28-11-2008

 

A Lusitânia no tempo dos Romanos

 

 

O nome Lusitânia refere-se, segundo tudo indica, à região onde moravam os Lusos, povo antiquíssimo que terá vivido no centro de Portugal. Significa pois terra dos Lusos, embora alguns autores dissessem também Lisitânia. O sufixo “tania” significava numa língua pré-romana “terra de” um povo. Existiu, pois, uma região chamada Lusitânia, antes de os Romanos invadirem a Península. Discute-se onde ficaria situada, pensa-se que incluiria a actual Galiza, o Minho e Trás-os-Montes e viria até ao Tejo, mas são poucas as certezas.

Neste texto, consideraremos apenas a Lusitânia do tempo dos Romanos, que apareceram na Península Ibérica para a conquistarem em 193 a.C. e travaram depois duras batalhas com os autóctones durante séculos, só terminando a guerra em 25 a.C.

Muitos textos descrevem a província romana, entre os quais se destacam a Geografia de Ptolomeu em grego e a Naturalis Historia de Plínio-o-Velho, em latim.

A dominação romana deixou profundas marcas na Ibéria. Desde logo, a língua que deu origem às principais línguas da península: português, espanhol, galego e catalão. Junto com a língua, veio a arte da escrita, em que já eram mestres. Trouxeram também as primeiras indústrias, como os trabalhos dos ferreiros, as forjas, as pedreiras, as olarias, os teares e a salga do peixe. Extraíram minerais. Criaram feiras e mercados e desenvolveram aglomerações urbanas ao jeito de cidades. Construíram uma rede de estradas, por vezes calcetadas em pedra, as velhas estradas romanas que duraram séculos, edificando pontes que ainda hoje perduram – veja-se a ponte de Aquæ Flaviæ, isto é, Chaves.

A Lusitânia foi criada em 29 d.C. por decisão do Imperador Augusto, tendo certamente em conta os limites étnicos anteriores.

O domínio romano permaneceu até à invasão das tribos germânicas dos Suevos e dos Visigodos, no início do sec. V.

Por volta do final do sec. I ou meados do II, iniciou-se a evangelização da Ibéria, sem que se conheça bem como se passou. Mas no final da dominação romana, o Cristianismo dominava em toda a Península e já tinham sido nomeados os primeiros Bispos.

O domínio dos Suevos, Visigodos e depois dos Árabes não se impôs às populações em termos de civilização; perdurou a Religião Cristã e os elementos culturais que tinham assimilado dos Romanos.

Os romanos chamavam Conventus, pl., Conventi  às circunscrições em que se dividia uma Província. A Lusitânia, cuja capital era Emerita Augusta (hoje Mérida), foi dividida em três conventi: Conventus Emeritensis, Conventus Scallabitanus e Conventus Pacensis. É o que nos diz Plínio no livro IV:

 

 

A Durio Lusitania incipit. Turduli veteres, Paesuri, flumen Vagia, oppidum Talabrica, oppidum et flumen Aeminium, oppida Conimbriga, Collippo, Eburobrittium. excurrit deinde in altum vasto cornu promunturium, quod aliqui Artabrum appellavere, alii Magnum, multi Olisiponense ab oppido, terras, maria, caelum discriminans. illo finitur Hispaniae latus et a circuitu eius incipit frons.

……………………………………..

Universa provincia dividitur in conventus tres, Emeritensem, Pacensem, Scalabitanum, tota populorum XLV, in quibus coloniae sunt quinque, municipium civium Romanorum, Latii antiqui III, stipendiaria XXXVI. coloniae Augusta Emerita, Anae fluvio adposita, Metellinensis, Pacensis, Norbensis Caesarina cognomine; contributa sunt in eam Castra Servilia, Castra Caecilia. quinta est Scalabis quae Praesidium Iulium vocatur. municipium civium Romanorum Olisipo, Felicitas Iulia cognominatum. oppida veteris Latii Ebora, quod item Liberalitas Iulia, et Myrtilis ac Salacia, quae dixmu.

Stipendiariorum quos nominare non pigeat, praeter iam dictos in Baeticae cognominibus, Augustobrigenses, Aeminienses, Aranditani, Arabricenses, Balsenses, Caesarobrigenses, Caperenses, Caurienses, Colarni, Cibilitani, Cocnordienses, Elbocori, Interannienses, Lancienses, Mirobrigenses qui Celtici cognominantur, Medubrigenses qui Plumbari, Ocelenses, Turduli qui Bardili et Tapori.

 

A partir do Douro, começa a Lusitânia. Temos aqui os Turdulos antigos, os Pesures, a cidade de Talabriga, a cidade e o rio de Emínio, as cidades de Conímbriga, Colipo e Eburobritium. Há depois um promontório que avança pelo mar dentro com a forma de um grande corno; foi chamado por alguns Artabro, por outros, o Grande Promontório, ao passo que muitos o chamam Promontório de Lisboa, da cidade que lhe fica ao pé. Este cabo forma uma linha que divide a terra, o mar e o céu. Aqui acaba este lado de Espanha; e, dobrado este promontório, começa a frente de Espanha.

……………………………………..

Toda a província (da Lusitânia) divide-se em três circunscrições, as de Emerita, Pax e Scallabis. Contém ao todo 46 povoações, entre os quais 5 colónias, um município de cidadãos Romanos, 3 com os antigos direitos Latinos e 26 que são tributárias. As colónias são as de Augusta Emerita, situada junto do rio Anas (Guadiana), Metallinum, Pax e Norba, com o sobrenome de Cæsariana. A esta última estão subordinadas Casta Servilia e Casta Cæcilia. A quinta jurisdição é a de Scallabis que tem também o nome de Præsidium Julium. Olisipo, com o sobrenome de Felicitas Julia, e um Município, cujos habitantes têm os direitos de cidadãos Romanos. As cidades no gozo dos antigos direitos Latinos são Évora que também tem o nome de Felicitas Julia, Myrtili e Salacia, que já mencionámos anteriormente.

As cidades tributárias que não temos problemas em mencionar, a juntar àquelas a que já aludimos falando das de Bética, são os Augustobrigenses, os Amnienses, os Aranditanos, os Arabricenses, os Balsenses, os Cesarobricenses. os Caperenses, os Caurenses, os Colarni, os Concordienses, os Elbocorii, os Interanneinses, os Lancienses, os Mirobrigenses também chamados Celtas, os Medubrogenses também chamados Plumbarii, os Ocelenses ou Lancienses, os Turdulos também chamados Bardulos e os Tapori.

 

 

 

Um grupo de arqueólogos (entre os quais Jorge de Alarcão) reuniu-se num Seminário em Paris no Centre National de Recherche Scientifique em 8-9 de Dezembro de 1988 e procurou definir os limites da Lusitânia no tempo dos Romanos. Esses limites resultam também dos limites dos três conventi em que a Lusitânia se dividia. Eis as suas conclusões:

Como já foi referido, a Lusitânia ficava a sul do rio Douro, com excepção da terra do Banienses, que ficaria a norte, na zona que hoje é a raia de Espanha.

 

Conventus Emeritensis

Em Portugal:

Seria dividido por uma linha saindo logo a sul de Ammaia (S. Salvador de Aramenha – Marvão) que, caminhando para norte,  iria passar no final sudoeste da Serra da Estrela e continuaria em linha recta até ao rio Douro a oeste de Cárqueres (Resende), de modo a incluir a zona dos Paesuri.

 

Em Espanha:

Genericamente diremos, seguindo o referido texto,  que em Espanha a fronteira leste do Conventus Emeritensis partindo do Douro na actual fronteira portuguesa, seguia uma linha a leste das seguintes cidades (de norte para sul): Bletisa (Ledesma), Salmantica (Salamanca), Avela (Ávila) Cæsarobriga (Talavera de la Reina), Alea (Ália), Lacinimurga (Villa Vieja), Metellinum (Medellin) e entroncava na actual fronteira portuguesa a leste de Moura.

 

Conventus Pacensis

Ficava a sul do Conventus Scallabitanus, separado deste por uma linha a sul de Lisboa (na Serra da Arrábida), e ainda a sul de Scallabis (Santarém) e de Aritium Vetus (Alvega – Abrantes), entroncando a seguir no rio Tejo. Os seus limites a leste coincidiam com a actual fronteira portuguesa.

  

Conventus Scallabitanus – ficava na zona pegada ao mar, a norte do Conventus Pacensis e a oeste do Conventus Emeritensis.

 

Podemos dizer que o Conventus Pacensis tinha a leste praticamente a mesma fronteira que tem Portugal hoje com a Espanha. Já o Conventus Emeritensis tinha a leste uma proeminente barriga após a fronteira actual que incluía a própria capital da Lusitânia, a actual cidade de Mérida.

 

Os cabos ou promontórios em Portugal, importantes para a navegação, eram assim conhecidos:

Promontorium Cuneum - (Promontório em Cunha) – Cabo de Santa Maria

Sacrum promontorium – (Promontório Sagrado) - Cabo de S. Vicente

Barbarium promontorium – (Promontório Bárbaro) -  Cabo Espichel

Lunæ Montis promontorium – (Promontório do Monte da Lua) .  Cabo da Roca

O nome das Ilhas Berlengas era Londobris.

  

É sempre interessante estabelecer a relação entre as cidades e aldeias do tempo dos Romanos e as localidades actuais. Às vezes isso é fácil, porque existem ruínas e foram feitas escavações (o caso mais curial é Conimbriga, junto de Condeixa-a-Velha), mas outras vezes é bastante difícil porque os vestígios são diminutos. Consultando a bibliografia indicada, cheguei a estas correspondências, onde os nomes em itálicos indicam povos (e as regiões em que habitavam):

 

Conventus EMERITENSIS

 

PORTUGAL

 

Ammaia – S. Salvador de Aramenha  (Marvão)

Arabricenses

Aravi – Capital em Marialva (Meda), civitas Aravorum (J. Alarcão)

Banienses

Banienses

Bobadela

Carquere (Resende)

Coilarni

Egitânia – Idanha-a-Velha

Igæditani

Interamnienses

Lancia Oppidana  (Vetões)

Lancienses Oppidani

Lancienses Transcudani

Meidubrigenses

Ocellum    (Vetões)

Paesuri

Tapori

Verurium – Viseu

 

ESPANHA

 

Alea – Alia

Aquae - Alange

Augusta Emerita – Mérida

Augustobriga – Talavera la Vieja

Avela – Ávila

Bletisa – Ledesma

Cæsarobriga – Talavera de la Reina

Capera – Cáparra

Castra Caecilia –agregada a Cáceres

Castra Julia – agregada a Trujillo

Caurium – Cória

Cecilia Gemellina – S. Maria de Guadalupe

Concordia – Valera la Vieja

Contributa Julia – Medina de las Torres (arredores)

Curiga – Monesterio

Geræa - Guareña

Iulipa – Zalamea de la Serena

Lacinimurga - Villavieja

Lacipea – Villar de Rena, Santa Amalia

Metellinum - Medellin

Mirobriga – Cidade Rodrigo (?)

Municipium Iulium - Azuaga

Nertóbriga Concordia Julia – Calatorao, Fregenal de la Sierra

Norba Caesarina, Norba Caesarea ou Norba Caesarensis – Cáceres

Regina - Reina

Salmantica – Salamanca  

Seria Fama Julia – Jerez de los Caballeros

Turgalium - Trujillo

Turobriga – Aroche

Ugultunia – Medina de las Torres

Valentia - Valência

 

 

Conventus SCALLABITANUS

 

Aeminium – Coimbra

Aranda – Torres Vedras

Aritium Vetus – Alvega (Abrantes) (J. Alarcão)

Baedorus – Condeixa-a-Velha (diz-se)

Callipo – S. Sebastião do Freixo (Batalha) (J. Alarcão)

Conimbriga  ou Flavia Conimbriga- Conimbriga - Condeixa-a-Velha

Eburobrittium – Amoreira (Óbidos) (J. Alarcão)

Jerabriga - Alenquer

Lancobriga  ou Langobriga – Monte Redondo (Feira), capital dos Turduli Veteres (J. Alarcão)

Olisippo Felicitas Julia – Lisboa

Scallabis – Santarém

Sellium – Tomar (J. Alarcão)

Talabriga – Cabeço do Vouga (Águeda) (J. Alarcão)

  

Conventus PACENSIS

 

Abelterium – Alter do Chão

Arandis ou Aranni, capital dos Aranditani – região de Ourique (J. Alarcão)

Baesuris – Castro Marim (A. Valverde)

Balsa – Luz de Tavira

Caetobriga – Troia (André de Resende)

Cilpes ou Cibilis - Silves

Ebora – Liberalitas Julia – Évora

Equabona – Coina

Ipses – Vila Velha -  Alvor

Mirobriga – Santiago de Cacém (J.Alarcão)

Myrtillis - Mértola

Ossonoba – Estói, Faro

Pax Julia – Beja (alguns dizem Badajoz)

Salacia, Urbs Imperatoria – Alcácer do Sal

Turdulli qui Bardili – Turdulos chamados Bardilos – ignora-se a localização. Vale do Sorraia? (J. Alarcão)

 

Constata-se que na zona portuguesa do Conventus Emeritensis, poucas são as localidades identificadas da época Romana. É natural que assim seja, pois trata-se de zonas montanhosas, em geral de agricultura pobre, e que não poderiam ser florescentes naquela época. Sabemos, porém, o nome dos povos que ali habitavam, porque estão elencados na ponte de Alcântara sobre o rio Tejo, em Espanha, dedicada a Trajano, e construída em entre 104 e 106 d.C. por Caio Julio Lacer, arquitecto que acabou por falecer e ser sepultado em Alcântara. É uma ponte monumental digna de ser visitada. Aliás foi ela que deu o nome à localidade, pois Alcântara em árabe quer dizer “a ponte”. Aquela foi na altura a ponte por excelência. Ali se encontra ainda hoje uma placa com os dizeres:

 

 

MUNICIPIA

PROVINCIAE

LUSITANIAE STIPE

CONLATA QUAE OPUS

PONTIS PERFECERUNT

 

IGAEDITANI

LANCIENSES OPPIDANI

TALORES

INTERAMNIENSES

COLARNI

LANCIENSES TRANSCUDANI

ARAVI

MEIDUBRIGENSES

ARABRICENSES   

BANIENSES

PAESURES

 

ELIZABETH REGINA

TITULUM ET MEMORIAM RESTITUIT

 

 

 

Municípios da província da Lusitania que, com o dinheiro obtido por subscrição, completaram a obra desta ponte: Igaeditanos, Lancienses Opidanos, Toloros, Interamnienses, Colarnos, Lancienses Transcudanos, Aravos, Meidubrigenses, Arabrigenses, Banienses, Paesures. A Rainha Isabel recuperou a inscrição e a memória. (Tradução de Luís Miguel Oliveira de Barros Cardoso, em Para a história do humanismo renascentista em Portugal [Texto policopiado] Pedro Sanches e o sortilégio das musas, Tese mestr. Literatura Novilatina em Portugal, Univ. de Coimbra, 1996, 150 pags.)

  

A placa actual é do sec. XIX, aquando da restauração promovida pela Rainha Isabel II de Borbón em 1859. Deverá ter sido reposta a partir dos autores que transcreveram a antiga placa nos séculos XV e XVI.

Fê-lo o Português Francisco de Holanda na obra “Da Fábrica que falece à cidade de Lisboa”, escrita por volta de 1540, a partir das informações obtidas de Pedro Sanches, natural de Alcântara. Omitiu os Tapori, que, aliás, aparecem na literatura e na placa actual como Talori ou Talores (na placa figura também Arani em vez de Aravi). A sua versão da inscrição é a seguinte:

 

MUNICIPIA PROVINCIÆ

LUSITANIÆ STIPE CONLATA 

QUÆ OPUS PONTIS FECER.

 

ICEDITANI. LANCENS

ES. OPPIDANI INTER

ANIENSES. COLARNI

LANCIENSES TRANSCU

DANI.ARABI.

MEDUBRICENSES.

ARTABRICENSES.

BANIENSES.

PESURES.

 

Ambrosio de Morales, em 1570, na Cronica General de España (IV volume – livro IX, pags. 524), refere também a inscrição. Diz este autor que as placas de mármore com os nomes dos povos que contribuíram para a ponte seriam inicialmente quatro, mas que se teriam perdido três.  Do mesmo modo, referem a inscrição, Johannes Vasaeus, nos Chronici rerum memorabilium Hispaniae (pag. 63), publicada em 1552 e Duarte Nunes de Leão na Descrição do Reino de Portugal (Pag. 38 v.), mais ou menos da mesma época.

À identificação e localização dos povos indicados na ponte, se têm dedicado muitos dos nossos arqueólogos, com conclusões nem sempre coincidentes. Na realidade, a identificação mais evidente e de que ninguém tem dúvidas é a dos Igæditani, povo que, como o nome indica, habitava a região de Idanha-a-Velha. Embora não apareça o nome da localidade como Igeditânia, sabe-se que o nome passou para Egitânia no tempo do cristianismo (em que foi sede do Bispado transferida para a Guarda em 1199) e para Idanha, mais tarde; foi destruída em 713, na invasão árabe.

Faço aqui um parêntese, para dar a minha opinião sobre a evolução do nome. Aceitando embora a passagem de Igeditânia para Egitânia, parece-me que esta não deve ser a origem do nome Idanha. Está averiguada a existência de um deus local denominado Igedeu, que deu origem ao nome Igeditânia. Convertida a população ao Cristianismo, terá querido fazer desaparecer as referências pagãs do nome da terra, encurtando o nome para Itânia, depois Idanha por abrandamento do “t”.  É a minha hipótese.

A civitas Igæditanorum era uma localidade importante como o demonstram as perto de 300 epígrafes descobertas da época romana. Não repugna considerar que os Igæditani seriam o povo mais importante dos constantes da placa da ponte de Alcântara.

A invasão árabe em 713 (era de Cristo) e depois a reconquista por D. Alfonso III de Astúrias em 877, contribuíram para a sua decadência. Desde a ocupação árabe, não há mais notícias do Bispo de Idanha; a cidade foi depois marginalizada pela fundação de Idanha-a-Nova por volta de 1187.

Voltando aos povos que contribuíram para a ponte de Alcântara e que figuram na referida placa, os estudos mais recentes do Prof. Jorge de Alarcão levam às conclusões seguintes:

 

Igaeditani – Como o nome indica, viviam num perímetro em volta de Idanha-a-Velha; foi feita Município por Vespasiano em 73-74 d.C.

 

Lancienses Oppidani -  ficariam a nordeste do território dos Igeditanos, em Portugal, mas sobretudo em Espanha, em frente de Penha Garcia.

 

Tapori -  a sudoeste dos Igeditanos; a sua capital seria Castelo Branco ou ficaria num triângulo cujos vértices seriam a Senhora de Mércoles, S. Martinho e Santa Ana (J. Alarcão).

 

Interannienses ou Interamnienses – diz J. Alarcão que Viseu terá sido a capital deste povo que estaria situado nesta zona

 

Coilarni - seriam os habitantes da região de Lamego, como é provado pelo marco de Goujoim (Armamar).

 

Lancienses Transcudani - Ao contrário do que antigamente se pensava Cuda não se refere ao Rio Coa.  J. Alarcão propõe a localização da sua capital, o oppidum Ocelum, em Teixoso (Covilhã)  e identifica-os também com os Ocelenses (Plinio, IV, 118). Numa outra hipótese pressupõe que a Cova da Beira seria a região dos Lancienses Ocelenses ficando os Lancienses Transcudani na zona da Guarda e Sabugal.

 

A civitas dos Aravi ficava a norte dos Lancienses Transcudani e a sua capital era Marialva (Meda). Plínio não os menciona.

 

Junto ao Douro de leste para oeste:

 

Meidubrigenses – Ignora-se o sítio exacto onde ficava este povo. J. Alarcão sugere Meda ou Ranhados. De qualquer modo ficavam a norte dos Aravi e a sul do rio Douro.

 

Arabrigenses  - Um terminus augustalis descoberto em Goujoim (Armamar) assinala a separação entre ao Arabrigenses e os Coilarni. Um outro terminus está na Capela de São Pedro de Balsemão, ignorando-se se terá vindo daqui.  A sua capital ficaria entre Moimenta da Beira, Sernancelhe e Quintela (J. Alarcão).

 

Banienses – a zona deste povo ficaria a norte do Douro. A sua capital ficaria no sítio do Chão da Capela, perto de Junqueira, na freguesia de Adeganha, concelho de Torre de Moncorvo.

  

Paesuri  - Segundo J. Alarcão, Cárqueres (Resende) poderia ser a capital dos Paesuri. Ficariam junto do rio Douro, a oeste dos Coilarni.

 

 

LINKS

 

Wikipedia - Latin names

Wikipedia - Celtic places

Nomes Romanos de cidades europeias

Lista das publicações do IPA

Publicações do IPA disponíveis

 

Indices da revista do IPA

2004 - http://www.ipa.min-cultura.pt/pubs/RPA/v7n1/folder/00.pdf

http://www.ipa.min-cultura.pt/pubs/RPA/v7n2/folder/00.pdf .

2005 - http://www.ipa.min-cultura.pt/pubs/RPA/v8n1/folder/

http://www.ipa.min-cultura.pt/pubs/RPA/v8n2/folder/

2006 - http://www.ipa.min-cultura.pt/pubs/RPA/v9n1/folder/

http://www.ipa.min-cultura.pt/pubs/RPA/v9n1/folder/

2007 - http://www.ipa.min-cultura.pt/pubs/RPA/v10n1/folder/

 

Jorge de Alarcão

Notas de arqueologia, epigrafia e toponímia – I

Notas de arqueologia, epigrafia e toponímia – II

Notas de arqueologia, epigrafia e toponímia – III

Notas de arqueologia, epigrafia e toponímia – IV

Novas perspectivas sobre os Lusitanos (e outros mundos)

 

Luis Amela Valverde, Sobre Salacia y otras apreciaciones acerca de algunas cecas de la Hispania occidental

http://www.igespar.pt/media/uploads/revistaportuguesadearqueologia/7_2/14.pdf

 

Fernando Russell Cortez, Contributo para o estudo da hierologia pré-romana da Beira, in VIRIATIS - vol. I, nº I, ano de 1957 (6/12)

http://visoeu.blogspot.com/2005/03/viriatis-vol-i-n-i-ano-de-1957-612.html

 

M. del Rosario Pérez Centeno, Las ciudades hispanas en el siglo III d.C. Un ejemplo: Emérita Augusta

http://e-spacio.uned.es/fez/eserv.php?pid=bibliuned:ETFSerie2-8E2173FD-8D2B-5F4D-2438-97793EA48B18&dsID=Documento.pdf

 

 

TEXTOS CONSULTADOS

 

Jorge de Alarcão, Ainda sobre a localização dos municípios da inscrição da ponte de Alcântara, in Lusitanos e Romanos no Nordeste da Lusitânia, Actas das 2.ªs Jornadas de Património da Beira Interior, Câmara Municipal, Guarda, 2005, Centro de Estudos Ibéricos, 310 pags., ISBN 972-99435-2-4, pags. 119 -131.

 

André de Resende, As antiguidades da Lusitânia, introd., trad. e coment. de R. M. Rosado Fernandes, Lisboa, Fundação Calouste Gulbenkian, 1996, 660 pags.

 

La Geografia di Claudio Tolomeo Alessandrino, Nuovamente tradotta di Greco in Italiano, da Girolamo Ruscelli, Con Espositioni del medesimo, particolari di luogo, & universali sopra tutto il libro, et sopra tutta la Geografia, ò modo di far la descrittione di tutto il mondo. Et con nuove & belissime figure in istampe di rame, ove, oltre alle XXVI antiche di Tolomeo, se se son' aggiunte XXXVI altre delle moderne. Con la carta da navicare, & col modo d'intenderla, & d'adoperarla. Aggiuntovi un pieno discorso di M. Gioseppe Moleto Matematico. Venetia, appresso Vincenzo Valgrisi,1561

 

Mendes Correa, Os povos primitivos da Lusitânia, Porto, Figueirinhas, 1924., 390 pags.

 

Francisco d'Holanda, Da fábrica que falece à cidade de Lisboa,  introd., notas e coment. de José da Felicidade Alves, Livros Horizonte, 1984

 

Francisco de Hollanda, Da fabrica que fallece á cidade de Lisboa, Da sciencia do desenho, por Joaquim de Vasconcellos, Imprensa Portuguesa, 1879, Edição critica, segundo o autographo inedito de 1571.

 

José Leite de Vasconcelos (1858-1941), Religiões da Lusitânia, J. Leite de Vasconcelos, apres. José Manuel Garcia, INCM, 1988-1991, 4 vols.  1o v.: 22, XL, 440 p., desdobr. 2o v.: imp. 1989. - 16, XVIII, 372 p., desdobr. 3o v.: imp. 1989. - 12, XVIII, 636 p., desdobr. 4o v.: Religiões antigas de Portugal : aditamentos e observações às "Religiões da Lusitânia" de J. Leite de Vasconcelos : fontes epigráficas / José Manuel Garcia. - 681 p.

 

José Cristóvão, A aldeia histórica de Idanha-a-Velha: guia para uma visita, fot. Danilo Paolo Pavone, des. José Luís Madeira, Idanha-a-Velha, Câmara Municipal de Idanha-a-Nova,2002, 35 pags.

 

Vasco Gil Mantas, "Orarium Donavit Igaiditanis": epigrafia e funções urbanas numa capital regional lusitana, in Actas 1er. Congreso Peninsular de Historia Antigua : Santiago de Compostela, 1-5 julio 1986 / Gerardo Pereira Menaut (dir. congr.), Vol. 2, 1988, ISBN 84-7191-446-8 , pags. 415-439

 

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Mantas, Vasco Gil - As cidades marítimas da Lusitânia. In: Les villes de Lusitanie romaine. Hiérarchies et territoires. Talence, le 8-9 décembre 1988). Paris: Editions du CNRS, Paris, C.N.R.S., 1990, p. 149-205

 

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Tranoy, Alain - L'organisation urbaine dans le Conventus Scallabitanus. In: Les villes de Lusitanie romaine. Hiérarchies et territoires. Paris, C.N.R.S., 1990, p. 11-20

 

Encarnação, José de - Religião e cultura na epigrafia de Liberalitas Ivlia: subsídios para o seu estudo. In: Les villes de Lusitanie romaine. Hiérarchies et territoires. Paris, C.N.R.S., 1990, p. 233-253

 

VV.AA., 1990, Propositions pour un nouveau tracé des limites anciennes de la Lusitanie Romaine, in Les villes de Lusitanie romaine. Hiérarchies et territoires. Paris, C.N.R.S., 1990, p. 319-329

 

Jorge de Alarcão e Flávio Imperial, Sobre a localização dos Lancienses e Tapori, in Miscellanea em homenagem ao Professor Bairrão Oleiro, coord. M. Justino Maciel, Lisboa, Colibri, 1996, pags. 39-44, ISBN 972-8288-42-5

 

Por terras de Viriato: Arqueologia da Região de Viseu – Coord. João L. Inês Vaz, Luis Raposo, Viseu, Governo Civil, 2000, 233 pags., ISBN 972-776-055-4

 

João L. Inês Vaz, Roteiro Arqueológico do concelho de Viseu, Câmara Municipal de Viseu, 1987, 55 pag.

 

Carlos António Moutoso Batata, Idade do Ferro e romanização entre os rios Zêzere, Tejo e Ocreza

Online: http://www.igespar.pt/en/shop/asset/1818/

 

Ana Paula Ramos Ferreira, Epigrafia funerária romana da Beira Interior: inovação ou continuidade?

Online: www.igespar.pt/media/uploads/trabalhosdearqueologia/34/1.pdf

 

Ana Marques de Sá, Civitas Igaeditanorum: Os Deuses e os Homens, Município de Idanha-a-Nova, Julho de 2007, ISBN 978-972-8285-39-5

 

Fernando de Almeida (1903 - 1979), Egitânia: História e Arqueologia, Lisboa, Faculdade de Letras, 1956, 452 pags.

 

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