10-8-2013

 

Francisco Xavier de Oliveira, o Cavaleiro de Oliveira  (1702 - 1783)

 

“Cavaleiro de Oliveira”,  é a tradução do nome que o personagem se atribuiu a si mesmo em francês, “Chevalier d’Oliveira”. A sua biografia foi estudada e escrita na primeira metade do séc. XX por três eruditos que se disputaram mutuamente a primazia da tarefa, com rijas polémicas pelo meio.  No início dos anos 20, Jordão de Freitas publicava no jornal “A Época”, documentos que descobria na Biblioteca Nacional e depois escondia.  Ao mesmo tempo, Aquilino Ribeiro publicava na Biblioteca Nacional a “Recreação Periódica”, em 2 volumes, tradução  do “Amusement Périodique”. Nos anos 30, entrou também na competição o Prof. Gonçalves Rodrigues, de Coimbra que, em 1950, defendeu uma tese com o título “O Protestante Lusitano”, muito louvada pelo Júri. Aquilino Ribeiro acusou-o de plágio e nessa acusação gastou 80 páginas do livro “Abóboras no Telhado” em 1955 (Capítulos V e VI).  O Prof. Gonçalves Rodrigues respondeu no ano seguinte com o livro “O Cavaleiro de Oliveira, o Senhor Aquilino Ribeiro e eu”, na Coimbra Editora, L.da. No final, parece terem ficado mais ou menos empatados, porque ambos tinham tirado dados um ao outro e a outros sem citar a origem.

Entretanto, já António Francisco Barata publicara no Arquivo Histórico Português, n.º 1  de 1903, um resumo do processo na Inquisição, e depois no n.º 2, de 1904, a transcrição completa do mesmo. Diz ele que ignora de que modo é que o processo da Inquisição foi parar à Biblioteca de Évora, onde ainda hoje se encontra, com a cota CXXXI/ 1-19.  Isso pode ter sido ainda antes do séc. XIX, pois António Joaquim Moreira já não o encontrou na Torre do Tombo.

 

PORTUGAL

 

Francisco Xavier de Oliveira nasceu em 21 de Maio de 1702 (foi baptizado no dia 1 de Junho seguinte), filho de José de Oliveira e Sousa, Contador dos Contos do Reino e de D. Isabel da Silva Neves.  Era uma família da burguesia lisboeta, bem vista na Corte. Teve três ou quatro irmãos:

- Fr. António de S. Joaquim, que foi missionário para o Brasil,

- Maria Teresa, que casou com Miguel Lopes Ferreira, também funcionário dos Contos

- P.e Tomás Xavier de Aquino,  nascido em 1720, Pregador Geral da Ordem de S. Bento, esteve com ele em Viena e na Holanda, e correspondeu-se com ele; foi obrigado a cortar relações quando ele abjurou da Fé católica;

- Maria Josefa, que segundo Gonçalves Rodrigues, não se sabe bem se era irmã ou tia.

Teve professores particulares na infância e adolescência, tendo aprendido Latim, Francês e certamente Filosofia. Aos 14 anos, foi trabalhar como oficial do tribunal dos Contos e lá ficou até partir para o estrangeiro.

O seu pai estava quase sempre em missão fora do País e, quando ele era ainda adolescente, foi nomeado Secretário do Embaixador de Portugal em Viena, o Conde de Tarouca, D. João Gomes da Silva.

Tem-se insistido em Portugal no donjuanismo do Cavaleiro de Oliveira e ele mesmo se vangloria nos seus escritos do seu amor pelas mulheres. Por isso, se costumam referir as suas namoradas de adolescente. Por volta dos 16 anos, andou de amores com uma freira de Santa Mónica, Soror Catarina Rosa de Figueiredo. Dos 16 aos 20 anos (1718-1722), namorou uma cigana, Joana Vitorina Jacinta Xavier, que lhe terá feito a vida negra. Conta ele que também namorou uma judia de que não diz o nome, mas adianta que ela teria sido perseguida e presa pela Inquisição e depois relaxada. Deve ser balela. Conquistou a certa altura, uma Antoninha Clara, que fora três anos amante de D. António Manuel , irmão do Conde de Vila Flor.

Veio a casar com D. Ana Inês de Almeida, filha de Matias de Sousa Lobato, em 25 de Fevereiro de 1730, tinha ela 32 anos. A noiva era fraca de peito, como se dizia na altura. Viveram primeiro na Travessa da Horta, freguesia da Pena, como se vê pelo rol da desobriga de 1732; depois, na Rua de S. Vicente, freguesia do Socorro. Em três anos, tiveram duas filhas e um filho. As meninas morreram novas. O rapaz, José Anastácio, nasceu em 11 de Janeiro de 1733, e aos nove anos foi para Viena com um tio, ficando junto da madrasta quando o pai foi para a Holanda.

Tal como a sua família, Francisco Xavier de Oliveira era bastante considerado em Lisboa. Foi até armado Cavaleiro da Ordem de Cristo em 11 de Dezembro de 1729, depois de uma dispensa por um seu avô ter sido agulheiro.

Sua esposa faleceu tísica em 16 de Março de 1733. Logo a seguir, faleceu-lhe seu pai em Viena no início de 1734.

 

VIENA DE ÁUSTRIA

 

O Conde de Tarouca, João Gomes da Silva, convidou-o a ir para Viena para eventualmente assumir o lugar de seu pai, ou seja, Secretário da Embaixada. Satisfeito com o convite, embarcou para a Holanda em 19 de Abril de 1734; nunca mais voltaria a Lisboa.  A 12 de Maio, chegou à ilha e porto de Texel, ficando na Holanda 12 dias. Visitou e ganhou a amizade de D. Luis da Cunha (1662 – 1749), que lhe apresentou a sua amante, Madame Salvador, judia.

Seguiu viagem e às 6 da tarde do dia 6 de Junho chegou a Viena.  O Embaixador deu-lhe os papéis do pai e mais 300 000 réis. Mas o Conde de Tarouca não simpatizou com ele. Não lhe deu a chave do armário dos documentos e praticamente nunca lhe deu o cargo de Secretário da Embaixada.  Quem passou a desempenhar as funções de Secretário foi um arquitecto milanês chamado Inácio Mauro Valmagini, que tinha em Viena um outro irmão eclesiástico chamado Júlio César.

Sem dúvida servindo-se do nome de seu falecido pai, Xavier de Oliveira penetrou na sociedade de Viena. O primeiro amigo foi João Rudolfo Cantacuzeno, Príncipe de Valáquia, de nobreza arruinada. Apaixonou-se pela mulher deste, foi padrinho da filha e fez grandes despesas para a casa deles.

Foram dois anos e meio de ociosidade doirada. No início de 1737, fez um requerimento ao Conde de Tarouca para que este lhe desse o lugar de Secretário que lhe havia prometido. O Embaixador não respondeu. Em 17 de Fevereiro do mesmo ano, nova exposição acusando os dois irmãos Valmagini.

Em 12 de Abril do mesmo ano, o Conde de Tarouca com seu filho Manuel Teles da Silva e testemunhas, notificou Xavier de Oliveira de que estava dispensado. Xavier de Oliveira escreveu a protestar para Lisboa e ficou à espera de resposta.

A 16 de Junho saiu de Viena, anunciando que partia para Lisboa; foi porém para Amsterdão.  A 21 de Setembro, conseguiu que um antigo criado de seu pai, João Pires da Silva fosse a Lisboa fazer queixa do Conde de Tarouca. O Conde de Tarouca, porém, faleceu logo a seguir no dia 29 de Novembro. Xavier de Oliveira escreveu ao Imperador como se tivesse algum poder na Embaixada.

Para tomar conta dos negócios da Coroa em Viena, foi nomeado um inimigo dele, Domingos de Araújo Soares.

João Pires da Silva regressou de Lisboa sem uma resposta à petição que levara.

A 9 de Janeiro de 1738, entregou ao Padre Agostinho de Lugano, capelão do Imperador, os documentos de interesse do Estado. Apelou para que lhe pagassem as despesas e recebeu 3 000 cruzados da Corte, mas ele dizia que tinha gasto muito mais que isso.

Tinha entretanto regressado a Viena e casado em 26 de Junho de 1738 com Maria Eufrosina de Puechberg Enzing.  Participou o casamento ao P.e Agostinho e pediu 100 ducados de ouro de empréstimo. Os sogros detestaram Oliveira, que não tinha onde cair morto e vivia às sopas da família da mulher. Viajou para a Holanda e nunca mais voltou a Viena. Deixou à mulher o filho do primeiro casamento que entretanto chegara a Viena. A mulher faleceu entre Maio e Junho de 1742.

Por essa altura tinha ele a ilusão de que conseguiria viver da escrita.

É oportuno contar um pequeno episódio para ver a pouca consideração que tinha ele em Viena.  O filho do Conde de Tarouca, Manuel Teles da Silva, recebeu por volta de Outubro de 1739, de D. Luis da Cunha uma carta para ser entregue a Xavier de Oliveira, mas devolveu-a ao remetente, com estas palavras: “Restituo a carta de V. Ex.ª para Francisco Xavier de Oliveira, porque não é digno dessa honra, nem a deste homem está aqui tão segura que, mostrando a carta, não pudesse fazer grande prejuízo à grande veneração que se tem pelo talento de V. Ex.ª (…) O tal desatinado Oliveira intentou nada menos que surpreender ao Imperador  para se fazer dar os papéis de meu pai, e isso ao tempo em que pessoas de má reputação, confidentes do tal Oliveira, deitavam inculcas para a venda das cartas de meu pai, particulares e familiares, de que dizia ter cópias. Ora veja V. Ex.ª que personagem é esta para se lhe entregarem os papéis de tal ministro!”

Também, mais tarde, em carta de 29 de Julho de 1780, escreveu o Abade António da Costa, de Viena: “… e já que falámos de livros, lhe direi logo que o tal Francisco Xavier de Oliveira não se acha em Viena, nem eu acho nenhum rasto de ele ter estado aqui nunca; e por isso já V.M. vê que esta gente não o tem em nenhuma conta, nem boa nem má.

 

HOLANDA

 

Em 4 de Agosto de 1741, escreve Xavier de Oliveira que está há 11 meses na Holanda para onde viera acompanhado de seu irmão Tomás Xavier. Está em má situação: não pode regressar a Viena nem a Lisboa.

Foi amigo de Arão Pereira, nome que escondia Fr. Diogo, guardião que foi de S. Pedro de Alcântara. Frade inteligente e bem visto em Lisboa, perdeu-se quando fugiu com uma Clarissa de Santa Ana e uma grande soma de dinheiro que o Rei lhe confiara. Perdeu esse dinheiro num naufrágio e para sobreviver teve de se converter ao judaísmo que detestava. Vivia como preceptor dos filhos da Sinagoga, com D. Floriana.

Publicou na Holanda:

Memórias de Portugal

Memórias das Viagens – 2 vols.

1001 observations

Cartas Familiares, Históricas, Políticas e Críticas – 3 vols.

Carta a Isaac de Sousa Brito

Viagem à Ilha do Amor – será um plágio de Paul Tallemant (1642- 1712).

Lettre à M. C.D.M.M

 

Quis vender em Portugal os livros editados em Português, depositando as suas esperanças nas “Memórias das Viagens”.

Em 1744 ou pouco antes, o Inquisidor Frei Manuel do Rosário fez com que fosse proibida a entrada de todos os seus livros em Portugal (por “passagens um pouco impertinentes que eu inseri sobre a conduta do Conde de Tarouca”, escreveu ele).

Nesta altura, já ele sofria de reumatismo e de pedra nos rins.

 

INGLATERRA

 

Nos primeiros meses de 1744, atravessou o Canal em busca de novos horizontes, com os 1000 ducados de D. João V na algibeira, pagos através de D. Luis da Cunha (que estava em Paris).

Só um ano depois de chegar a Londres é que conseguiu falar com o futuro Marquês de Pombal, então Embaixador na Corte de Londres e que acabou por o receber em Maio de 1745.

Escreveu ele que foi muito bem recebido mas Sebastião José diz o contrário em carta enviada a Marco António de Azevedo Coutinho em 23 de Março de 1746:

Vim achar em Londres o célebre Francisco Xavier de Oliveira, ou por outra, o Secretário infiel do Senhor Conde de Tarouca. Depois de o ter recambiado várias vezes, fui obrigado a ouvi-lo pelas exagerações que fez sobre a importância do negócio, que tinha para me comunicar. Consistia este em me querer vender vários papéis, que ainda lhe restavam.  Respondi-lhe, porém, que de nenhuma sorte me meteria em semelhante negócio, dizendo-me ele , que já o tinha tratado com o senhor Dom Luis da Cunha; e que a ele podia recorrer para o acabar. V.M. sabe que não desejo fazer mal; mas entendo que é grande bem meter este homem em uma prisão, se para isso houver meio; porque na verdade é uma injúria do hábito que traz e da Nação a que diz que pertence. V.M. sabe qual é a Constituição deste Reino”.

No entanto, escreveria ele mais tarde ao Marquês de Pombal: ”Je me féliciterai toute ma vie des bontés dont V.E. m’a ci-devant comblé ici à Londres…” (Discours Pathétique…).

Instalara-se no bairro de Soho, entre Leicester Square e Oxford Street.

Após 4 anos de viuvez, casou-se pela 3.ª vez em 1 de Fevereiro de 1746 na Igreja de Sant’Anne of Soho (Anglicana) com Frances Hammon, de origem francesa. Ele andava pelos 44 anos; ela sobreviveu ao marido 22 anos, morrendo em Fevereiro de 1806. Era por isso bastante nova, deveria ter uns 20 anos.

Uma amizade importante, foi a que ele contraiu com o capelão anglicano o Rev. Majendie, que tinha grande influência na Corte Britânica. Nesta altura foi ele que o doutrinou e o levou a abjurar da fé católica em 22 de Junho de 1746. O capelão era filho de um Huguenote e muito ligado aos emigrados franceses.

Francisco Caetano em 14 de Outubro de 1746, informou Pombal de que Oliveira tinha abjurado  da fé.

Em Agosto do mesmo ano (data do baptismo: 5 de Setembro), 7 meses após o casamento, nasceu-lhe uma filha Elisabeth Anne  Amelia de Oliveira.

Pouco depois do nascimento da filha, foi preso por dívidas! O credor queixoso fora William Kirkland, por uma divida de 100 libras. Foi parar à cadeia de Fleet, situada na actual Farringdon Road entre Ludgate Hill e Fleet Lane. Ficou preso 18 meses.

Preso em 11-12-1746, por falta de fiança foi intimado de novo a pagar em 12-2-1747, em Novembro exigiam-lhe mais 68 libras de custas. Safou-o o Acto de Insolvência de 1748 que pôs em liberdade 460 devedores. Saía da cadeia em 22 de Setembro.

21 meses e 10 dias esteve preso, pois,  e não 18 meses como ele indica. A filhita dele morreu pouco depois de ele ser preso

Valeu-lhe a intercessão do Rev. John James Majendie e começou ele então  a viver das migalhas dos ricos e generosos; recebia mesmo uma pensão do Príncipe de Gales.

Continuou a escrever, sempre em Francês; o que foi publicado de sua autoria em Inglês, foi após tradução feita por outrem.

No início de 1751, publicou os três volumes do “Amusement Périodique”, onde já incluía proposições heréticas em face da Fé católica e atacava a Inquisição.

Em 1753, teve problemas de saúde, por isso, retirou-se para o campo, arrendando uma pequena casa com jardim na aldeia de Kentish Town, a duas milhas de Londres. Começou mesmo a cultivar a terra e assim conseguiu melhorar: “… je vêcus tranquillement dans ma chétive mais douce retraite, jusqu’à la fin de 1755”.

As notícias do Terramoto de Lisboa de 1-1-1755 espalharam-se rapidamente pela Europa e muitos foram os que escreveram sobre o desastre que tanto impressionou a todos. Xavier de Oliveira fez o mesmo e aproveitou para atacar a Religião Católica, ao mesmo tempo que dizia que fora um castigo divino, o mesmo que disse um conhecido Padre Jesuíta italiano, o P.e Gabriel Malagrida. Intitulou o livrinho “Discours pathétique au sujet des calamités présentes arrivées en Portugal. Adressé à mes compatriotes et en particulier a Sa Majesté Très-Fidèle Joseph I, Roi de Portugal. Par le Chevalier d’Oliveyra. A Londres. MDCCLVI”. Ainda no mesmo ano, foi publicada a tradução inglesa.  Ambos são in-4.º de 52 págs.

Apareceram alguns exemplares em Lisboa e ele mesmo enviou um a seu irmão, o P.e Tomás Xavier de Aquino.  A Inquisição entrou em acção e uma Carta Pastoral de 12-10-1756 proibiu a sua leitura, sob pena de excomunhão; estendeu mesmo a proibição a todas as obras do autor.

Ainda antes disso, foi instaurado o processo contra ele na Inquisição de Lisboa.

 

O PROCESSO

 

O processo é bastante monótono, pois as testemunhas limitam-se a referir o conteúdo do livro, como dele tiveram conhecimento e se conhecem o seu autor.

 

13-7-1756 – Na Mesa da Inquisição Joachim Jansen Moller e Luis Barata de Lima assinam a conclusão do Sumário, sugerindo que o livro seja proibido e que denunciem o autor todos quantos o tivessem lido.

8-7-1756 – 1.ª Testemunha – P.e José Tomás Borges, Sacerdote do Hábito de S. Pedro

8-7-1756 – 2.ª Testemunha – P.e Mestre Doutor Fr. Francisco da Visitação Massarelos, religioso de S. Francisco, Qualificador do S.to Ofício

12-7-1756 – 3.ª Testemunha – Joaquim Pereira Leal, Cavaleiro Professo da Ordem de Cristo e Académico da Academia Real de História. Junta uma denúncia escrita ao seu depoimento.

10-9-1756 - Joachim Jansen Moller e Luis Barata de Lima, da Mesa da Inquisição informam ter conseguido um exemplar do livro.

10-9-1756 – Conselho Geral: “A Mesa informe com seu parecer à vista da qualificação junta. Silva. Abreu. Trigoso. Silveira Lobo”

10-9-1756 – Qualificação redigida por Fr. José Malaquias.

7-9-1756 – Fr. Francisco da Visitação Massarelos  - Denuncia um francês chamado André Sovan, que estava a ler o livro. E intimando-o ele testemunha a entrega-lo ao S.to Ofício, disse ele que o não fazia porque lhe fora emprestado pelo Enviado de Inglaterra e o iria restituir no dia anterior, 6 deste mês.

14-9-1756 - Joachim Jansen Moller e Luis Barata de Lima entendem que se deve proceder contra o autor do livro.

14-9-1756 – Fr. Bernardo do Desterro entrega um exemplar do livro.

23-9-1756 – 4.ª Testemunha – Fr. Bernardo do Desterro, da Ordem dos Pregadores, Qualificador do S.to Ofício.

23-9-1756 – 5.ª Testemunha – Fr. Domingos da Encarnação. religioso da Ordem dos Pregadores, morador no Convento de S. Domingos, onde foi Lente de Filosofia. Faz um resumo das posições do Autor:

- O Tribunal do S.to Ofício deve ser extinto por ser um “Tribunal pernicioso instituído por Papas homens viciosos, corruptíssimos, e muitos deles homicidas, adúlteros, incestuosos, simoníacos, sacrílegos, ímpios e Ateístas, os quais não tinham mais jurisdição que na Itália”;

- Que Sua Majestade Portuguesa é cabeça única da Igreja Lusitana;

- Que o Terramoto e castigo que veio ao Reino e 1-11-1755, “procedeu da indignação da justiça divina pelo modo como em Portugal se dirigem os homens a Deus,(…)  porque o invocam supersticiosamente e com idolatria, violando os seus mandamentos”;

- Que “pretende abolir o culto das imagens dos Santos, que diz ser proibido pelo mesmo Deus, razão por que declara que no dito dia de todos os Santos, veio a Portugal o referido castigo, que fez maior ruina nos Templos aonde aos Santos se oferecia supersticioso culto”;

- “e que fora em tempo em que os Portugueses fazem os maiores sufrágios pelas almas que supõem no Purgatório, sendo tudo quimérico e imaginário forjado pela avareza e cobiça dos sacerdotes com o fim de tirarem do povo somas consideráveis de dinheiro”;

-Que “outrossim impugna a proibição da Bíblia em Língua vulgar, que atribui ao S.to Ofício”.

- Que conclui o dito papel com uma carta para Sua Majestade, outra para o Senhor Infante Dom Manuel, outra para o Secretário de Estado Sebastião José de Carvalho, e outra para a Academia Real de História Portuguesa.

Juntou depois uma denúncia detalhada muito extensa, pois ocupa quatro páginas da letra miúda da transcrição no Arquivo Histórico (pags. 290-294).

2-10-1756 – 6.ª Testemunha – P.e Mestre Fr. José Malaquias, religioso da Ordem dos Pregadores, Lente de Prima.

2-10-1756 – 7.ª Testemunha – P.e Mestre Fr. Nicolau da Assunção Becker, religioso da Ordem dos Pregadores, Prior do Convento de São Domingos desta cidade e qualificador do Santo Ofício.

12-10-1756 – 8.ª Testemunha – P.e António Xavier Godinho, Sacerdote do Hábito de S. Pedro, Notário Apostólico.

12-10-1756 – 9.ª Testemunha – José Caetano, Mestre de Gramática, natural da freguesia de Santa Maria da Vila de Palmela e morador nesta cidade na Rua de S. José.

13-10-1756 – Informação do Prior da Igreja Paroquial de S. Mamede  - A Mesa da Inquisição pedira os livros de registo de Baptismos da Paróquia de 1680 até 1730, mas o Prior informa que se queimaram todos no incêndio que se seguiu ao Terramoto.

13-10-1756 – 10.ª Testemunha – Salvador Soares Cotrim, familiar do S.to Ofício morador em Lisboa na freguesia do Socorro.

14-10-1756 – 11.ª Testemunha – João Pereira da Costa, Cura da Igreja de N.ª Sr.ª da Pena

14-10-1756 –12.ª Testemunha –P.e José Agostinho Franco,  Coadjutor da freguesia de S. José

14-10-1756 – 13.ª Testemunha – Francisco Félix da Silva, criado grave do Marquês de Penalva, morador junto do Campo Grande.

14-10-1756 – 14.ª Testemunha – Pedro de Sousa, Rei de Armas Portugal, Familiar do Santo Ofício, morador no beco do Outeiro, freguesia de Santo Estêvão.

14-10-1756 – 15.ª Testemunha –João Ribeiro de Gamboa, criado grave do Marquês de Alegrete, natural da vila de Cheleiros, e morador por cima de Arroiso numa quinta do mesmo Marquês.

Requerimento do Promotor de Justiça para que o réu seja notificado por Éditos; que os seus bens sejam sequestrados; que o livro seja queimado na forma e estilo do S.to Ofício.

15-10-1756 – Assento da Mesa, determinando o que fora proposto pelo Promotor. O réu deverá comparecer no prazo de 90 dias.

15-10-1756 – Assento do Conselho Geral confirmando o da Mesa. Assinam Nuno da Silva Teles, António Ribeiro de Abreu, Francisco Mendo Trigoso, Simão José Silveira Lobo.

Nota: Nuno da Silva Teles era parente próximo do Conde de Tarouca.

25-10-1756 – O Cura da Paróquia de N.ª Sr.ª da Penha, João Pereira da Costa certifica que Francisco Xavier de Oliveira se desobrigou no ano de 1732, em que se deu a rol sendo morador na Travessa da Horta.

20-10-1756 – 16.ª Testemunha – P.e Frei Tomás de Aquino, religioso de S. Bento, Pregador Geral, natural da cidade de Lisboa e morador no Convento de S. Bento, irmão do réu.  Dise que não viu nenhum exemplar do livro. Que há cerca de 6 meses recebeu uma carta dele pedindo notícias dos estragos do Terramoto. Não sabia que ele tinha abandonado a Fé católica.

16-10-1756 – Edital com a citação

20-10-1756 – João Pereira da Costa, cura da Paróquia de N.ª Sr.ª da Pena certifica a afixação do Edital na Igreja.

21-10-1756 – P.e José Agostinho Franco certifica a afixação do edital nas casas em que morara o réu.

8-2-1757 - 1.ª revelia –  Os Senhores Inquisidores “mandaram logo ao porteiro desta Inquisição, Simão de Amorim Pacheco apregoar o dito Francisco Xavier de Oliveira, o qual o apregoou em alta e inteligível voz dizendo Francisco Xavier de Oliveira ou alguém por ele e por dar sua fé de que não aparecia, nem outrem por ele (…) os Senhores Inquisidores lhe houveram por acusada a primeira revelia e o lançaram do primeiro termo…”

21-2-1757 – 2.ª revelia

5-3-1757 – 3.ª revelia

O Promotor de Justiça requer que sejam agravadas as censuras contra o réu, passando-se carta declaratória na forma costumada.

28-3-1757 – Assento da Mesa – defere o requerido pelo Promotor

2-4-1757 – A Mesa declara o réu público excomungado, revel e contumaz.

9-4-1757 - João Pereira da Costa, cura da Paróquia de N.ª Sr.ª da Pena certifica a afixação do Edital na Igreja.

14-4-1757 – P.e Manuel Francisco, Presbítero do Hábito de S. Pedro e Notário Apostólico, certifica a afixação do edital nas casas em que morara o réu.

19-2-1757 – Os Inquisidores mandam um Comissário ao Convento dos Padres de Cristo em Tomar, para certificar o dia, mês e ano em que o réu tomou o hábito de Cristo.

12-4-1757 – O Comissário Ambrósio de Carvalho Silva certifica que o réu tomou o hábito em 11 de Dezembro de 1729.

O processo pára durante um ano.

4-4-1758 – É lido o libelo contra o réu.

Termo de lançamento da contrariedade – O réu não apareceu, logo não contestou;  o Libelo é dado como contestado e o réu lançado da contestação com que pudera vir.

O processo pára por três anos o que não pode deixar de significar algo. Poderia ter sido concluído para entrar no auto da fé de 27 de Agosto de 1758.

13-7-1761 – Requerimento do Promotor antes da publicação da prova da justiça

27-7-1761 – Termo de publicação da prova da justiça. Foram excluídos os depoimentos das 1.ª, 2.ª e 12.ª testemunhas, não é dada uma justificação.

Termina: “Consta que o que se contém no dito Caderno (o livro Discours Pathétique) foi qualificado e censurado pelos Qualificadores do Santo Ofício por herético e digno de se consumir por meio de fogo, e seu Autor chamado para responder de fé.”

11-8-1761 – Termo de como o réu foi lançado das contraditas – Não aparecendo o réu, terminou o prazo para apresentar contraditas, na linguagem do tempo, foi lançado das com que pudera vir.

13-8-1761 – Processo concluso

13-8-1761 – Assento da Mesa – O réu como convicto, negativo, pertinaz e revel, incorreu na pena de excomunhão maior; que seja lida sua sentença no primeiro Auto público da Fé em presença de sua estátua, a qual com a dita obra seja relaxada à Justiça secular.

18-8-1761 – Autos conclusos

18-8-1761 – Assento do Conselho Geral  - idêntico ao Assento da Mesa

Sentença para ser lida no auto

Nota de a estátua do réu ter sido queimada no auto da fé que se celebrou no Claustro do Convento de S. Domingos em 20 de Setembro de 1761.

Conta de custas: 5$643 réis

 

O primeiro comentário a fazer ao desenrolar do processo é sobre as paragens que teve: primeiro de um ano e depois, mais três anos. Porquê? Antes de mais, há que notar que, nesta data, a Inquisição estava já totalmente politizada sob o férreo comando do Marquês de Pombal. Deu-se depois a coincidência de ele ter decidido sacrificar o P.e Gabriel Malagrida (Processo n.º 8064), por causa da peregrina ideia dele de que o Terramoto fora um castigo divino. Ora, o Cavaleiro de Oliveira defendia a mesma ideia. Tinha toda a lógica juntá-los no mesmo auto da fé. Mas esta solução não existia ainda em 1758, só apareceu em Dezembro de 1760, quando Malagrida chegou à Inquisição. Antes disso, não deviam saber muito bem o que haviam de fazer ao Cavaleiro de Oliveira.

Francisco Xavier de Oliveira tratou de aproveitar a ocasião para fazer propaganda pessoal.  Já em 1757 publicara a “Suite du Discours Pathétique: ou Réponse aux Objections et aux Murmures que cet Ecrit s’est attiré à Lisbonne. Adressée aux Portugais par le Chevalier d’Olyveira, Auteur du Discours qu’il défend », um in-10, de 45 págs. , que logo fora também traduzida para Inglês com o título « Sequel of the Chevalier de Oliveyra’s Pathetic Discourse to the Portuguese ».

A notícia de ter sido queimado em estátua em Lisboa deu-lhe ocasião para escrever o livrinho “Le Chevalier d’Oliveyra brulé en effigie comme hérétique. Comment et Pourquoi? Anecdotes et Réflexions sur ce Sujet, données au Public par lui-même. A Londres. 1762. É um in-12.º de 124 pags.  Aproveitou para escrever a sua autobiografia, queixando-se por seu irmão ter cortado relações com ele e, claro, dizendo que a Inquisição não tinha razão nenhuma para o condenar como herege. Em todo o caso deveria antes ter-lhe tirado o hábito de Cavaleiro da Ordem de Cristo. Como diz o Prof. Gerald Moser, o texto é um “adeus para sempre à família e à pátria”.

O livrinho teve alguma repercussão. O Journal Encyclopédique, de 1 de Abril de 1762 (Tomo III, 1.ª parte), fez-lhe uma extensa recensão elogiosa (pags. 69-83), não assinada. No final, fala de uma tradução para inglês, que não é conhecida, nem existe na British Library.

Mais ou menos na mesma altura, foi publicada uma “Epître au Chevalier d’Oliveyra sur le dernier Acte de Foi de Lisbonne, par Mr. de ****, à Genève, MDCCLXII, na Bibliotèque des Sciences et des Beaux Arts pour les mois de Juillet, Août, Septembre,  MDCCLXIII, Tome vingtième, à La Haye, pags. 76-91.  O assunto principal é a morte do P.e Malagrida às mãos da Inquisição de Lisboa, mas o autor deveria ser amigo do Cavaleiro de Oliveira e dedica-lhe uma estrofe, que reproduzo a seguir. A redacção diz que o autor não é Voltaire mas não diz quem é. Nicholas Cronk, na Internet (artigo citado na Bibliogarfia), diz que o autor foi o huguenote Matthew ou Matthieu Maty, que nessa altura se encontrava em Londres.

 

O vous de la triste figure

Preux Chevalier d’Oliveyra

A Lisbonne votre peinture

Vient d’expier par la brûlure,

Le grand scandale que causa

La peu catholique brochure

Que votre plume composa.

Le froc poudré de poix résine,

Le front orné du caroucha.

 

Por volta de 1762, Xavier de Oliveira deixou a jardinagem e mudou-se de Kentish Town para Knightsbridge. Devia ter uma vida tranquila na companhia da esposa, “uma senhora simples, discreta e delicada”, diz ele.

Publicou ainda “Reflexões de Félix Vieyra Corvina de Arcos, Cristão Velho Ulissiponense: Sobre a Tentativa Teológica, composta pelo Reverendo e douto Padre António Pereyra, da Congregação do Oratório de Lisboa. Qui potest capere capiat. St. Math. C. XIX V. 12.” Londres. Na Oficina de Jacob Lister. MDCCLXVII. Um 12-12.º de 95 pags.

Em 1775, mudou mais uma vez de residência para Hackney, talvez para ficar mais perto do seu protector, o Rev. Majendie. Faleceram os dois no mesmo ano, em 1783, Oliveira no dia 18 de Outubro. A viúva ficou a viver no mesmo local até à morte.

Em 1784. no número de 1784 (Volume LIV), 1.ª parte, da revista The Gentleman’s Magazine and Historical Chronicle (pags. 338-341), foi publicado um atencioso obituário sem indicação do autor, que, dizem, poderá ter sido o judeu David Alves Rebelo.

 

O HOMEM

 

Francisco Xavier de Oliveira tem algumas contradições como pessoa.  É um tipo simpático, mas, por vezes, desonesto. Talvez por necessidade, tem de dar os seus golpes para se governar. A conversão à fé anglicana não foi senão uma maneira de conseguir o pão de cada dia.

Não era trabalhador, mas esfalfou-se a escrever toda a vida. A sua produção literária, valha ela o que valer, é extremamente vasta.

No que respeita às mulheres, alguns autores têm querido fazer dele um Don Juan, ideia que ele mesmo sugeriu:  “O meu talhe ou a minha estatura é pouco mais que medíocre. A cabeça uns dizem que é boa, outros que é má. O certo é ser curiosa, quando não seja por outro principio, pelo ornato de cabelos brancos como a neve, misturados com outros negros, da cor mesma do azeviche. Os olhos são doces e inquietos. Já foram garridos e maganos, porém trinta e cinco maios, que têm visto, lhes abateram essas qualidades, as quais se eram boas, vão-se cansando. Uma de vossas amigas vos dirá que sou um galante moço. O certo é que para amar três ou quatro formosas ao mesmo tempo, ninguém o faz mais fielmente do que eu.”

Se foi um Don Juan, foi-o à dimensão portuguesa, dos pequenitos, tal como o País. Já o dizia José María de Cossío em 1925: “Parece que en Portugal luce hoy la luz que más favorece la equívoca figura del Caballero de Oliveira. Simultáneamente, Joaquim de Carvalho, el maestro ilustre de Coimbra edita el  Discours pathétique y Aquilino Ribeiro, el novelista admirable, traduce con el nombre de Recreação periódica los Amusements y entre novela y novela teje la biografía novelesca del  aventurero libertino. Uno y otro pienso que le toman demasiado en serio. Sus libros no creo que sean nunca hitos o jalones en la historia intelectual de Portugal; sí serán amenísimos, deliciosos anecdotarios, plenos de humano interés,  documentos preciosos en la historia de ese mundo novelesco cuya pragmática constitucional nos ha contado Ortega y Gasset que reza: se permite la aventura.

Acho que vale a pena citar ainda outro autor espanhol, Miguel Pérez Corrales, indicado na Bibliografia: "Oliveira nunca volvió a Portugal. En Inglaterra, (...) se hizo anglicano y protestante (...). La Inquisición destruyó todas sus obras y lo quemó en forma de muñeco de lana el año 1761, a raíz de sus "Reflexões" sobre el terremoto. Él y Filinto fueron los que más la atacaron, hasta el fin y sin desmayos.

La crítica moderna parece no haberle perdonado todo esto al caballero de Oliveira. Así, su principal estudioso y editor, António Gonçalves Rodrigues, da muestras de un reaccionarismo que lo incapacita para dilucidar su obra". (Em Nota: "O protestante lusitano, Coimbra,1950; y la oscurantista edición de los Opúsculos contra o Santo-Ofício, Coimbra, 1942".

 

O LITERATO

 

Francisco Xavier de Oliveira nunca poderia ser um grande literato: afinal, sabia pouco português e foi-o esquecendo, não muito francês e quase nada de inglês. A sua linguagem é simples, ganhando vida com a ironia, que surge a cada passo.

Dizem os autores que as obras melhores são os Amusements (traduzidos em 1922 por Aquilino Ribeiro na Recreação Periódica em dois volumes) e as Cartas.

Concordo totalmente com a opinião de Aquilino Ribeiro: “O Cavaleiro de Oliveira é o que na ordenança latina se chama um escritor menor. À sua arte mareiam as taras da escola setecentista, acrescidas das corrupções e vícios que a longa permanência no estrangeiro e porventura o desuso do idioma haviam de fatalmente imprimir-lhe no estilo. Pelo carácter dos escritos, está porém entre os mais mimosos da sua plana. Foi fútil como os mais fúteis e borboleteou por todos os assuntos da história, da moral e da filosofia com o afã e entusiasmo dum enciclopedista. Era além disso um homem que tinha algumas ideias de seu, embora soubesse muito bem apossar-se das dos outros. Mas escrevia com solércia, graça ligeira, se não chiste, e poucos como ele souberam contar uma anedota e dosear as tintas duma galantaria. A historieta e o amor são aliás a sua vis. Sem rebusca, com uma espontaneidade que contrasta com a redundância então de moda, e de que peca uma vez por outra, sabe encontrar o efeito hílare ou faceto, como em matéria de mulheres gorjeia, trina, deslumbra qual avena de sátiro nos bosques. Só quando versa temas religiosos é que a sua pena perdeu esta elástica e sorridente flexibilidade. Aí é directo, cheio de ardor, cheio de fel, golpeando sem ritmo sem cortesia. Em síntese: foi um irregular, foi um leviano, foi o seu século” (final do Prefácio das Cartas Familiares).

  

OBRAS

 

Em Português:

 

Memórias das Viagens de Francisco Xavier de Oliveira, Amsterdão, 1741

Cartas familiares, históricas, políticas e críticas, 3 vols. Amsterdão, 1741.

Carta ao Sr. Isaac de Sousa Brito, 1741 – desaparecida

Viagem à ilha do Amor: escrita a Philandro – é plágio de "Le voyage et la conqueste de l'Isle d'amour, le passe-partout des coeurs", par l'Abbé Paul Tallemant . 1675

Reflexões de Félix Vieyra Corvina de Arcos, Cristão Velho Ulissiponense: Sobre a Tentativa Teológica, composta pelo Reverendo e douto Padre António Pereyra, da Congregação do Oratório de Lisboa. Qui potest capere capiat. St. Math. C. XIX V. 12.” Londres, 1767

Online: http://purl.pt/13852

 

Em Francês:

Mémoires de Portugal avec la Bibliothèque Lusitane – 2 vols.

Online : http://www.archive.org

 

Mémoires historiques, politiques, et littéraires concernant le Portugal, et toutes ses dépendances; avec la Bibliothèque des Ecrivains et des Historiens de ces Etats: par M. le Chevalier d’Oliveyra, Gentil-Homme portugais, La Haye, 1743, 2 volumes

Online : http://www.archive.org

 

Mille et une observations sur divers sujets de Morale, de Politique, d’Histoire et de Critique, Tome I, Amsterdam, 1741

 

Réponse à la lettre de Mr. C.D.M.M., Amsterdam, 1741 – Desaparecida

 

Œuvres mêlées, sous le litre d’Amusement Périodique – 3 volumes, Londres, 1751

 

Discours pathétique au sujet des calamités présentes arrivées en Portugal, Londres, 1756

Online : http://books.google.com/

 

Suite du Discours Pathétique: ou Réponse aux objéctions et aux Murmures que cet Ecrit s’est attiré à Lisbonne. Londres, 1757

Online : http://books.google.com/

 

Le Chevalier d’Oliveyra brulé en effigie comme hérétique. Comment et Pourquoi? Anecdotes et Réflexions sur ce Sujet, données au Public par lui-même. A Londres. 1762

 

 

MANUSCRITOS

 

Cartas bibliographicas do Cavalleiro de Oliveira dirigidas a David Clement. Escriptas de Kentish Town. 1758

 

Tratado do Princípio, Progresso, Duraçam, e Ruína do Reinado do Anti-Christo. Offerecido à Naçam Portugueza. Por Francisco Xavier de Oliveira, Christam Velho e Protestante Lusitano, Londres, 1768.

 

 

 

TEXTOS CONSULTADOS

 

 

António Francisco Barata, Francisco Xavier de Oliveira, o Cavaleiro de Oliveira, in Archivo Historico Portuguez, vol. I, 1903, pags. 381-382

 

António Francisco Barata, O Cavalleiro de Oliveira e a Inquisição, in Archivo Historico Portuguez, vol. II, 1904, pags. 281-320..

 

António Gonçalves Rodrigues, O protestante lusitano : estudo biográfico e crítico sobre o Cavaleiro de Oliveira, Coimbra Editora, 1950

 

Aquilino Ribeiro, O Cavaleiro de Oliveira, Porto, Livraria Lelo, 1940

 

Francisco Xavier de Oliveira, O Galante Século XVIII, Selecção de Aquilino Ribeiro, 1937

Online: http://www.archive.org

 

Artur Portela, Cavaleiro de Oliveira, Aventureiro do Século XVIII,  INMC, Lisboa, 1982

 

Francisco Xavier de Oliveira, Opúsculos contra o Santo-Ofício, prefácio e selecção de  A. Gonçalves Rodrigues, Coimbra, Universidade, 1942

 

Fidelino de Figueiredo, Donjuanismo e anti-donjuanismo em Portugal, in O INSTITUTO, vol. 77, 1929, pags. 335-494, Coimbra, Imprensa da Universidade.

 

Gerald Moser, O cavaleiro de Oliveira na Inglaterra, trad. A. de Oliveira Cabral, Ed. Minerva, 1943, Sep. da Rev. da Faculdade de Letras de Lisboa n.º 9

 

António Augusto Gonçalves Rodrigues,  O Cavaleiro de Oliveira, o senhor Aquilino e eu, Coimbra, 1956.

 

Aquilino Ribeiro, Abóboras no Telhado, Liv. Bertrand, Lisboa, 1955

 

Cavaleiro de Oliveira, Cartas familiares, sel., pref. e notas de Aquilino Ribeiro. 3a ed. Lisboa : Liv. Sá da Costa, 1982.

 

Cavaleiro de Oliveira, Recreação periódica. Prefácio, tradução e notas de Aquilino Ribeiro, 2 vols. , Oficinas gráficas da Bib. Nacional, 1922

 

Francisco Xavier de Oliveira, Discurso Patético Sobre as Calamidades Presentes Sucedidas em Portugal – Seguimento do Discurso Patético, ou Resposta às Objecções e aos Murmúrios Que Esse Escrito Sobre Si Atraiu em Lisboa – O Cavaleiro de Oliveira Queimado em Efígie como Herético, trad., posfácio e notas de Jorge Pereirinha Pires, Antígona [editora], reed. das edições de 1756, 1757 e 1762, 248 págs., ISBN 978-972-8351-79-3

 

José María Cossío, El Caballero de Oliveira (Documentos para la biografía de D. Juan), in Revista de Occidente, 1925. Tomo VII -  pags. 359-366, ISSN : 0034-8635

 

António Augusto Gonçalves Rodrigues,  Uma obra desconhecida do Cavaleiro de Oliveira contra a Inquisição, in Biblos, n.º 52, 1976

 

Cartas do Abade António da Costa, Int. e notas de Fernando Lopes Graça, Cadernos da “Seara Nova”, Lisboa, 1946

 

Henrique Almeida,  Tradução ou adaptação? – a versão de Aquilino Ribeiro de autores clássicos, in Mathesis n.º 15, 2006, pags. 127-141

Online: http://repositorio.ucp.pt/bitstream/10400.14/9066/1/mathesis15_127.pdf

 

Nicholas Cronk, Cambridge companion to Voltaire, Introduction to Portuguese-language edition

Online: www.cambridge.org/us/download_file/161635/

 

Miguel Pérez Corrales, Pirene Dieciochesca, La literatura portuguesa del siglo XVIII y sus relaciones con la española, Argonauta, Tenerife, 2000.

 

 

 

DA BIBLIOTECA LUSITANA:

 

FRANCISCO XAVIER DE OLIVEIRA, natural de Lisboa filho de José de Oliveira e Souza Contador dos Contos do Reino, e Caza de quem se fará menção em seu lugar, e de D. Izabel da Sylva Neves. Sendo Cavaleiro Fidalgo da Casa real, e professo em a Ordem militar de Christo assistio por Secretario do Conde de Tarouca João Gomes da Silva Embaixador na Corte de Viana que fora Plenipotenciario na Paz celebrada em Utrech no anno de 1713. É muito versado na lição da Historia profana principalmente em a do nosso Reyno, e não menos intelligente da lingua Latina, Castelhana, Franceza. Assiste ao tempo prezente em Olanda onde tem publicado as seguintes obras felices partos do seu fecundo engenho.

 

                     Memorias das suas viagens   Tom. 1. Amsterdam. 1741  . 12.   sem nome de Impressor.

                     Mille, et une observations sur divers sujest de Morale, de Politique, d'Histoire, e de Critique 2. Tom. Amsterdam  . 1741  12.sem nome do impressor.

                 Memoires de Portugal avec la Bibliotheque Lusitane .  2. Tom.  Amsterdam  . 1741  . 12.   O 1. Tomo dedicado ao Serenissimo Senhor Infante D. Manoel e o 2. ao Conde da Ericeira D. Francisco Xavier de Menezes; e na Haya   1743  . 2.   Tom. 8.   com mudança no Titulo, e huma nova advertencia do Impressor.

                Cartas Familiares historicas, politicas, e Criticas: Discursos serios, e jocosos. Tom. 1.   Hayapor Adrião Moetjens   1741  . 12.  D Dedicado à Excellentissima Senhora Condessa do Vimioso.

                Tom. 2. Haya pelo dito Impressor  1742  . 12.  D Dedicado a Antonio Guedes Pereira Secretario de Estado.

                Tom. 3. Haya   1742  . 12.   Dedicado a Marco Antonio de Azevedo Coutinho Secretario de Estado.

                Reponse a la Letre de Mr. C. D. M. M.    Amsterdam chez Jacques Desbordes  . 1741  . 8.

                Carta ao Senhor Isaac de Souza, Brito com os Privilegios concedidos em  Napoles, e Sicilia à Nação Hebrea tradusidos do Original Italiano em Napoles no anno de 1740  . Haya   1741  . 4.

                Viagem à Ilha do Amor: escrita a Philandro . Haya 1744 . 8.   Dedicada a Diogo de Mendoça Cortereal.

 

  Obras promptas para impressão

 

                 Mille & une Reflexions.Tom. 3. 4. e 5.

                 Memoires de Portugal .  Tom. 3. e 4.

                 Memorias das viagens do Author  Tom 2. 3. 4. 5. 6. 7.

                 Cartas Familiares, e Historicas, Politicas, e Criticas. Discursos Serios, e jocosos .  Tom. 4. 5. 6. 7. 8. e 9.

                 Diversos Tratados sobre material muy diferentes de que se podem fazer  2. vol.de 8.

 

-   Obras em que presentemente trabalha o Author. 

 

                Reponse a plusieurs critiques, & faussetes repandues par les Autheurs Etrangers contre le Royaume de Portugal .  Tom. 1. 8. 

                Bibliotheque Lusitane, qui comprend tous les Autheurs Etrangers qui ont ecrit á l'ègard du Royaume de Portugal .  Tom. 1. e 2.8. 

                Dictionaire Portugais François & Latin .  Tom. 1. 4. 

                Dictionaire François, Portugais & Latin .  Tom. 2.4.

                Dictionaire du Pour, et Contre, qui contient le bien, et le mal qu' on a ècrit de toutes les parties, et de tous les Auteurs del Univers

Tom. 1. e 2. 4. 

                 'Plenipotenciario Perfeito, e Imperfeito .  Tratado offerecido aos Principes para direção da escolha que devem fazer dos Ministros Publicos, e de seus Secretarios.

                 Descripção da Cidade de Vienna de Austria, e Memorias Historicas, e Politicas da Corte Imperial no tempo de Cesar Carlos VI.  4. 6. Tom.M. S.