12-12-2005

 

História de Portugal Restaurado (1640 - 1668)

 

 

 

O livro  mais importante sobre a Restauração de Portugal em 1640 é sem dúvida a “História de Portugal Restaurado”, escrito por Luiz de Menezes, Conde de Ericeira (1632-1690). Teve na altura numerosas edições e foi republicado no sec. XX, com a grafia e pontuação actualizadas, por António Álvaro Dória (1902-1990), nos anos 40, na Editora Civilização, em 4 maciços volumes.

A este livro e ao seu autor se refere o artigo que a seguir se transcreve, da Prof. Doutora Virgínia Rau (1907-1973). Como curiosidade: Virgínia Rau desconhecia  quem seria o Henrique Caterinno que o Conde de Ericeira cita (v. nota 17). Se tivesse Internet na altura, depressa saberia que Henrico Caterino Davila (1576-1631), foi um italiano de ascendência espanhola que escreveu, por volta de 1640, a Istoria delle guerre civili di Francia : nella quale si contengono le operationi di quattro re, Francesco II, Carlo IX, Henrico III & Henrico IV, cognominato il Grande, um best-seller da época (200 edições!),  traduzido depois em francês, inglês, espanhol e latim. Poderia mesmo consultar ou ler o livro que está disponível em versão digital na Bibliothèque Nationale de France, aqui. Aliás, a Biblioteca Nacional, em Lisboa, possui  mais de uma dúzia de exemplares, em italiano, espanhol e francês; mas, certamente, só poderá ser encontrado no índice ou pelo título, ou pelo sobrenome "Davila".

 

 

Um “trabalho divertido” do Conde da Ericeira:

A História de Portugal Restaurado

 Por Virgínia Rau

 

Separata de Aufsätze zur portugiesischen Kulturgeschichte, 10 Band 1970, pgs. 304-310.

 

A fortuna foi ora pródiga ora esquiva para com D. Luís de Meneses, 3.º Conde da Ericeira pelo casamento com sua sobrinha D. Joana de Meneses única herdeira da casa e condado da Ericeira 1. Nascido em Lisboa a 22 de Julho de 1632, a Restauração de 1640 colocou-o aos sete anos de idade ao serviço do Príncipe D. Teodósio, com quem se creou 2 .  Ele próprio nos deixou consignado: “tive a fortuna de me criar no Paço com o soberano, e esclarecido Príncipe D. Teodósio, assistindo-lhe continuamente de idade de sete até quinze anos, e igualmente aprendendo com ele a primeira gramatica, e a lição das historias” 3.

Como filho segundo que era, pensou em buscar fortuna além-mar e acompanhar João da Silva Tello de Meneses, 1.º Conde de Aveira, que em 1650 ia pela segunda vez à Índia como vice-rei 4. Mas, D. João da Costa, mestre-de-campo-general e governador das armas do Alentejo, criado Conde de Soure por D. João IV por carta de 15 de Outubro de 1652  5, sabia avaliar a têmpera dos homens e chamando-o para junto de si abriu-lhe uma carreira militar brilhante. ,,”Ocupou todos os postos a que foy subindo por antiguidade, e merecimento” — escreveu Barbosa Machado — "distinguindo-se nas mais celebres batalhas em que se disputavão a liberdade da patria, e o credito da nação como forão a de S. Miguel no anno de 1658, a das linhas de Elvas em 1659, a do Ameixial em 1663, e a de Montes Claros em 1665, e nas conquistas de Évora [1663] e de Valença de Alcantara [1664], e outras” 6. No ano de 1673 passou a governador-das-armas da província de Trás-os-Montes  7. A vida das armas não o impedia de se interessar pela política e pela administração. Com efeito, em carta de 16 de Novembro de 1669 a Duarte Ribeiro de Macedo já ele escrevia: ,,falando com toda a verdade se alguma ocupação me inquieta hé só a que V. M. me inculca porque no estado prezente da nossa terra, de nenhum exercicio se pode tirar opinião senão das embaxadas, e como este deve ser o único objecto dos homens honrados fora de muita boa vontade livrar a V. M. desse trabalho 8. Veremos o que resulta da vinda do Marques de Liche, se for necessario e me acharem capas não ei-de fugir com o corpo” 9.

Assim ele não ,,fugiu com o corpo” , e como ponto de inflexão da sua carreira, chamemos-lhe deste modo, aparece-nos a sua nomeação para deputado da Junta dos Tres Estados e para Vedor da Fazenda em 1675. Seria a partir de então que D. Luís de Meneses iria promover entre nós a aplicação das suas teorias mercantilistas, prosseguindo uma política anti-sumptuária e de desenvolvimento industrial ao mesmo tempo que tomava serias medidas financeiras 10.

Travava novo tipo de batalha, sempre com o mesmo ardor, resultante essa atitude de um estado de espírito que bem se avalia na sua carta de 24 de Outubro de 1678 ao amigo Ribeiro de Macedo: ,,Aqui me tem V. M. outros tres annos Veador da Fazenda, queira Deos que seja o sucesso como eu tenho o desejo, e que não faltem os instrumentos para não dar em terra com tanta maquina. O de que fiz maior estimação he da vontade e demonstrações de Sua Alteza que passam de todo o encarecimento. As manufacturas vou fazendo subir quanto me he possivel, e voarão se estas alfandegas não estiverão de permeio; porque não há na nossa terra quem se resolva a exprimentar danos presentes por interesses futuros; e affirmo-lhe a V. M. que por attalhar estes inconvenientes, tenho cortado por conveniencias proprias, e sem merecimento porque não passe a outrem esta minha fineza” 11.

Mas o nome de D. Luís de Meneses avulta ainda como historiador, como o autor da História de Portugal Restaurado, cujo primeiro volume foi publicado em 1679. Ainda hoje o seu trabalho é o mais importante da historiografia portuguesa sobre a Restauração de 1640 e o período que se lhe seguiu até ao ano de 1668 12. E esta corajosa tarefa de historiar os eventos políticos, militares e diplomáticos do seu próprio tempo talvez lhe tenha ocasionado, no ambiente palaciano e político em que vivia, traumatismos psicológicos tais que o levariam, quiçá, ao suicídio antes de ter completado os cinquenta e oito anos de idade, na manhã de 26 de Maio de 1690.

De facto, são inúmeros os inconvenientes e quase invencíveis os perigos ,,a que se arroja quem tomou a temerária resolução de imprimir em sua vida a historia do seu tempo”, ele mesmo o reconheceu na explicação que propôs ao leitor: »Encarecer os beneméritos será inveja dos indignos; louvar os viciosos, opróbio dos beneméritos; contar todos os sucessos é empenho invencível, calar alguns pode ser queixa dos interessados”. Por isso D. Luís não hesitou em escrever: ,,quando quem escreve se anima na empresa do livro que escreveu ao pomposo título de autor, então começa a ser réu, e réu julgado em tão excessiva tirania, que tendo língua para falar de tantas pessoas, como são as que compreende qualquer volume, a não pode ter para deixar de ser condenado sem ser ouvido” 13.

E, no entanto, a feitura da História de Portugal Restaurado proporcionou ao seu autor anos de trabalho e, ao menos no seu início, horas de euforia intelectual. Podemos hoje afirma-lo graças às cartas que escreveu para Paris a Duarte Ribeiro de Macedo. Em duas, pelo menos, que chegaram até nós, colhemos dados vibrantes e directos que superam quanto os críticos e ensaistas têm escrito sobre essa obra e o seu autor.

Com efeito, em carta datada de 6 de Novembro de 1669 dizia: “fiz huma comedia que se representou em Palacio, em minha caza, e no Tablado, que se me não enganarão foi muito a satisfação de toda a Corte 14. Agora trabalho com grande calor na Historia de Portugal, e desvanesem-me tantos mestres que não tenho maior gosto que as horas deste exercicio; para colher boa fraze tomei Aristipo 15 de memoria, se a souber emitar eu me dou por contente. O panegirico historico me pareceu ocupação muito util, e muito bem sucedida” 16.

Nova carta, de 19 de Abril de 1670, asseverava: ,,V. M. abre-me campo a outro que governa com grande imperio o meu affecto, permetindo-me que lhe dê conta da historia de Portugal que estou escrevendo, ocupação que no tempo prezente me leva muito voluntariamente todo o cuidado. Dei-lhe principio em o ano de 40 e espero em Deos que chegue até á concluzão da paz; inclue todas as materias politicas, e militares. Não ignoro que o empenho hé grande e o cabedal pouco, mas a lastima do esquecimento em que se hião pondo tantas ações gloriozas me fes serrar os olhos aos perigos da sensura, porque quando não consiga o aserto que anciozamente procuro, darei lus a melhor pena que, com melhor ciencia, huse do meu trabalho. Antes que comessaçe a escrever paçei muito livros para eleger qual devia imitar; por concluzam me afeiçoei a Henrique Caterinno’ 17 cujos preceitos sigo quanto me hé possivel, porque acho nele não só eloquencia mas o dote de deixar sem embaraço na memoria todos os intrincados cazos que escreveo, aos quais forão tão semelhantes os do nosso Reino, que ainda hé maior sircunstançia para o tomar por mestre, mas suposto que sigo a sua doutrina não prendo o genio; despois de fazer muito por me não apartar dos preceitos historicos. Primeiramente, seguindo a explicação de Marco Tulio 18, Historia est digesta, sed ab aetatis nostrae memoria remota, acho que o assumpto que tomo há o que geralmente todos os autores confirmão por dinno de meresser o nome de historia, porque refere gloriozas acções de homens, e os que chamarão Historia ha Doutrina da Alma como Aristoteles 19, lhe puzerão nome improprio. E ainda que alguns achão defeito para o nome de historia escrever-se o que se vá com os proprios olhos, Dom Carlos Colema 20 e outros muitos são de contraria opinião, e na historia de Portugal concorrem ambos os partidos, sem haver nenhuma diferença. Na de Henrique Caterinno, as metaforas de que muito uza este autor dezejo summamente imitar, porque acressentão muito a elegancia, as sentenças, que há o nosso ponto. Tenho feito particular estudo do modo de uzar dellas, acho exemplos por huma, e outra parte muito dinnos de seguir, e não encontro exemplo constante, como dis Mascardi 21, que posa dar lei infalivel de sentenças, porque Tucidedes 22  foi abundante delas, Erodoto  23, pobre, uzo-as muito Salustio 24, Tito Lívio pouco  25, foi delas liberal Tácito  26, Cezar escasso  27 , e acresenta Mascardi que o bom juizo deve uzar das sentenças quando lhe cairem, mas tam bem serzidas que pareçao como os botones de diamantes no vestido de pano, donde hune a arte o que rouba a natureza. Chama-lhe Quintilianos  28 olhos da eloquencia, velut oculos quosdam aeloquentiae credo, e com rezão, o porque no corpo da historia anda ser as sentenças como os olhos no corpo humano, que não se estendem do rosto aos braços nem a outras partes do corpo. Guarde-nos Deos de uzar de sentenças como Pedro Mateu  29, e outros criticones que engrazando-as sem conta desigualão os estremos, por quem dis Mascardi non quia desidiratur, sed quia paratum est. Ultimamente Mascardi não quer a historia malencolica, nem a eloquencia cadaver. A minha historia dará rezão de si; meteremos as sentenças tanto de encaxe, que V. M. quando vier posa tirar as que lhe paresser. O de que fujo com grande cuidado hé de ideas poeticas, em que o exercicio me fas tropeçar; procuro levantar conseitos da mesma tesidura, seguindo a doutrina do P.e Vieira 30  que me dise desprezara sempre os que lha não ordião. Os cadernos vou dando a rever aos mais sientes que me tem asás desvanecido, mas Plínio 31 mais quiria as emendas de Tacito que os seus louvores”.32

D. Luís de Meneses não gostava das fiorituras francesas e por isso dizia a Duarte Ribeiro de Macedo:  “V. M. viva mil annos pelo livro que hé proprio para o intento, ainda que eu não me acomodo as folharias 33 dos autores franceses, poucos tenho topado com aserto, e desposição; a historia de França de Mizeraj não he mal escrita, porem he pueril trabalho o quarteto a cada hum dos retratos dos Reis” 34.

No entretanto, Ribeiro de Macedo mandou-lhe um livro do P.e Pedro Lemoyne e logo, por carta de 13 de Novembro de 1670, D. Luís lhe escrevia entusiasmado: ,,Não me podia V. M. fazer maior favor que o de remeter este livro do P.e Lemoene 35, eu estou tão pago do seu estillo, e tão devoto do seu engenho que se V. M. não achar que he demazia escrever-lhe pedindo-lhe licença para traduzir este seu papel, como V. M. me aconselha, para que saindo a lus antes de empremir a minha historia mostre aos nossos naturaes que me não desvio destes preçeitos. Não lhe pareça a V. M. prezumpção porque ou eu ei-de conseguir o que este livro ensina, ou ei-de entregar ao fogo todo o trabalho que tão voluntariamente exercito. Aqui tivemos questão sobre o exordio, ajusteio à satisfação dos mestres. Vou entrando no ano de 45 e pondo em limpo, depois de apertados exames, tudo o que esta escrito, e afirmo-lhe a V. M. que he tal o devertimento que tenho com este trabalho que as horas que me tirão delle acho roubadas e pendidas” 36

O Conde da Ericeira tinha razão. A sua História de Portugal Restaurado mereceu a seguinte referência contemporânea, no Journal des Sçavans e no seu numero de 13 de Janeiro de 1681: ,,Tout est grand dans cette histoire, le sujet, la manière de l’écrire et l’auteur même” 37 Ainda hoje em dia continua a ser um depoimento histórico importantíssimo e da maior relevância para o estudo da conjuntura político-militar portuguesa dos anos de 1640 a 1668.

  

N O T A S

 

1 - D. Luís era filho de D. Henrique de Meneses, senhor do Louriçal, e de sua mulher D. Margarida de Lima, filha dos Condes de Atouguia, João Gonçalves de Ataíde e D. Maria de Castro. Casou com sua sobrinha no dia 1 de Maio de 1666.

Sobre D. Luís e a casa dos Condes da Ericeira, ramo da de Marialva, ver: Diogo Barbosa Machado, Biblioteca Lusitana, 2ª. ed. (Lisboa, 1933) vol. III, pp. 113-116; Antonio Caetano de Sousa, Historia genealógica da Casa Real portugueza (Lisboa, 1738) vol. V, pp. 370 274 e segs.; Anselmo Braamcamp Freire, Brasões da Sala de Cintra (Lisboa, 1899) vol. 1, pp. 411—412.

D. Joana de Meneses foi senhora muito formosa e cultivada, poetisa e autora de diversas obras que saíram ,,sem o seu nome”, depois da morte de seu marido. Nasceu em Lisboa a 13 de Setembro de 1651 e faleceu a 26 de Agosto de 1709. Cf. Diogo Barbosa Machado, ob. cit., vol. II, pp. 510—511 Antonio Caetano de Sousa, ob. cit., vol. V, pp. 372—373.

2 - O filho primogénito de D. João IV, D. Teodósio, nasceu a 8 de Fevereiro de 1634. Era, portanto, mais novo cerca de ano e meio do que D. Luís de Meneses.

3 - Conde da Ericeira, História de Portugal Restaurado (Lisboa, 1751) p. não numerada do Prólogo. A ortografia foi modernizada.

4 – Anselmo Braamcamp Freire, ob.cit.,vol I, pp 245 246.

5 - Para a biografia do Conde de Soure, ver: Obras do Doutor Duarte Ribeiro de Macedo (Lisboa, 1743) vol. I, p. 4; Diogo Barbosa Machado, ob. cit., vol. II, pp. 588—589; Innocêncio Francisco da Si1va, Diccionario bibliographico portuguez (Lisboa, 1859) vol. III, p. 354.

6 - Sobre a sua carreira militar e política, além dai obras citadas na nota 1, ver: Maria Emilia Cordeiro Ferreira, “D. Luís de Meneses”, em Dicionário de História de Portugal, vol. III, pp. 26—28 e a bibliografia aí citada.

7 - Em carta de 3 de Abril de 1673, D. Luís participava a Ribeiro de Macedo: »Os dias passados ouvi que me consultarão no governo das armas da Provincia de Traz os Montei; atégora se não respondeo à consulta; tenho declarado que o aceitarei se me não obrigarem à assistencia continuada naquela parte como se permitia ao Marquez, que Deos tem.”

8 - Duarte Ribeiro de Macedo foi enviado de Portugal junto de Luís XVI, rei de França, durante os anos de 1668 a 1676.

9 - Cartas do Conde da Ericeira, D. Luís, a Duarte Ribeiro de Macedo, publicadas por Virgínia Rau, no prelo.

10 - Sobre estas facetas da sua actividade, além da bibliografia citada na nota 6, ver: Luiz Fernando de Carva1ho Dias, ,,Os lanifícios na política económica do Conde da Ericeira”, em Lanifícios (Lisboa, 1954-1955) n.ºs’ 50 67; Jorge Borges de Macedo, Problemas de história da indústria portuguesa no século XVIII (Lisboa, 1963) p. 22 e segs.

11 - Cf. as duas notas anteriores.

12 - Sobre o seu conceito de história e da ética do historiador, ver a bibliografia citada na nota 6 e J. Veríssimo Serrão, História breve da historiografia portuguesa (Lisboa, 1962) pp. 199 bis 202.

13 - Conde da Ericeira, ob. cit.,pp. não numeradas do Prólogo.

14 - Entre as suas obras manuscritas há notícia de duas comedias, intituladas: Vencer con la pefeccion, e A mas zelos mas amor. Cf. Diogo Barbosa Machado,  ob. cit., vol. III, p. 116.

15 - Alusão à obra Aristipo, ou Homem de Corte escrito em lingua franceza por Monsieur Balsac, editada cm Paris no ano de 1668.

16 - Alusão à obra de Ribeiro de Macedo publicada em Paris em 1669 e intitulada Panegírico histórico genealógico da Serenissima Casa de Nemurs offerecido á Senhora Rainha da Gram Bretanha.

17 - Influência curiosa de registar mas particularmente difícil de identificar.

18 - Marco Túlio Tiro, escritor latino (c. 104—4 a. C.), escravo liberto por Cícero, de quem se tornou secretário e de quem publicou algumas obras, como os Discursos e as Cartas familiares. Foi autor de algumas obras de gramática; o seu nome é bem conhecido por estar ligado ao sistema de taquigrafia, que ele inventou ou aperfeiçoou (“notas tironianas”).

19 - Alusão ao tratado De Anima do tão famoso filósofo grego, que viveu de 384 a 322 a. C.

20 - Carlos Coloma, marquês de la Espina, militar e escritor espanhol (1567-1637), famoso não só pelo seu talento militar como pela sua cultura e gosto literário. Foi um dos oficiais do exército do Duque de Alba que ocupou Portugal em 1580. Como historiador destaca-se a sua obra Las guerras de los Estados Bajos, impressa em Antuérpia em 1625 -1629. Deixou também uma tradução dos Anais dc Tácito.

21 - Agostinho Mascardi, jesuita italiano e historiador (1591-1614). A sua obra mais importante é Dell’Arte istorica, impressa em 1636. Deixou outros trabalhos, entre os quais Dissertationes de affectibus (1639) que trata das paixões e das suas características.

22  - Famoso historiador grego (c. 460-398 a. C.), autor da tão importante História da Guerra do Peloponeso.

23 - Historiador grego (484-420 a. C.) amigo de Péricles e de Sófocles. As suas Histórias, obra que não chegou a terminar, tornaram-se a fonte principal para o estudo das guerras médicas e dos povos com elas relacionados.

24 - Caio Crispo Salustio, historiador romano (86-34 a. C.) que escreveu várias obras, das quais só duas chegaram completas até nós: Guerra catilinária ou Conjuração de Catilissa e ]ugurta ou Guerra Jugurtina. Alguns autores pensam que estas duas obras faziam parte de uma outra, muito mais vasta, intitulada História de Roma.

25 - Historiador romano (c. 64 ou 59 a. C. — 17 d. C.) que cultivou também a retórica e a filosofia. A sua obra fundamental é a inacabada História de Roma, em 142 livros, de que só uma pequena parte chegou até nós.

26 - Publio Cornélio Tácito, historiador romano (c. 55—120 d. C.) que cêdo adquiriu fama de grande orador; só mais tarde se dedicou à história, deixando várias obras neste domínio, como a Germânia, os Anais, as Histórias.

27 - Caio Júlio César (c. 101-44 a. C.) que foi ao mesmo tempo general, homem de Estado, historiador, memorialista, gramático, orador) e polemista. Engrandeceu não só a história romana como também toda a historiografia universal com as suas obras Bellum Gallicum e Bellum Civile.

28 - Marco Fábio Quintiliano, retórico romano nascido na Península Ibérica (c. 30 - c. 100 d. C.). Autor do celebre tratado De Institutione Oratoria.

29 - Pedro Matheo, historiador cujas obras, em francês, foram traduzidas para espanhol como a Historia de la muerte de Enrico el Grande quarto Rey de Francia (1625) e Pedazos de historia y de Razón de Estado ... (1624), que tiveram grande fama na época.

30 - Por esta alusão de D. Luís de Meneses se vê comoo P.e António Vieira, figura cimeira da literatura portuguesa do século XVII, exerceu vasta influência sobre os autores seus contemporâneos.

31 - Plinio o Jovem - Caio Plinio Cecílio Segundo. Escritor latino (c. 62 -114 d. C.), educado por seu tio Plinio, o Antigo, tornou-se um advogado celebre, mas da sua oratória só se conhece o Panegírico de Trajano. Ficou-nos ainda a sua correspondência, quase toda dada a conhecer em vida do autor.

32 - Cf. nota 9.

33 - Usado aqui o termo no sentido de excesso de enfeites, de ornatos. Sinónimo do italiano fioriture.

34 - François Eudes de Mézery (1610 - 1683), historiador francês autor de uma História de França que alcançou grande reputação e de que publicou, cm 1668, um Resumo Cronológico. Foram-lhe atribuidos diversos panfletos políticos, o que deu origem a que perdesse o cargo de historiador del-rei de França.

35 - Poeta e jesuita francês (1602 1672) que escreveu o poema Saint Louis ou la Couronne reconquise sur les infidèles (1653), apresentado pelo autor como uma epopeia nacional. Escreveu também La Galerie des femmes fortes (1647), La Dévotion aisée (l652) e Les Peintures morales. A sua obra integra-se no que hoje se convencionou denominar ,,estilo barroco”.

36 - Cf. nota 9.

37 – Diogo Barbosa Machado, ob. cit., vol. III,p. 115.