – 18-9-1627 – Depoimento de Gaspar Dias Pestana (Pr. n.º 3744), de Leiria.
fls. 15 img. 25 – 15-10-1627 – Dep. de seu sobrinho Lourenço Alberto (Pr. n.º 7225), de Leiria
fls. 17 img. 29 – 24-3-1628 – Outro dep. do mesmo Lourenço Alberto
fls. 18 img. 31 – 6-3-1628 – Outro dep. do mesmo Lourenço Alberto
fls. 20 img. 35 – 18-5-1628 – Outro dep. do mesmo Lourenço Alberto
fls. 22 v img. 40 – 22-12-1628 – Dep. de Maria de Moura ou Maria da Silva (Pr. n.º 2229), filha de António de Moura (Pr. n.º 12268)
fls. 25 img. 45 – 25-2-1629 – Dep. de Isabel de Aguiar (Pr. n.º 7234), mulher de seu sobrinho Lourenço Alberto
fls. 28 img. 51 – 26-2-1629 – Dep. de Maria Lopes (Pr. n.º 5602), filha natural de Lourenço Alberto, o Velho
fls. 29 img. 53 – 23-3-1629 – Dep. de Joana Lopes (Pr. n.º 7229), mulher de Francisco de Ceita
fls. 32 img. 59 – 26-3-1629 – Outro depoimento do mesmo processo
fls.33 img. 61 – 11-4-1629 – Dep. de Maria Gil (Pr. n.º 2233), de Leiria
fls. 34 img. 63 – 12-5-1629 – Dep. de Júlio Pinto (Pr. n.º 5141), de Leiria
fls. 35 v img. 66 – 7-6-1629 – Dep. de Sebastião Rebelo (Pr. n.º 6132), de Leiria
fls. 37 img. 69 – 19-6-1629 – Dep. de Luis Ferreira (Pr. n.º 3249-1), de Leiria
fls. 38 img. 71 – 17-7-1629 – Dep. de Filipa Lopes (Pr. n.º 3749), filha de Manuel Fernandes, médico
fls. 39 img. 73 – 6-8-1629 – Dep. de Diogo Barbosa (Pr. n.º 8004), natural de Leiria e morador em Lisboa
fls. 40 v img. 76 – 21-8-1629 – Dep. de Manuel Gomes (Pr. n.º 5743), de Leiria
fls. 42 img. 79 – 26-8-1629 – Dep. de Maria de Faria (Pr. n.º 2227), natural de Leiria, residente em Lisboa, casada com Gaspar dos Reis.
fls. 44 img. 83 – 28-8-1629 – Dep. de Clara Lopes (Pr. n.º 7718), solteira, de 25 anos, filha de Jorge Lopes, defunto e de Branca Lopes (Pr. n.º 1420, Relaxada)
fls. 45 img. 85 – 31-8-1629 – Dep. de seu cunhado Manuel Cardoso (Pr. n.º 5745), de Leiria
fls. 47 v img. 90 – 21-8-1629 – Dep. de Manuel Pinto de Fontes de Losa (Pr. n.º 1800), de Leiria
fls. 49 img. 93 – 31-8-1629 – Dep. de sua irmã Maria Cardoso ou Cardosa (Pr. n.º 2228)
fls. 50 img. 95 – 1-9-1629 – Dep. de Manuel Cardoso, o velho (Pr. n.º 5747), de Leiria
fls. 51 img. 97 – Dep. de 22-10-1629 de Antónia de Chaves (Pr. n.º 8850), mulher do anterior
fls. 52 img. 99 – Dep. de 14-11-1629 de Manuel de Mesquita (Pr.n.º 2303), de Leiria
fls. 53 v img. 102 – Dep. de 22-11-1629, de sua tia Maria Gomes (Pr. n.º 8244)
fls. 54 v img. 104 – Dep. de 27-6-1630, de Juliana de Oliveira (Pr. n.º 11820), filha de Manuel de Oliveira
fls. 56 img. 107 – Dep. de 22-4-1630, de Sebastiana de Fontes (Pr. n.º 5294), filha de Manuel de Fontes
fls. 57 img. 109 – Dep. de 16-7-1630, de Catarina Pestana (Pr. n.º 1941), solteira, de 50 anos
fls. 58 v img. 112 – Dep. de 7-8-1630, de Filipa Pestana (Pr n.º 7711), filha de Gaspar Dias Pestana
fls. 60 img. 115 – Dep. de 19-9-1630, de José Lopes Matão (Pr. n.º 6723), de 20 anos
fls. 61 v img. 118 – Dep. de 13-11-1630 de seu cunhado Manuel de Oliveira, viúvo (Pr. n.º 647)
fls. 62 v img. 120 – Dep. de 6-12-1630, de Filipa Lopes (Pr. n.º 7702), mulher de Belchior Dias
fls. 63 v img. 122 – Dep. de 18-1-1631 de Maria de Oliveira (Pr. n.º 6819), filha de Gaspar Dias Pestana
fls. 65 img. 125 – Dep. de 27-2-1631, de Beatriz Pestana (Pr. n.º 3392), viúva
fls. 66 v img. 128 – Dep. de 11-9-1631, de André Rodrigues (Pr. n.º 879), de Leiria
fls. 64 img. 133 – 6-7-1627 – Genealogia
Disse chamar-se Clara Cardosa, tem 38 anos, natural e moradora em Leiria, é solteira, filha de Henrique Fernandes e de Isabel Cardosa, defuntos, não tem avós e nem os conheceu. Por parte de sua mãe tem um tio, Manuel Cardoso o velho, casado com Antónia de Chaves que não têm filhos e uma tia, Maria Gomes, que nunca casou. Tem duas irmãs:
1-Filipa Cardoso, viúva de Gaspar Lopes, e tiveram três filhos:
a-Francisco Cardoso que foi para a Índia e dizem que aí morreu.
b-Agostinho Cardoso, que foi para Roma há coisa de 8 anos
c-Lourenço Alberto, preso na Inquisição
2-Maria Cardosa, mulher de Manuel Cardoso, o moço, presos também no S.to Ofício, que têm filhos pequenos
Soube as orações do catecismo
fls. 70 v img. 136 – 16-7-1627 – 2.ª sessão in genere
Respondeu negativamente a todas as perguntas sobre práticas judaicas.
O processo esteve parado 4 anos!
fls. 73 img. 141 – 24-10-1631 – In specie
Negou como falso o conteúdo de todas as denúncias.
fls. 84 img. 163 – 13-11-1631 – Admoestação antes do libelo. Libelo. Ouvida a leitura, disse que era tudo falso, que se queria defender e que lhe dessem procurador.
fls. 89 img. 173 – Juramento do procurador L.do Manuel da Cunha
fls. 90 img. 175 – O procurador entrega a defesa e devolve o traslado do libelo
fls. 91 img. 177 – Traslado do libelo devolvido pelo procurador
fls. 97 img. 189 – Defesa – contestação por negação
1-A Ré é baptizada e boa cristã, vai à missa nos domingos e dias de preceito e confessa-se e comunga todos os anos pela Quaresma.
2-Nunca guardou os sábados de trabalho, come toda a espécie de carne e peixe e nunca fez cerimónia alguma judaica. Indica testemunhas.
fls. 98 img. 191 – 14-11-1631 – Despacho recebendo a defesa.
fls. 99 img. 193 – 10-12-1631 – O Mestre Escola João Galvão Botelho recebe da Inquisição de Lisboa uma comissão para interrogar testemunhas.
fls- 100 img. 195 – 14-11-1631 – Comissão da Inquisição de Lisboa ao Mestre Escola João Galvão Botelho, para interrogar testemunhas.
fls. 102 img. 199 – 10-12-1631 – Audição das testemunhas da contrariedade (contestação por negação)
fls. 107 img. 209 – 17-12-1631 – Requerimento do promotor para a publicação da prova da justiça. Admoestação antes da publicação da prova da justiça. Publicação. Ouvida a leitura, disseque nada daquilo era verdade e que tudo eram coisas inventadas pelos seus inimigos. Disse que tinha contraditas com que vir e que queria estar com o procurador.
fls. 120 img. 235 – Traslado da publicação da prova da justiça, devolvido pelo procurador.
fls. 132 v img. 260 – 30-12-1631 – O procurador entrega a arguição das contraditas
fls. 133 img. 261 – 30-12-1631 – Arguição de contraditas
Disse que havia grandes inimizades entre Isabel Rodrigues, seu marido António Lopes e seus pais bem como com seus irmãos. Maria de Faria e Inês Rodrigues são suas inimigas. Luis de França é seu inimigo. Indica mais um elevado número de inimigos.
fls. 149 v img. 294 – 9-1-1632 – Despacho de recebimento das contraditas
fls. 152 img. 299 – 12-1-1632 - Comissão da Inquisição de Lisboa ao Dr. João Galvão Botelho, Mestre Escola de Leiria, para interrogar testemunhas
fls. 166 img. 327 – 21-1-1632 – Audição das testemunhas às contraditas
fls 201 img. 397 – 14-2-1632
O Inquisidor chamou à Mesa o preso Manuel Mendes Neto (Pr. n.º 6474) e perguntou-lhe se nos cárceres alguma pessoa teria dito haver falsamente acusado Clara Cardoso? Ele respondeu que não sabia. Perguntou-lhe depois se sabia que Fernão Soares (Pr. n.º 5657) dissesse que tinha acusado falsamente alguma pessoa? Respondeu que não, e sabia somente que ele dizia na véspera do Auto, que o encaminhassem, porque ele não sabia o que depor.
fls. 203 img. 401 – 14-2-1632 – Assento da Mesa da Inquisição
“(…) pareceu a todos os votos que visto deporem contra a Ré 34 testemunhas de judaísmo e declaração em forma, em que entram Maria Cardosa, sua irmã, Manuel Cardoso, primo e cunhado, Manuel Cardoso, o Velho, tio, Manuel de Oliveira, cunhado, Lourenço Alberto, sobrinho e outros parentes, e não provar ela em suas contraditas cousa que a releve, estava em termos de ser havida nos crimes de heresia e apostasia, e como tal, herege e apóstata da nossa santa Fé, convicta, negativa e pertinaz, fosse entregue à justiça secular (…)”
fls. 205 img. 405 – 19-2-1632 – Assento da Mesa do Conselho Geral
“(…) e assentou-se que é bem julgado pelos Inquisidores, Ordinário e Deputados, em determinarem que ela está em termos de ser declarada por convicta no crime de heresia e apostasia, e, como herege apóstata da nossa santa Fé, negativa e pertinaz, seja entregue à justiça secular (…)”
fls. 206 img. 407 – 11-3-1632 – Notificada a Ré de que estava condenada como relaxada, ficando de mãos atadas. Ficou com ela o Padre Domingos Barbosa.
fls. 207 img. 409 – 19-3-1632 – Confissão – Inquiridor: Deputado Manuel de Saldanha
Denuncia suas parentes Maria Lopes, a irmã Joana Lopes e Clara Lopes, filha desta; sua irmã, Maria Cardosa e seu cunhado Manuel Cardoso, marido dela; André Rodrigues e seus filhos, Maria Botelha e Manuel de Almeida; Manuel de Oliveira, seu cunhado; Gaspar Dias Pestana; Filipa Lopes, mulher de Belchior Dias; Juliana de Oliveira, sua sobrinha, filha de Manuel de Oliveira; Beatriz Pestana, viúva de Baltasar Correia e Catarina Pestana irmã desta; Ana de Oliveira, mulher de Gaspar Dias Pestana; Guiomar Nunes, sua prima e Fernão Soares; Luis Ferreira, Isabel de Bairros e Manuel Lobo; Maria Lopes, filha de Lourenço Alberto, o Velho, Maria Gil, irmã dele e Maria Tavares, filha desta.
fls. 212 img. 419 – 20-3-1632
Denuncia Manuel Cardoso, o Velho, seu tio; seu primo Manuel Cardoso de França; L.do Pedro Fernandes de Freitas (Pr. n.º 4240 – preso em 29-8-1629); Inês Nunes e seu filho Júlio Pinto.
O Inquisidor Diogo Osório de Castro prossegue com a sessão da Crença.
fls. 215 img. 425 – 20-3-1632 com o Inquisidor Pedro da Silva de Sampaio, Bispo eleito do Brasil.
Denuncia Isabel Nunes, sua prima; Isabel Cardosa, sua mãe e Maria Cardosa sua sobrinha.
fls. 217 img. 429 – 20-3-1632 – Diz mais – com o Inquisidor Manuel da Cunha
Denuncia seu sobrinho Lourenço Alberto e a mulher deste Isabel de Aguiar; Isabel Rodrigues, mulher de António Lopes e a filha desta Inês Rodrigues (é Inês da Encarnação – Pr. n.º 5438) ; Fernão Soares.
fls. 219 img. 433 – 20-3-1632 – Assento da Mesa da Inquisição
“Foram vistos na Mesa do S.to Ofício em 20 de Março de 1632 estes autos e culpas de Clara Cardoso neles contida e o que confessou estando de mãos atadas e pareceu a todos os votos excepto ao Deputado Diogo de Brito, que o assento do Conselho não estava alterado enquanto mandava relaxar esta Ré porque ainda que confesse de si bem e assenta na crença do judaísmo por que foi presa e diz de outras pessoas com que estava e não estava delata, contudo está diminuta em Filipa Cardosa, sua Irmã, dada por os testemunhos n.ºs 16, 18, 20 e 29, em que entra Maria Cardoso sua Irmã – e das mais diminuições não se faz por ora caso e que não vinham em diligência de tormento por estar tão chegada ao Auto nem em reserva por haver muito tempo que está presa e ser muito doente que parece tende à morte. E ao Deputado Diogo de Brito pareceu que a Ré fosse reservada, visto ser a diminuição só de uma Irmã, e fazer a confissão de mãos atadas, tempo em que podia estar perturbada e a esperança que pode haver que virá a satisfazer e dizer da dita Irmã; e o mesmo pareceu ao Deputado Fr. Luis dos Anjos; e a todos que este processo fosse ao Conselho Geral na forma do Regimento”.
fls. 221 img. 437 – 20-3-1632
“(…) assentou-se que é bem julgado pelos Inquisidores, Ordinário e Deputados em determinarem que suas confissões não eram de receber e que ela como herege, apóstata (…) seja entregue à justiça secular (…)”
fls. 223 img. 441 – 22-1-1632 – Traslado das contraditas de Manuel Cardoso da França (Pr. n.º 4037) que têm alguma relação com este processo.
fls. 246 img. 487 – Sentença. Foi publicada no auto da fé de 21 de Março de 1632
fls. 249 img. 493 – Conta de custas: 8$868 réis