10-9-2018
TELEVISÃO
Cristina Ferreira
Começo este texto com a conclusão:
O concurso
“Apanha
se puderes”
não
teria tido o
êxito
que teve se já
não
existisse o
“Preço
certo”
conduzido na RTP 1 pelo Fernando Mendes, conhecido por o
“Gordo” (mas agora já
reduziu o peso).
Os concursos da televisão
têm
normas rigorosas que têm
de ser cumpridas sob pena de injustiça e de violação da lei que exige que todos os concorrentes sejam tratados de igual modo.
Entre nós, sobretudo com o
“Preço certo”, tem sido um regabofe. O
“Gordo” dirige o jogo
à
sua maneira e não
tem pejo de ajudar alguns concorrentes quando lhe dá na real gana. O
“Preço
certo”
já
deveria ter sido suprimido há muito tempo, por ser tão
“pobre”, mas lá continua a levar concorrentes e assistentes,
contando também com o transporte do pessoal fornecido pelas Câmaras
e Juntas de Freguesia, que também ganham assim alguma visibilidade e publicidade.
Cristina Ferreira constatou o modo de fazer do
“Gordo”
e avançou
por sua vez. Como tem muito melhor cabeça, não precisou de um secretário como o do
“Gordo”
–
o Miguel. Ela faz tudo e dispõe de tudo. Viu que, com o
cumprimento estrito das regras do jogo, ninguém
ganhava nada e então
tratou de manipular os resultados ajudando os concorrentes com quem mais
simpatizava. Instituiu assim a
“ajuda Cristina” dando a aparência de que seria essa a
única ajuda que eventualmente daria aos
concorrentes. Mas há mais ajudas, nomeadamente dar a ordem de bloquear, quando quer beneficiar o
concorrente que está a dar uma resposta certa, quando ele não
está
a mostrar grande certeza no que diz.
Reconheço,
porém,
que ela só
faz isso com alguns concorrentes que parecem mais sabedores, enquanto deixa cair
outros.
Outra coisa bem anormal que a Cristina faz
é
o jogo de olhares com o concorrente. Quando lhe apetece, o olhar dela diz ao
concorrente que a resposta que ele se propõe dar está certa; quando quer ajudar dá-lhe a entender com o olhar que está
errada; e por vezes, para atrapalhar o pobre concorrente, põe-se a sugerir com expressões
do rosto que está
errada a resposta certa que ele quer dar, deixando o pobre concorrente em suores
frios.
Ora tudo isto está
errado e o procedimento ainda
é pior do que no
“Preço certo” no que toca ao afastamento das regras do jogo.
Apesar de tudo, reconheço
que Cristina Ferreira faz com o seu programa um espectáculo interessante e agradável,
mas a forma como o conduz não
é correcta porque vicia todo o jogo no interesse da sua própria
exibição.
Tenho assistido aos concursos realizados na RAI, a
televisão italiana e nada disto acontece. Porquê?
Antes de mais, existe um Regulamento para cada jogo que prevê todos os pormenores e
é
publicado (*). E em todos os concursos está presente um Notário que tem exactamente por missão controlar o cumprimento das regras do jogo. Isto
faz com que não haja abusos e as regras do jogo sejam cumpridas. Não
há
ajudas nem joguinhos de olhares. Só
é permitida ao concorrente uma resposta que
é
definitiva.
(*) Exemplo: Regulamento de
“L’eredità”
em
http://www.rai.it/dl/docs/1447342291235Regolamento_Eredita___nuovo_telefono.pdf
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