2-1-2001
INGEBORG BACHMANN
GEDICHTE:
Fall ab, Herz Fall ab, Herz vom Baum der Zeit, Fliegt noch die Locke taglang im Wind Drum sei hart, wenn der zarte Rücken der
Wolken Denn wenig gilt dem Landmann ein Halm in der Dürre, Und was bezeugt schon dein Herz?
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DESPRENDE-TE,
CORAÇÃO Desprende-te,
coração, da árvore do tempo, soltai-vos,
folhas, dos ramos esfriados, outrora
abraçados pelo sol, soltai-vos
como lágrimas de olhos largos de longes. Esvoaça
ainda a madeixa dias inteiros ao vento na
fronte tisnada do deus do campo, sob
a camisa aperta o punho já
a ferida aberta. Por
isso resiste, quando o dorso macio das núvens voltar
a curvar-se para ti, não
te iludas se o Himeto te encher de
novo os favos. De
pouco vale ao lavrador uma erva na seca, de
pouco um verão, face à nossa grande estirpe. E
que testemunha afinal o teu coração? Entre
ontem e amanhã balança, silencioso
e estranho, e
o seu bater é
já a sua queda para fora do tempo.
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Wie
Orpheus spiel ich
Vergiß nicht, daß auch du, plötzlich,
Die Saite des Schweigens
Und ich gehör dir nicht zu.
Aber wie Orpheus weiß ich
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DIZER
TREVAS Como
Orfeu, toco a
morte nas cordas da vida e
à beleza do mundo e
dos teus olhos que regem o céu só
sei dizer trevas. Não
te esqueças que também tu, subitamente, naquela
manhã, quando o teu leito estava
ainda húmido de orvalho e o cravo dormia
no teu coração, viste
o rio negro passar
por ti. Com
a corda do silêncio tensa
sobre a onda de sangue, dedilhei
o teu coração vibrante. A
tua madeixa transformou-se na
cabeleira de sombras da noite, os
flocos negros da escuridão nevavam
sobre o teu rosto. E
eu não te pertenço. Ambos
nos lamentamos agora. Mas,
como Orfeu, sei a
vida ao lado da morte, e
revejo-me no azul dos
teus olhos fechados para sempre.
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PARIS
Aufs
Rad der Nacht geflogen schlafen
die Verlorenen in
den donnernden Gängen unten doch
wo wird sind, ist Licht. Wir
haben die Arme voll Blumen, Mimosen
aus vielen Jahren; Goldnes
fällt von Brücke zu Brücke atemlos
in den Fluss. Kalt
ist das Licht, noch
kälter der Stein vor dem Tor, und
die Schalen der Brunnen sind
schon zur Hälfte geleert. Was
wird sein, wenn wir, vom Heimweh benommen
bis ans fliehende Haar, hier
bleiben and fragen: was wird sein, wenn
wir die Schönheit bestehen? Auf
den Wagen des Lichts gehoben, wachend
auch, sind wir verloren, auf
den Straßen der Genien oben, doch
wo wir nicht sind, ist Nacht.
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PARIS Entretecidos
na roda da noite os
vagabundos dormem lá
em baixo nas galerias trovejantes; mas
onde nós estamos é a luz. Temos
os braços carregados de flores, mimosas
de muitos anos; ouros
caem de ponte em ponte ofegantes
no rio. Fria
é a luz, mais
fria ainda a pedra frente ao portão, e
as taças das fontes já
estão meio vazias. Que
será quando, perturbados de
saudade até ao esvoaçar dos cabelos, aqui
ficarmos e perguntarmos: Que será quando
passarmos a prova da beleza? No
alto do carro da luz, vigilantes
também, estamos perdidos nas
alamedas dos génios, lá em cima, mas
onde nós não estamos é a noite.
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Die große Fracht des Sommers ist verladen,
Das Sonnenschiff im Hafen liegt bereit,
Wenn hinter dir die Möwe stürzt und schreit, |
A
GRANDE CARGA Foi
embarcada a grande carga do Verão, pronto
a zarpar, no cais, está o barco do sol, quando
a gaivota cai e te grita o sinal. Foi
embarcada a grande carga do Verão. Pronto
a zarpar, no cais, está o barco do sol, e
à proa, sobre os lábios das figuras, abre-se
o ominoso riso dos lemures. Pronto
a zarpar, no cais, está o barco do sol. Quando
a gaivota cai e te grita o sinal, então
vem do poente a ordem de afundar; mas
é de olhos na luz que te vais afogar, quando
a gaivota cai e te grita o sinal. |
NEBELLAND (1956) Im Winter ist meine Geliebte Im Winter ist meine Geliebte Im Winter ist meine Geliebte
Treulos ist meine Geliebte, Nebelland hab ich gesehen,
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PAÍS
DE NÉVOA No
Inverno a minha amante anda entre
os animais da floresta. Tenho
de regressar antes que amanheça, a
raposa sabe-o e ri. Como
as nuvens estremecem! E sobre a
minha gola de neve cai uma
camada de gelo quebradiço. No
Inverno a minha amante é uma
árvore entre árvores e convida as
gralhas deserdadas da sorte para
a sua bela ramagem. Sabe que
o vento, quando anoitece, lhe
levanta o vestido de noite inteiriçado, guarnecido
a geada, e me manda para casa. No
Inverno a minha amante anda entre
os peixes, calada. Obediente
às águas que o rasto das
suas barbatanas agita por dentro, fico
na margem a ver, até
que blocos de gelo me afastem, como
ela mergulha e volteia. E
de novo atingida pelo grito de caça do
pássaro que sobre mim estende
a asa, caio em
campo aberto: ela depena as
galinhas e lança-me um ossinho branco.
Prendo-o ao pescoço e afasto-me por
entre a amarga penugem. Minha
amante é infiel, eu
sei que ela às vezes desliza de
saltos altos até à cidade nos
bares beija os copos na
boca com a palhinha, e
tem palavras para todos. Mas
essa linguagem não a entendo eu. País
de névoa vi, Coração
de névoa comi.
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Für Nelly Sachs, die Freundin, die Dichterin, in Verehrung
Ihr Worte, auf, mir nach!, . Es hellt nicht auf.
Das Wort
Worte, mir nach,
Laßt eine Weile jetzt
Laßt, sag ich, laßt.
Ins höchste Ohr nicht,
Und nur nicht dies: ein Bild
Kein Sterbenswort,
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VÓS
PALAVRAS
Para Nelly Sachs, a amiga, poeta, com veneração Vós,
palavras, de pé, sigam-me! e
se já fomos longe, longe
de mais, ainda se vai mais
longe, para fim nenhum. Não
clareia. A
palavra só
irá arrastar
consigo outras palavras, a
frase frases. O
mundo bem queria definitivamente impôr-se, estar
já dito. Não
o digam. Palavras,
sigam-me! Para
que nada seja definitivo -
nem esta ânsia de palavras nem
o dito e o contradito! Por
um momento não deixem falar
nem um sentimento, que
seja outro o exercício do
músculo coração. Não
deixem, digo-vos, não deixem! E
ao mais alto ouvido nada,
digo-vos, pode ser sussurrado, que
nada te ocorra sobre a morte, deixa,
e segue-me e sem clemências nem
amarguras sem
compaixão não
sinalizando e
não desprovida de sinais - Uma
coisa é que não: a imagem na
teia do pó, cascalho oco de
sílabas, palavras de morte. Nem
uma palavra de morte, vós,
palavras!
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LIEDER
VON EINER INSEL
Schattenfrüchte
fallen von den Wänden, mondlicht
tüncht das Haus, und Asche erkalteter
Krater trägt der Meerwind herein. In
den Umarmungen schöner Knaben schlafen
die Küsten, dein
Fleisch besinnt sich auf meins, es
war mir schon zugetan, als
sich die Schiffe vom
Land lösten und Kreuze mit
unserer sterblichen Last Mastendienst
taten. Nun
sind die Richtstätten leer, sie
suchen und finden uns nicht. Wenn
du auferstehst, wenn
ich aufersteh, ist
kein Stein vor dem Tor, liegt
kein Boot auf dem Meer. Morgen
rollen die Fässer sonntäglichen
Wellen entgegen, wie
kommen auf gesalbten Sohlen
zum Strand, waschen die
Trauben und stampfen die
Ernte zu Wein, morgen
am Strand. Wenn
du auferstehst, wenn
ich aufersteh, hängt
der Henker am Tor, sinkt
der Hammer ins Meer. Einmal
muss das Fest ja kommen! Heiliger
Antonius, der du gelitten hast, heiliger
Leonhard, der du gelitten hast, heiliger
Vitus, der du gelitten hast. Platz
unsren Bitten, Platz den Betern, Platz
der Musik, und der Freude! Wir
haben Einfalt gelernt, wir
singen im Chor der Zikaden, wir
essen und trinken, die
mageren Katzen streichen
um unseren Tisch, bis
die Abendmesse beginnt, halt
ich dich an der Hand mit
den Augen, und
ein ruhiges mutiges Herz opfert
dir seine Wünsche. Honig
und Nüsse den Kindern, volle
Netze den Fischern, Fruchtbarkeit
gen Gärten, Mond
dem Vulkan, Mond dem Vulkan! Unsre
Funken setzten über die Grenzen, über
die Nacht schlugen Raketen ein
Rad, auf dunklen Flößen entfernt
sich die Prozession und räumt der
Vorwelt die Zeit ein, den
schleichenden Pflanze, dem
fiebernden Fisch, den
Orgien des Winds und der Lust des
Bergs, wo ein frommer Stern
sich verirrt, ihm auf die Brust schlägt
und zerstäubt. Jetzt
seid standhaft, törichte Heilige, sagt
dem Festland, dass die Krater nicht ruhn! Heiliger
Rochus, der du gelitten hast, o
der du gelitten hast, heiliger Franz. Wenn
einer fortgeht, muss er den Hut Es
ist Feuer unter der Erde, und
das Feuer ist rein. Es
ist Feuer unter der Erde und
flüssiger Stein. Es
ist ein Strom unter der Erde, der
strömt in uns ein. Es
ist Strom unter der Erde, der
sengt das Gebein. Es
kommt ein großes Feuer, es
kommt ein Strom über die Erde. Wir
werden Zeugen sein. |
CANÇÕES
DE UMA ILHA
Tombam
frutos de sombra das paredes, o
luar caia a casa, e o vento que
vem do mar traz cinzas de vulcões extintos. Dormem
as praias nos
abraços de belos rapazes, e
a tua carne pensa na minha, entregava-se-me
já quando
os navios se soltaram
de terra e cruzes com
o nosso fardo mortal subiram
ao mastro. Agora
os patíbulos estão vazios, eles
procuram e não nos encontram. Quando
tu ressuscitares, quando
eu ressuscitar, não
haverá pedras frente ao portão, não
haverá barcos no mar. Amanhã
rolam as pipas ao
encontro de ondas dominicais, nós
vamos de pés ungidos
para a praia, lavamos as
uvas e pisamos em
vinho a colheita, amanhã na praia. Quando
tu ressuscitares, quando
eu ressuscitar, pende
o carrasco do portão, afunda-se
o martelo no mar. Alguma
vez a festa há-de vir! Santo
António, tu que tanto sofreste, São
Leonardo, tu que tanto sofreste, São
Vito, tu que tanto sofreste! É
a hora das nossas preces, a hora dos que oram, hora
da música e da alegria! Aprendemos
a singeleza, cantamos
no coro das cigarras, comemos
e bebemos, os
gatos magros roçam-se
pela nossa mesa; até
à hora da missa das vésperas seguro-te
na mão com
os olhos, e
um coração tranquilo e ousado sacrifica-te
os seus desejos. Mel
e nozes para as crianças, redes
cheias para os pescadores, fertilidade
para os pomares, lua
para o vulcão, lua para o vulcão! As
nossas faíscas passaram as fronteiras, foguetes
formaram uma roda na
noite, em negras jangadas afasta-se
a procissão, e abre o
tempo ao mundo primitivo, aos
sáurios rastejantes, à
planta voraz, ao
peixe febril, às
orgias do vento e aos prazeres da
montanha onde uma estrela devota
se perde, lhe bate no
peito e se desfaz em pó. Agora
sede firmes, santos loucos, dizei
à terra firme que as crateras não descansam! São
Roque, tu que tanto sofreste, tu,
que tanto sofreste, S. Francisco! Quando
alguém parte, tem de deixar ao
mar o chapéu com as conchas apanhadas
ao longo do Verão, e
ir-se com o cabelo ao vento, tem
de lançar ao mar a
mesa que pôs para o seu amor, tem
de deitar ao mar o
resto de vinho que ficou no copo, tem
de dar o seu pão aos peixes e
misturar no mar uma gota de sangue, tem
de espetar bem a faca nas ondas e
afundar o sapato, coração,
âncora e cruz, e
ir-se com o cabelo ao vento! Depois,
regressará, Quando?
Não perguntes.
Há
fogo sob a terra, e
a chama é pura. Há
fogo sob a terra, e
é líquida a pedra dura. Há
uma corrente sob a terra que
entra em nós às golfadas. Há
uma corrente sob a terra, que
nos chamusca as ossadas. Virá
um grande fogo, virá
uma corrente sobre a terra. Nós
seremos testemunhas.
|
As traduções supra são de Judite Berkemeyer e de João Barrento e foram extraídas de Ingeborg Bachmann, O tempo aprazado, Gato Maltês n.º 28, Assírio & Alvim, Lisboa, 1992. |
Der Krieg wird nicht mehr
erklärt, Er wird verliehen,
Er
wird verliehen
|
Todos os Dias
prossegue-se. O inaudito tornou-se quotidiano. Os heróis ficam longe dos combates. Os fracos são transferidos para as zonas de fogo. A farda do dia é a paciência, a medalha a pobre estrela da esperança sobre o coração. |
Anrufung des großen Bären
Großer Bär, komm herab zottige Nacht,
Ein Zapfen: eure Welt.
Fürchtet euch oder fürchtet euch nicht!
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INVOCAÇÃO DA URSA MAIOR
Ursa Maior, desce noite hirsuta, animal de pêlo de nuvens e olhos antigos, olhos estelares; irrompem cintilantes da espessura as tuas patas e garras, garras de estrelas; atentos, vigiamos os rebanhos, e, ainda que fascinados por ti, evitamos os teus flancos cansados, os teus dentes aguçados meio descobertos, velha ursa.
Uma pinha: o vosso mundo. Vós: as suas escamas. Movo-o, faço-o rolar dos pinheiros do princípio aos pinheiros do fim: farejo-o, tenteio com o focinho e arrebato-o com as garras.
Que tenhais medo ou não: deitai o vosso óbulo na caixa tintilante e dai ao cego uma boa palavra, para que tenha a Ursa pela trela. E temperai bem os cordeiros.
Poderia acontecer que esta Ursa se escapasse e já não ameaçasse antes desse caça a todas as pinhas caídas dos pinheiros, grandes, aladas, despenhadas do Paraíso.
Tradução de José Lima Revista DiVersos nº 1 |
Ein Toter bin ich der wandelt
abgetan lange schon
Nur mit Wind mit Zeit und mit Klang
der ich unter Menschen nicht leben kann
Ich mit der deutschen Sprache
O wie sie sich verfinstert
In
hellere Zonen trägt dann sie den Toten hinauf |
EXÍLIO
Sou um morto que vagueia sem registo em lado algum desconhecido no reino dos Prefeitos supranumerário nas cidades de ouro e nos campos verdejantes
de há muito eliminado e sem nenhum abrigo
a não ser o vento o tempo o som
eu que entre os demais já não posso viver
Com a língua alemã esta nuvem que me envolve e que tenho por casa movo-me através de todas as línguas
Ah como ela se obscurece E só os sombrios sons da chuva apenas esses poucos gotejam
Em regiões mais luminosas levanta então o morto.
Tradução de José Lima Revista DiVersos nº 1 |
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Bibliothèques
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LE SOIR J’INTERROGE MA MÈRE
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15 December 2015
by Ingebborg Bachmann, translated by G. W. Ireland
Introduced by James Crews
The Austrian poet Ingeborg Bachmann (1926–1973) was born in Klagenfurt, close to the Yugoslavian and Italian borders. She often spoke about the traumatic effects of watching Nazi troops cross into the once-tranquil city of her youth: “The pain came too early and was perhaps stronger than anything since . . . the monstrous brutality, one could feel it, the yelling, singing and marching, an attack, the first, of deathly anxiety”. Bachmann first gained critical attention for her work when she gave a reading at a meeting of Gruppe 47, a writing organization gathered after the Second World War, whose members included Hans Werner Richter, Günter Grass and Paul Celan. After the publication of her first two collections of poetry, Die gestundete Zeit(1953), or Mortgaged Time, and Anrufung des großen bären (1956), or Invocation of the Great Bear, she became a literary celebrity, appearing on the cover of Der Spiegel and appointed Chair of Poetry at the University of Frankfurt. Soon she turned to prose, writing a novel, Malina (1971), and several collections of short stories. At the time of her sudden death (of burns incurred from a fire started while she was smoking in bed), she had been at work on two novels intended to be part of a trilogy entitled Todesarten, or Ways of Death, and which were published posthumously in 1979 asDer fall Franza and Requiem für Fanny Goldmann.
A concern with borders – between countries and languages, between life and death – dominates Bachmann’s work. In “Darkness Spoken” (also the title of a 2005 bilingual edition of her poems), she writes: “Like Orpheus, I play / death on the strings of life, / and to the beauty of the Earth / and your eyes, which govern heaven / I can only speak of darkness”. This impetus to examine, over and over, some version of her “deathly anxiety” is also seen in “Paris”, which memorializes those “lost” during the Second World War. Bachmann refuses, however, to claim the experience of grief only for herself in this poem. She chooses to use the collective voice of those left living. “Where we are, is light”, while the dead – “spun upon the wheel of night”, their lives taken only by chance – “sleep” nearby, reminding the residents of that “half empty” city of their constant presence. The central question of “Paris”, and the question that all survivors must ask in the wake of any tragedy, is this: “how will it be / if we stay here with beauty?” That is, how can the living still fill their arms with flowers and watch as “gold falls from bridge to bridge”, when so much terror has just swept through their city?
Paris
Spun upon the wheel of night
the lost are sleeping
in the echoing passage-ways below
yet where we are, is light.
Our arms are full of flowers,
mimosas culled from many years;
gold falls from bridge to bridge
breathless into the river.
The light is split in two,
and the stone is split in two before the gate,
and the basins of the fountains
are already half empty.
How will it be if overwhelmed
even to our reddened hair with homesickness
we stand fast here and ask: how will it be
if we stay here with beauty?
Raised up upon the chariot of light,
even wakeful we are lost
on the paths of the spirits above,
Yet where we are not, is night.
INGEBORG BACHMANN
Translated by G. W. Ireland (1961)
Rezension
Mit 30 den Anfang vom Ende
der Träume erleben?
Von Evelyn Schielke
31. Jan. 2002 Er
bietet Anlass für gute Vorsätze, für Lamentos oder gar für Krisen: der 30.
Geburtstag. Wenn man das dritte Lebensjahrzehnt erreicht, gleitet das Leben in
festen Bahnen. Die gesellschaftlichen Pflichten fordern zunehmend Tribut.
Langsam erkennt man, dass nicht mehr alles möglich ist. Auch in der Literatur
ist das dreißigste Jahr ein beliebter Topos für existentielle Konflikte und
Fragen nach dem Sinn des Lebens.
Auch Ingeborg Bachmann, die zu den bedeutendsten Autoren der Nachkriegszeit gehört, hat dieses Motiv aufgegriffen. 1961 veröffentlicht sie unter dem Titel „Das dreißigste Jahr“ ihre ersten Prosastücke - sieben Erzählungen, die um das Problem der Individualität kreisen.
> Auf der Flucht
>Die Figuren in Bachmanns Geschichten leiden alle auf verschiedene Weise an den gesellschaftlichen Regeln. Vehement versuchen sie, sich den allgemeinen Rollenerwartungen zu entziehen - sei es durch heftigen Protest oder trotzige Resignation.
>So weigert sich der Ich-Erzähler in der Geschichte „Das dreißigste Jahr“ lange, die bestehende Ordnung zu akzeptieren und eine klar definierte Rolle auszufüllen. Doch kurz vor seinem dreißigsten Geburtstag spürt er in sich einen Wandel. Eine innere Macht zwingt ihn, sich zu erinnern und zwar „mit einem schmerzhaften Zwang an alle seine Jahre, flächige und tiefe, und an alle Orte, die er eingenommen hat in den Jahren“. Die eigene Vergangenheit konfrontiert ihn mit seinen Fehlern. Plötzlich will er herausfinden, „wer er war und wer er geworden ist“.
> Geplatzte Träume
>Auch in den anderen Geschichten träumen die Menschen davon, eine eigene Identität zu begründen und sich von allen Zwängen zu befreien. So sieht der Vater in „Alles“ das gesellschaftliche Leben als eine einzige „Falle“ an. Er möchte seinen Sohn vor der Sozialisation durch die Gesellschaft bewahren, die aus ihm wie in einer „Dressur“ ein konformes Wesen mache.
>In „Ein Schritt nach Gomorrha“ versucht Charlotte, dem Gefängnis ihrer Ehe zu entkommen. Sie flüchtet sich in eine lesbische Liaison und hofft so, der männlich geprägten Welt eine weibliche Alternative gegenüber zu stellen.
> Keine neue Welt
>Doch der Wunsch, der gesellschaftlichen Realität eine neue Wirklichkeit entgegenzustellen, scheitert. Es findet sich keine „Insel, von der aus ein neuer Mensch eine neue Welt begründen kann“, wie es in „Alles“ heißt. Auch der Erzähler in „Das dreißigste Jahr“ stellt sich am Ende seiner Verantwortung. Bachmanns Fazit ist eindeutig: Ein völliger Austritt aus der bestehenden Ordnung ist nicht möglich.
>Trotzdem bejaht sie den Versuch, das gesellschaftliche System in Frage zu stellen. Die Spielregeln zu durchschauen, wertet sie als einen wertvollen Lernprozess, um der Konformität zu widerstehen. Bachmann bekennt: "Im Widerspiel des Unmöglichen mit dem Möglichen erweitern wir unsere Möglichkeiten. Daß wir es erzeugen, dieses Spannungsverhältnis, an dem wir wachsen, darauf, meine ich, kommt es an.“
> Vieldimensionale Lesarten
>Als Bachmann Ende der 50er Jahre die Erzählungen für “Das dreißigste Jahr“ verfasste, hatte sie die restaurative Gesellschaft der Nachkriegszeit vor Augen. Die Existenz- und Sinnkrisen, von denen sie erzählt, beschreiben treffend das Lebensgefühl vieler Menschen der damaligen Zeit.
>Doch auch 40 Jahre später besitzen Bachmanns Erzählungen immer noch eine verstörende Kraft. Sie lassen sich historisch lesen und zugleich individuell auf die eigene Lebenssituation übertragen. Auf dieser Vielschichtigkeit beruht die emotionale Wirksamkeit ihrer Prosa - bis heute.
Ingeborg
Bachmann: Das dreißigste Jahr, Erzählungen, 191 S., Taschenbuch, Piper Verlag,
München 1997, EUR 7,90 / DM 15,45
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